O Facebook surgiu com a ideia de manter os amigos em contato e ser, de fato, uma “rede” em que fosse possível encontrar pessoas e assuntos pertinentes ao seu universo. Objetivo atingido com sucesso, a evolução foi começar a ganhar dinheiro com publicidade e tornar-se a maior rede social do planeta. Mas tudo isso tem um preço. O rápido crescimento do Facebook obrigou a rede de Mark Zuckerberg a proteger seus usuários de mensagens ofensivas e garantir que ela não seria mais um meio de divulgação pornográfica.
Com uma política de uso considerada por muitos como rígida demais, o Facebook bloqueia perfis e exclui conteúdos polêmicos através de “robôs”, que vasculham a rede
atrás de infrações à política do site – como cenas de nudez, por exemplo – e também através de informações dos próprios usuários que denunciam conteúdo ofensivo. Em algumas situações, como o caso dos bloqueios dos perfis de mães amamentando e de fotos de pacientes que passaram por mastectomia, o Facebook voltou atrás em sua decisão após intensa repercussão negativa em “respeito ao direito das pessoas em compartilhar conteúdo com importância pessoal”.
Agora, uma nova atividade no Facebook promete aquecer ainda mais a discussão sobre “conteúdo ofensivo” nas redes sociais. Trata-se da forte onda de pornografia e cenas violentas que tem tomado conta das timelines dos usuários. Alguns casos chegam a chocar, como o vídeo com pornografia infantil que teve mais de 16 mil compartilhamentos e 4 mil curtidas em março deste ano.
É claro que a pornografia no Facebook tem acontecido quase desde que a rede existe, com picos de alerta em 2011, especialmente. Porém, ainda assim, acontecia de maneira discreta. O que temos presenciado recentemente, entretanto, é uma maciça oferta de garotas de programa, trocas de casais, divulgação de festas para suingue e pedofilia. E nada é de maneira anônima: basta um amigo curtir um perfil ou post desta natureza para toda a sua rede de amigos ficar sabendo. Alguns desses amigos também curtirão e outros se sentirão ofendidos.
A questão é não apenas quem se ofende com este tipo de conteúdo, mas, principalmente o assédio que usuários a partir de 13 anos (idade mínima permitida no Facebook) pode sofrer, a princípio de maneira passiva, e depois, por estímulo. Não bastassem as “ofertas” com apelo sexual, a rede tem veiculado intensamente fotos de violência e imagens de pedaços de corpos, etc.
De que maneira essas publicações tem se livrado das varreduras tecnológicas do Facebook, que bloqueia qualquer conteúdo suspeito de violar seus termos de uso, é um mistério. Se no passado recente a justificativa era de que a pornografia divulgada seria um ataque cibernético para invadir computadores, a coisa hoje parece muito mais com comércio sexual.
O desafio de Mark Zuckerberg de eliminar a pornografia da sua rede pode não ser definitivo nem eterno, mas há que ser urgente e agressivo. Caso contrário, o Facebook cederá seu poderio a novas redes cujo foco é manter os amigos em contato. Só isso.
* Jornalista e fundadora da YellowA, agência especializada em mídias sociais.