Orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria sobre vacinação infantil (1)

Dr. Jorge Sidnei Rodrigues da Costa – Cremesp 34.708 *

O calendário vacinal da SBP é elaborado para crianças e adolescentes saudáveis. Para aqueles com imunodeficiências ou em situações epidemiológicas específicas, as recomendações podem sofrer alterações.

Quando a vacinação é iniciada fora da idade idealmente recomendada, os esquemas podem ser adaptados de acordo com a idade de início, respeitando-se os intervalos mínimos entre as doses.

Todas as vacinas podem ocasionar eventos adversos, em geral leves e transitórios, e que devem ser informados à família. A notificação de qualquer evento adverso é fundamental para a manutenção da segurança das vacinas licenciadas em nosso país.

Notas explicativas das vacinas

1. BCG – Tuberculose: deve ser aplicada em dose única. Uma segunda dose da vacina está recomendada quando, após seis meses da primeira dose, não se observa cicatriz no local da aplicação. Esta vacina é aplicada no berçário, nos dois primeiros dias de vida.

2. Hepatite B: a primeira dose da vacina hepatite B deve ser aplicada idealmente nas primeiras 12 horas de vida. A segunda dose está indicada com dois meses de idade e a terceira dose é realizada aos seis meses.

Desde 2012, no Programa Nacional de Imunizações (PNI), a vacina combinada DTP/Hib/HB (denominada pelo Ministério da Saúde de Penta) foi incorporada no calendário aos dois, quatro e seis meses de vida. Dessa forma, os lactentes que fazem uso desta vacina recebem quatro doses da vacina hepatite B.

Aqueles que forem vacinados em clínicas privadas podem manter o esquema de três doses, primeira ao nascimento (berçário) e segunda e terceira dose aos dois e seis meses de idade. Nestas duas doses, podem ser utilizadas vacinas combinadas acelulares – DTPa/IPV/Hib/HB (Hexa).

Crianças com peso de nascimento igual ou inferior a dois quilos ou idade gestacional < 33 semanas devem receber, obrigatoriamente, além da dose de vacina ao nascer, mais três doses da vacina (total de quatro doses: zero, dois, quatro e seis meses).

Crianças maiores de seis meses e adolescentes não vacinados devem receber três doses da vacina no esquema zero, um e seis meses. A vacina combinada hepatite A+B pode ser utilizada na primovacinação de crianças de um a 15 anos de idade, em duas doses com intervalo de seis meses. Acima de 16 anos o esquema deve ser com três doses (zero, um e seis meses).

Em circunstâncias excepcionais, em que não exista tempo suficiente para completar o esquema de vacinação padrão de zero, um e seis meses, pode ser utilizado um esquema de três doses, a 0, 7 e 21 dias (esquema acelerado). Nestes casos, uma quarta dose deverá ser feita 12 meses após a primeira, para garantir a indução de imunidade em longo prazo.

Recém-nascidos filhos de mães portadoras do vírus da hepatite B (HbsAg positivas) devem receber, além da vacina, a imunoglobulina específica para hepatite B (HBIG), na dose 0,5mL, até o sétimo dia de vida, preferencialmente logo ao nascer, no membro inferior contralateral da vacina.

3. DTP/DTPa – difteria, tétano e pertussis (tríplice bacteriana): a vacina DTPa (acelular), quando possível, deve substituir a DTP (células inteiras), pois tem eficácia similar e é menos reatogênica.

O esquema é de cinco doses, aos dois, quatro e seis meses, com reforço aos 15 meses. Um segundo reforço deve ser aplicado entre quatro e seis anos de idade.

4. dT/dTpa: adolescentes com esquema primário de DTP ou DTPa completo devem receber um reforço com dT ou dTpa, preferencialmente com a formulação tríplice acelular, aos 14 anos de idade (Refortrix).

Crianças com sete anos ou mais nunca imunizadas ou com histórico vacinal desconhecido devem receber três doses da vacina contendo o componente tetânico, sendo uma delas preferencialmente com a vacina tríplice acelular com intervalo de dois meses entre elas (zero, dois e quatro meses – intervalo mínimo de quatro semanas).

Gestantes devem receber, a cada gravidez, uma dose da vacina dTpa a partir da vigésima semana de gestação, com o objetivo de transferir anticorpos protetores contra a coqueluche para o recém-nascido. Aquelas que perderam a oportunidade de serem vacinadas durante a gestação deverão receber uma dose de dTpa no puerpério, o mais precocemente possível.

5. Hib – Haemophilus influenza do tipo B: a vacina penta do PNI é uma vacina combinada contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenza tipo B (conjugada). A vacina é recomendada em três doses, aos dois, quatro e seis meses de idade.

Quando utilizada pelo menos uma dose de vacina combinada com componente pertussis acelular (DTPa/Hib/IPV, DTPa/Hib, DTPa/Hib/ IPV, HB etc.), disponíveis em clínicas privadas, uma quarta dose da Hib deve ser aplicada aos 15 meses de vida. Essa quarta dose contribui para diminuir o risco de ressurgimento das doenças invasivas causadas pelo Hib em longo prazo.

6. VIP/VOP: as três primeiras doses, aos dois, quatro e seis meses, devem ser feitas obrigatoriamente com a vacina pólio inativada (VIP) – injetável. A recomendação para as doses subsequentes é que sejam feitas preferencialmente também com a vacina inativada (VIP)

Nesta fase de transição da vacina pólio oral atenuada (VOP) para a vacina pólio inativada (VIP), é aceitável o esquema atual recomendado pelo PNI, que oferece três doses iniciais de VIP (dois, quatro e seis meses de idade) seguidas de duas doses de VOP (15 meses e quatro anos de idade).

Desde 2016 a vacina VOP é bivalente, contendo os tipos 1 e 3 do poliovírus, podendo ser utilizada na rotina nas doses de reforço ou nas Campanhas Nacionais de Vacinação. Evitar VOP em todas as crianças imunocomprometidas e nos seus contatos domiciliares. Nestas circunstâncias, utilizar a VIP.


Nota do autor: Nas duas próximas edições continuaremos a abordar o tema vacinas.

E.T.: já recebemos na Clínica Sou Doutor Cevac a vacina contra a dengue, que estava em falta no Brasil há mais de seis meses.

Fontes: site da SBP: 1.www.sbp.org.br 2.site do CEVAC: www.soudoutorcevac.com.br; arquivos próprios do autor

* Médico com título de especialista em pediatria pela AMB (Associação Médica Brasileira) e SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), membro da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) e diretor clínico da Clínica de Vacinação “Sou Doutor Cevac Dr. Jorge Sidnei” e vacinador desde 1983. Clínica credenciada pela Secretaria do Estado da Saúde de SP e pela Visa municipal.