A Prefeitura e a empreiteira Rone Engenharia, Projetos, Construção e Comércio Ltda. estimam para o final de julho a conclusão da ponte do Marapé.
A obra entrou na antepenúltima fase de construção na manhã de segunda-feira, 26. Na data, a empresa iniciou a etapa da instalação das vigas e pré-lajes. As peças estão sendo içadas com a ajuda de um “superguindaste”.
O equipamento, locado pela construtora junto a uma empresa de São Paulo, tem capacidade para carregar cem toneladas e uma “lança” que atinge até 70 metros. Ele foi trazido à cidade para a conclusão da etapa mais delicada da obra.
A ponte, que ruiu em março de 2016 por causa de chuvas, começou a ser reconstruída em junho do mesmo ano. A obra parou em outubro, sendo retomada pela administração da prefeita Maria José Vieira de Camargo no dia 10 de março deste ano, pela segunda colocada na licitação.
O processo realizado pela Prefeitura havia sido vencido pela CVT Construtora, Incorporadora e Serviços Gerais. A empreiteira, no entanto, não conseguiu cumprir o cronograma, tendo realizado apenas 15% da construção.
Em janeiro, a nova administração pediu para a empresa desistir da obra. “Ela (a empreiteira) falava que queria terminar, mas, pelo histórico que tínhamos levantado, vimos que não tinha capacidade técnica e nem condições financeiras para tanto”, afirmou o vice-prefeito Luiz Paulo Ribeiro da Silva.
O vice-prefeito acompanhou o início do içamento das 12 vigas na manhã de segunda-feira. Cada uma, pesando entre 12 e 15 toneladas, dará sustentação às lajes – que serão instaladas na etapa seguinte – onde ficará o “piso da ponte”.
A prefeita não pôde comparecer ao local por conta de compromisso em São Paulo. Ela viajou à capital para assinatura de um convênio.
“Esta é mais uma etapa da construção da obra pela qual nós estamos, finalmente, dando uma resposta para a população do trabalho da nossa administração”, declarou Luiz Paulo.
Para retomar a construção, o vice-prefeito explicou que a Prefeitura precisou superar uma série de barreiras. Além de convencer a empresa anterior a desistir, teve de realizar sondagem junto à segunda colocada no certame.
“Fizemos um levantamento para verificar se ela teria condições de dar andamento à construção”, informou o vice-prefeito. O passo seguinte foi credenciar a empreiteira junto ao governo do Estado para que ela pudesse receber recurso, por meio de convênio, e a contrapartida da Prefeitura.
“Isto tudo levou, praticamente, o período entre o final de fevereiro e o começo de março, quando conseguimos dar início à construção”, explicou Luiz Paulo.
Segundo ele, mesmo com os entraves, o Executivo conseguiu retomar a obra. Também está cumprindo com a previsão de conclui-la em 120 dias (quatro meses). “Ela está para ficar pronta. Podemos dizer, na gíria popular, que botamos para quebrar. E agora, se Deus quiser, estamos perto de entrega-la”, comentou.
Primeira grande obra de infraestrutura da administração da prefeita, a ponte deve beneficiar não somente uma única região da cidade, mas o município como um todo. Luiz Paulo informou que tanto o acesso da população daquela região como de quem entra no município ficará facilitado.
Uma vez inaugurada e liberada para tráfego, a ponte deve permitir que a Prefeitura recupere trechos que ficaram deteriorados por conta do desvio de veículos pesados.
Como não contam com a ponte, condutores de ônibus e caminhões que precisam entrar ou sair da cidade – na direção das rodovias Antonio Romano Schincariol (SP-127), Gladys Bernardes Minhoto (SP-129) e Presidente Castello Branco (SP-280) – adotam caminhos alternativos.
Um deles é a rua 11 de Agosto, que permite ligações com Itapetininga, Cesário Lange, Cerquilho, Boituva e São Paulo. O fluxo direcionado para a via, conforme Luiz Paulo, acabou contribuindo para a piora das condições de circulação.
“Quando o trânsito voltar para esta região (Marapé), vai ficar mais fácil para a Prefeitura realizar as obras de recuperação e dar manutenção, porque estaremos sempre olhando atentamente para as vias de circulação”, argumentou.
A ponte prestes a ser inaugurada pertence à chamada “classe 40” (que denota a capacidade em toneladas). Ela deve ser suficiente, na avaliação do engenheiro Paulo Wesley de Camargo Soares, para receber todo o fluxo previsto.
“Ela foi dimensionada para um tráfego normal. Tem capacidade de carga bastante grande, possibilitando uso de ônibus, caminhões. Além disso, vai suportar a demanda de fluxo, por ter sido projetada para tal”, descreveu o profissional.
A concepção do projeto não ficou a cargo da empreiteira atual. Conforme o engenheiro, as empreiteiras, normalmente, só executam as propostas. No caso em específico, a Rone precisou estudar o desenho para que pudesse realizá-lo.
“Logicamente, quando assumimos uma obra já iniciada por terceiros, temos de fazer todo um estudo, uma readequação. Alguns pontos precisam ser revistos, porque existe toda uma logística para concluirmos um projeto que não iniciamos”, citou.
No final de julho, a empresa deve concluir 85% da obra. Quando assumiu, em março, a ponte estava “bem no início”. A construtora precisou instalar uma laje, na base da ponte, para evitar que a água de chuva viesse a solapá-la.
Soares explicou que essa etapa foi a que demandou mais tempo da equipe. De acordo com ele, os profissionais tiveram que superar problemas técnicos, ocasionados, principalmente, por conta das chuvas que caíram nos meses anteriores.
A laje é considerada uma proteção para que não haja infiltração na fundação. Em seguida, a empresa dividiu as tarefas, criando “várias frentes de serviço”. Uma delas ficou responsável pelo levantamento dos pilares e a outra, pela continuação da construção dos tubulões (fundações profundas de concreto).
Depois, a equipe precisou levantar a cortina dos muros-alas e, em paralelo, montou dois canteiros de obras. Um para a construção das vigas em pré-moldados e outro para as pré-lajes. Os dois materiais devem ser colocados até esta quarta, 28.
“Este é o resumo de um processo extremamente complicado. Nós tivemos que resolver problemas que não aparecem no projeto, mas que, ‘in loco’, precisam ser sanados. Fizemos várias adaptações para darmos continuidade”, relatou.
A partir das vigas e com a instalação das pré-lajes, a construtora vai começar a etapa de acerto do tabuleiro. Em seguida, a equipe vai “passar as ferragens” para começar a concretagem definitiva. O tabuleiro é a parte onde os carros vão passar. “Já é o piso da ponte, que estará pronto”, citou o engenheiro.
Quando concluída, a nova ponte terá 21 metros de largura por 11,50 metros de comprimento. A obra é considerada, pelo profissional, como de “alta complexidade”, uma vez que contempla cálculos de precisão e itens que visam à durabilidade e a segurança dos usuários.
“Está sendo contemplado aqui o que há de mais moderno na engenharia”, vaticinou o engenheiro responsável.
As vigas pré-moldadas foram fabricadas em trecho da rua Professora Maria Aparecida Santi, interditado desde o início do ano. Feitas de concreto armado (massa com armação de ferro no interior), as “traves” precisaram ser transportadas por uma carreta até o início da avenida Vice-Prefeito Pompeo Reali.
A operação exigiu o posicionamento do veículo na cabeceira da ponte. De lá, as vigas começaram a ser suspensas pelo guincho até serem instaladas pela equipe.
O início da etapa exigiu intervenções da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Elektro, Vivo e empresas que prestam serviços de internet por fibra ótica. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil também estiveram no local para orientar os trabalhos quanto à segurança.
Até a conclusão do içamento das vigas, o trânsito continua interditado. O DMMU (Departamento Municipal de Mobilidade Urbana) manterá agentes no local nos próximos dois dias, com apoio da Guarda Civil Municipal.
“Tudo precisa ser calculado com antecedência, porque não é só o peso. O problema é que, ao lançar, existe uma força que tende a tombar o guincho”, argumentou Soares.
O engenheiro explicou que o caminhão precisa ter uma capacidade de carga grande. Engenheiros e técnicos da empresa contratada para cessão do veículo especial dimensionaram o peso também dos contrapesos de fixação do guindaste. Mesmo assim, Soares afirmou que o içamento é sempre uma operação de risco.
Nova etapa
A penúltima etapa da obra – última a cargo da empreiteira – será a concretagem do tabuleiro. As demais serão de responsabilidade da Prefeitura e consistem no projeto de revitalização do entorno da ponte e de paisagismo.
Por contrato, o compromisso da empreiteira termina no dia 10 de julho. Entretanto, Soares antecipou que a construtora deve permanecer na obra até o fim de julho. O engenheiro afirmou que o prazo foi estendido por conta das chuvas.
Para a obra, a empresa mobilizou um “efetivo diversificado”. O número de funcionários variou conforme as etapas de construção, ficando entre 12 e 20 trabalhadores.
“Não trabalhamos 24 horas porque, inclusive, a legislação não permite. Mas, nossa equipe trabalhou, algumas vezes, fora do horário de serviço, sendo evidentemente ressarcida pela colaboração”, argumentou o engenheiro.