A Polícia Federal promoveu, na terça-feira, 12, a operação denominada “Cochabambas”, para prender um falso médico que atuava ilegalmente em municípios paulistas, incluindo Tatuí.
De acordo com a PF, durante a operação, agentes cumpriram sete mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao falso médico e um mandado de prisão preventiva contra ele, apesar de o acusado já estar preso desde junho deste ano.
O principal objetivo das ações desencadeadas, segundo a PF, foi a apuração de outros envolvidos nos crimes, bem como a coleta de elementos relacionados aos ilícitos. O falso médico foi preso pela Polícia Civil em Rolim de Moura (RO), contudo, o novo mandado de prisão teve expedição em âmbito federal.
Conforme denúncias, identificando-se como Liszt Jonney Silva dos Santos, o homem (que não teve o nome verdadeiro divulgado pela PF) chegou a atuar em Tatuí por quase um ano e meio como reumatologista. Ele ainda é acusado de ter atuado de forma ilegal, como médico, em Itapeva, Itapirapuã Paulista e Itararé.
As investigações foram iniciadas em 2018, no âmbito de inquérito policial instaurado para apuração dos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso, associação criminosa, exercício ilegal da medicina e estelionato contra a administração pública.
Segundo elementos apurados, o investigado, utilizando-se de documentos verdadeiros de um médico, conseguiu obter uma inscrição secundária no Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), constituir empresa e, por vários anos, prestar serviços para prefeituras do interior de São Paulo.
Ainda segundo a PF, durante os anos em que atuou no exercício ilegal da profissão, o homem recebeu, contraprestação de, ao menos, R$ 8 milhões.
Os cumprimentos dos mandados foram realizados em Santa Luzia D’Oeste (RO), Rolim Moura (RO) e Ji-Paraná (RO). Segundo denúncias, o registro usado pelo criminoso pertence a um médico do estado de Rondônia.
O nome da operação faz alusão à cidade da Bolívia onde o falso médico teria feito parte de um curso de medicina. Porém, ele não conseguiu aprovação no “Revalida”, no Brasil, para atuar legalmente em território nacional.
Em nota, a prefeitura de Tatuí informou que “Liszt Jonney Silva dos Santos trabalhou como clínico geral no período de fevereiro de 2017 a maio de 2018, no Pronto-Socorro ‘Erasmo Peixoto’, por meio de contrato com a Santa Casa de Misericórdia – que na época ainda não estava sob intervenção”.
No texto, o órgão municipal afirma que o acusado nunca trabalhou no Samu (Serviço Móvel de Urgência) e nem nos postos de saúde. A prefeitura ainda garante que não houve registro de diagnósticos errados durante o período de atendimento do acusado.
Ainda conforme a prefeitura, na época da contratação junto à Santa Casa, “Santos” apresentou toda a documentação necessária, inclusive, uma certidão do CRM (Conselho Regional de Medicina), que atestava que ele era médico.
“O então secretário da Saúde de Tatuí, Jerônimo Fernando Simão, foi quem fez as denúncias contra o suposto médico, na Polícia Federal, em Sorocaba, na Polícia Civil de Tatuí e no Cremesp, após ouvir denúncias em redes sociais”, afirma a nota.
A prefeitura salienta que tanto o órgão municipal quanto a Santa Casa “sempre adotaram os procedimentos legais para a contratação de médicos, tais como: documentos pessoais, diplomas de formação e consulta ao CRM/Cremesp”.