Novo coronavírus (1)

Dr. Jorge Sidnei Rodrigues da Costa – Cremesp – 34708 *

 O que é o novo coronavírus?

É um novo vírus que tem causado doença respiratória pelo agente coronavírus, com casos recentemente registrados na China. Importante saber que os coronavírus são uma grande família viral, conhecidos desde meados de 1960, que causam infecções respiratórias em seres humanos e animais.

Suspeita-se que o vírus surgiu na cidade de Wuhan, na China, pelo consumo de cobras contaminadas com o vírus. Na China, é comum o hábito de se alimentar de animais selvagens (cobras, morcegos…).

Geralmente, infecções por coronavírus causam doenças respiratórias leves a moderadas, semelhantes a um resfriado comum. Alguns coronavírus podem causar doenças graves, com impacto importante em termos de saúde pública, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), identificada em 2002, e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), identificada em 2012.

A atual grande preocupação de autoridades de saúde no mundo todo é o coronavírus, que já matou 17 pessoas e infectou pelo menos outras 500 em cinco países diferentes. E algo confirmado neste dia 23, pela CNN e a Scientific American, pode indicar que essa doença pode ser ainda mais perigosa do que se imagina: a de que um único paciente com o coronavírus conseguiu infectar 14 profissionais de saúde que tiveram contato com ele.

Como é transmitido?

As investigações sobre transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa – ou seja, a contaminação por contato – está ocorrendo. É importante observar que a disseminação de pessoa para pessoa pode ocorrer de forma continuada.

Alguns vírus são altamente contagiosos (como sarampo), enquanto outros são menos. Ainda não está claro com que facilidade o novo coronavírus se espalha de pessoa para pessoa.

Apesar disso, a transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal, com secreções contaminadas, como: gotículas de saliva; espirro; tosse; catarro; contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão; contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Os coronavírus apresentam uma transmissão menos intensa que o vírus da gripe e, portanto, o risco de maior circulação mundial é menor. O vírus pode ficar incubado por duas semanas, período em que os primeiros sintomas levam para aparecer desde a infecção.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico do novo coronavírus é feito com a coleta de materiais respiratórios com potencial de aerossolização (aspiração de vias aéreas ou indução de escarro). É necessária a coleta de duas amostras na suspeita do coronavírus.

As duas serão encaminhadas com urgência para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Uma das amostras será enviada ao Centro Nacional de Influenza (NIC) e outra, para análise de metagenômica.

Para confirmar a doença, é necessário realizar exames de biologia molecular que detecte o RNA viral. O diagnóstico do novo coronavírus é feito com a coleta de amostra, que está indicada sempre que ocorrer a identificação de caso suspeito.

Orienta-se a coleta de aspirado de nasofaringe (ANF), swabs combinado (nasal/oral) ou também amostra de secreção respiratória inferior (escarro, lavado traqueal ou lavado bronca alveolar).

Importante: os casos graves devem ser encaminhados a um hospital de referência para isolamento e tratamento. Os casos leves devem ser acompanhados pela Atenção Primária em Saúde (APS) e instituídas medidas de precaução domiciliar.

Como é o tratamento?

Não existe tratamento específico para infecções causadas por coronavírus humano. No caso do novo coronavírus, é indicado repouso e consumo de bastante água, além de algumas medidas adotadas para aliviar os sintomas, conforme cada caso, como, por exemplo, uso de medicamento para dor e febre (antitérmicos e analgésicos) e uso de umidificador no quarto ou tomar banho quente para auxiliar no alívio da dor de garanta e tosse.

Assim que os primeiros sintomas surgirem, é fundamental procurar ajuda médica imediata para confirmar diagnóstico e iniciar o tratamento.

Quais são os sintomas?

Os sinais e sintomas clínicos do novo coronavírus são principalmente respiratórios, semelhantes a um resfriado. Podem, também, causar infecção do trato respiratório inferior, como as pneumonias. Os principais sintomas são: febre, tosse e dificuldade para respirar.

 Como prevenir?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas, estão: evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas; realizar lavagem frequente das mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente; utilizar lenço descartável para higiene nasal; cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir; evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca; higienizar as mãos após tossir ou espirrar; não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas; manter os ambientes bem ventilados; evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas da doença; e evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.

Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção). Ainda não existe vacina para o coronavirus.

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias, como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deve ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Como são definidos os casos suspeitos?

Para ser considerado um caso suspeito do novo coronavírus, o paciente precisa possuir o critério clínico, que é febre acompanhada de sintomas respiratórios, além de atender a uma das duas situações: ter viajado nos últimos 14 dias antes do início dos sintomas para área de transmissão local (cidade de Wuhan); ou ter tido contato próximo com um caso suspeito ou confirmado.

Importante: os casos suspeitos devem ser mantidos em isolamento enquanto houver sinais e sintomas clínicos. Casos descartados laboratorialmente, independente dos sintomas, podem ser retirados do isolamento. A comunidade científica da China está estudando uma vacina contra o coronavirus.

Fontes: http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/novo-coronavirus; https://panoramafarmaceutico.com.br/2020/01/24

* Título de especialista em pediatria pela AMB (Associação Médica Brasileira) e SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e proprietário da Alergoclin Cevac de Tatuí.