Neste dezembro próximo, o jornal O Progresso estaria completando 25 anos de realização do Concurso Artístico e Literário de Natal – ao longo do tempo, em seus 98 anos de existência, a maior iniciativa nas áreas de cultura e social já promovida pela empresa. No entanto, não mais. Pelo menos, até 2021, claro!
A razão, também de maneira evidente, é a pandemia causada pelo novo coronavírus, a qual, entre tantas desgraças e rupturas, acabou por praticamente paralisar as aulas em toda a rede de ensino nacional.
Embora existam cidades já em tentativas de retomada do ensino presencial – como Sorocaba, nesta semana -, ainda assim não haveria mais tempo hábil para a promoção do concurso, que implica em convite a todos os professores e demais dirigentes das unidades escolares, os quais orientam os estudantes a comporem os trabalhos em sala de aula, divididos entre desenhos e redações.
Sem essa participação ativa e fundamental dos professores, O Progreso concluiu que, mesmo com a possibilidade de inscrição dos trabalhos via online, o concurso perderia muito da própria razão de existir, que é a reflexão sobre o significado (maior) do Natal, instigada pelos mestres junto aos alunos e até entre eles mesmos.
Além, os professores de língua portuguesa e artes, para a feitura dos desenhos e redações, também atuam como orientadores, assim não apenas tendo oportunidade de “ensinar”, mas ainda contribuindo com o aprimoramento dos trabalhos – os quais, certamente não por outro motivo, têm demostrado franco progresso nos anos recentes.
Ou seja, embora os prêmios sejam reservados aos alunos, sem os professores, o concurso de arte e literatura perde a própria razão de ser.
Igualmente, inclusive, reconhecendo a mesma premissa, o outro grande concurso de literatura e arte para estudantes da Cidade Ternura, o “Paulo Setúbal”, promovido pela prefeitura, também não aconteceu em meio à semana de homenagens ao “imortal” tatuiano, em agosto.
O jornal O Progresso lamenta pela ausência dessa que seria a 26ª edição do certame, até pelo sucesso da iniciativa ao longo de tanto tempo.
Só para se ter ideia, em 2019, houve 1.745 inscrições, distribuídas entre 1.510 desenhos e 235 redações. Ao todo, 27 instituições de ensino participaram, por meio dos trabalhos dos alunos.
As escolas públicas e particulares tiveram a oportunidade de estimular os estudantes a trabalharem o tema “Tatuí no Natal”, nas duas modalidades.
Os vencedores em cada grupo de anos foram premiados em dinheiro, cujos valores estiveram divididos entre os primeiros colocados do 1º ao 9º ano nas duas categorias.
As entregas das premiações foram realizadas pelos próprios patrocinadores do concurso. Em 2019, o certame teve como parceiros: Colégio Objetivo (que premiou dois vencedores), Imobiliária Simões, Palácio do Sorvete, Sicredi, Personal Pharma, Maricota, Habib’s e Hotel Del Fiol.
Em 2019, a escolha das redações vencedoras esteve a cargo do jornalista Cristiano Mota e dos professores Leila Salum Menezes da Silva, Almira Porciúncula e Henrique Autran Dourado.
Por sua vez, os desenhos foram selecionados pelos publicitários Fábio Antunes dos Santos e Kleber Vieira (Binho Vieira) e pelos artistas plásticos Domingos Jacob Filho (Mingo Jacob), Jaime Pinheiro e Rafael Sangrador.
Como em quase todas as outras edições, contudo, também houve novidades nesse ano, iniciando-se pela inscrição de trabalhos dos estudantes da EJA (Educação de Jovens e Adultos), levando a organização a abrir oportunidade para mais um apoiador.
E foi então que a maior surpresa dos últimos anos ocorreu: a possibilidade de uma exposição pública dos desenhos e redações, a convite da agência Sicredi Nossa Terra de Tatuí.
No total, haviam sido somados 70 trabalhos dos alunos da EJA, todos na categoria desenho, encaminhados pela escola “João Florêncio”.
Levando-se em consideração que esses estudantes têm idades mais avançadas que as crianças correspondentes ao ensino fundamental, concluiu-se pela necessidade de um grupo próprio para eles.
Assim, na busca por contemplar esses participantes adultos com um vencedor em particular, foi convidado o Sicredi Nossa Terra de Tatuí.
Até então, seria mais um muito bem-vindo patrocinador a juntar-se aos demais. Contudo, identificando-se com a premissa social do concurso de Natal, o Sicredi convidou O Progresso a levar os trabalhos para dentro da agência.
Dessa forma, a 25ª edição do Concurso Artístico e Literário de Natal passou a ser a primeira iniciativa tatuiana a ocupar o Sicredi com uma exposição que tanto investiu na arte quanto na educação.
Fizeram parte da exposição os trabalhos finalistas, totalizando cerca de 70, selecionados a partir da EJA e de todos os anos do fundamental, do primeiro ao nono, em desenhos e redações. Os vencedores, por fim, foram publicados no suplemento de final de ano.
Dessa maneira, como tem repetido em todos estes anos, O Progresso levou a seus leitores não somente as tradicionais mensagens de Natal, mas, sim, um presente especial, literalmente, escrito e desenhado por crianças, ainda as mais sensibilizadas pelo “espírito do Natal”.
Sensibilidade, empatia, tolerância, “humanidade”… Virtudes marcantes desse tal espírito natalino, vastamente alardeado e tão pouco praticado neste triste momento de falta de saúde e sobra de oportunismos, de extremismos – que não têm nada a ver com os fulcrais princípios verdadeiramente cristãos.
Para não deixar de valorizar – senão de resgatar um pouco desse espírito -, apesar da ausência do certame em 2020, O Progresso fará uma retrospectiva desses 25 anos de concurso, com seus melhores trabalhos, assim buscando encerrar o ano, por meio da arte e da literatura, com um tanto mais de beleza, alegria e, principalmente, esperança.