Noma iniciará produção local em 2017





Cristiano Mota

Manu e Marcos Mitsuo Noma ratificam protocolo de intenções que prevê benefícios para instalação da empresa no município

 

As primeiras carretas produzidas em Tatuí pela Noma do Brasil Ltda. devem sair do pátio da unidade em construção no ano de 2017. Esta é a previsão do presidente da empresa, Marcos Mitsuo Noma, divulgada à reportagem de O Progresso ao final de coletiva de imprensa realizada no dia 26 de fevereiro.

Em entrevista, o executivo projetou que a construção da planta local será concluída no final de 2016. Noma também comentou sobre a decisão da empresa em manter o valor inicial de investimento, orçado, em 2011, em R$ 75 milhões. Enfatizou, ainda, que o número de empregos estimados deve crescer.

Durante a reunião do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social, do Programa de Incentivo ao Desenvolvimento Econômico e Social – Pró-Tatuí, e a coletiva, o presidente da empresa citou que a unidade vai empregar 250 funcionários. São 200 vagas a menos que a projeção feita em 2011.

Naquele ano, a companhia assinou protocolo de intenções e anunciou a compra de uma área. O terreno tem 314 mil metros quadrados e está localizado perto do fórum “Alberto dos Santos”, à margem da rodovia Antonio Romano Schincariol (SP-127), que liga Tatuí ao município de Itapetininga.

No projeto original, a Noma esperava investir R$ 75 milhões, o mesmo valor anunciado para este ano. Apesar da alta do dólar e reajustes de impostos, o presidente da empresa disse que o montante permaneceu igual porque os planos mudaram.

“Houve uma grande alteração. Antes, prevíamos R$ 75 milhões para a primeira e a segunda fase. Com todas as mudanças cambiais e de inflação, e o aperfeiçoamento do projeto, esse recurso será somente para a primeira etapa”, disse.

Para a segunda fase, o presidente disse que será preciso buscar novos fundos. A empresa paranaense prevê, ainda, uma terceira etapa para a planta de Tatuí.

Os investimentos futuros dependerão de novos financiamentos, como o obtido pela empresa no ano passado. A Noma pleiteava conseguir o dinheiro via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), mas precisou recorrer à CEF (Caixa Econômica Federal) para tirar os planos do papel.

O presidente justificou a alteração, dizendo que o primeiro banco não poderia liberar o financiamento em função de uma limitação. “Nós fomos até o BNDES via Desenvolve São Paulo. Tendo em vista o tamanho da obra, o Desenvolve não pôde viabilizar essa solicitação”, argumentou.

Como solução, a Noma buscou “outra fonte”. Assinou contrato com a CEF em outubro de 2014, concluindo a última etapa do projeto, que passou por duas administrações.

As negociações tiveram início na gestão do ex-prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo e seguiram na de José Manoel Correa Coelho, Manu. O prefeito participou da reunião do Pró-Tatuí e da coletiva.

Ele presidiu o encontro do conselho e assinou os termos de ratificação e repactuação do protocolo de intenções entre o município e a empresa paranaense.

Além do prefeito, assinaram o documento representantes da Noma e a secretária municipal de Fazenda, Finanças e Planejamento, Lilian Maria Grando de Camargo.

Na ocasião, Noma informou que as obras da planta foram iniciadas oficialmente no dia 2 de fevereiro. Elas envolverão 300 trabalhadores diretos e indiretos até a finalização. A produção inicial será de 20 carretas por dia.

Conforme a secretária da Fazenda, os eventos representaram a conclusão da fase de negociações entre a Prefeitura e a Noma. “Nós tivemos vários entraves nesses últimos anos, principalmente, mas, ao mesmo tempo, a satisfação de conseguir vários parceiros”, comentou.

Lilian citou como colaboradores a concessionária CCR SPVias e o deputado estadual Edson Gibironi. O parlamentar é citado pelo prefeito como um dos principais responsáveis pela articulação política para a obtenção de autorização junto ao DER (Departamento de Estradas de Rodagem).

O órgão precisava aprovar projeto de abertura de acesso (por meio de marginal de desaceleração) até a futura planta.

Manu também se referiu aos representantes da concessionária como “essenciais para a conquista” (o início da construção da planta da Noma na cidade).

Conforme ele, a SPVias possibilitou a vinda definitiva da empresa ao concordar com o deslocamento do SAU (serviço de atendimento ao usuário).

O prédio atual utilizado pela concessionária fica perto da entrada do terreno adquirido pela Noma. Ele deverá ser transferido pela empresa em conjunto com a Zoomlion, conforme acordo estabelecido entre os investidores e a SPVias.

Caminho longo

Da assinatura do protocolo de intenções até o início das obras, Noma afirmou que a empresa percorreu várias etapas. Ele enfatizou que o processo demorou, também, por conta da transição de governo entre Gonzaga e Manu.

A empresa confirmou intenção de vir ao município em 14 de dezembro de 2011. Em pouco mais de um mês, no dia 24 de janeiro de 2012, adquiriu o terreno.

“Foi um período muito curto, no qual as coisas se resolveram muito rapidamente. Quero deixar bem claro que, em todos os momentos, sempre fomos muito bem recebidos pela população. E nós fomos nos doando mais”, disse.

O conselho do Pró-Tatuí reuniu-se pela primeira vez com os empresários em 29 de fevereiro de 2012. Na ocasião, os investidores apresentaram os primeiros projetos e tiveram a admissão no programa de incentivos, criado em 2007.

Ainda em 2012, a empresa obteve a licença prévia de instalação. O processo teve início em 24 de janeiro e terminou em 6 de março daquele ano. “Esse é um procedimento que costuma demorar, mas, no nosso caso, foi rápido”, disse.

Em setembro de 2012, a empresa realizou a primeira limpeza do terreno e a terraplanagem. Noma explicou que os serviços foram necessário por conta do trabalho de sondagem – fundamental para verificação das condições ambientais.

O trabalho é necessário, também, para implantação de avenida de acesso. “Esse foi nosso maior entrave”, relatou o presidente da empresa.

De 4 de outubro de 2013 até 5 de agosto do ano passado, a empresa trabalhou para ter o projeto arquitetônico aprovado e obter o alvará que permitiu a construção.

“Esse tempo não é nenhum demérito, é o normal de implantação pelo tamanho da obra. Fizemos esse vai e volta até a Prefeitura poder emitir um alvará lícito e limpo, e, de fato, começarmos a obra”, disse Noma.

Em 13 de outubro de 2014, a empresa concluiu o projeto de prevenção de incêndio. No dia 2 de fevereiro, deu início às obras.

“Tivemos um atraso bastante representativo, mas, naturalmente, se não tivéssemos fechado todos os obstáculos, não poderíamos dar andamento a esse trabalho”, comentou.

O executivo afirmou que a empresa completou duas etapas até o início da construção. A primeira, na gestão de Gonzaga, e a segunda “e mais árdua”, na de Manu.

“É igual quando vamos casar: achar a moça bonita é uma fase; aí, se preparar para casar é outra. E dá um trabalho doido”, brincou o presidente.