‘Votação me obriga a continuar’, declara Gonzaga sobre eleições





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Gonzaga fez balanço das urnas e disse que se saiu vitorioso no dia 8

 

Advogado, contador e empresário, Luiz Gonzaga Vieira de Camargo (PSDB) foi o candidato local com mais chances de se tornar representante de Tatuí na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo). O ex-prefeito obteve 57.562 votos, sendo 30.135 deles somente no município.

Em Tatuí, Gonzaga atingiu 56,86% dos votos válidos. A votação é a mais expressiva registrada por todos os seis candidatos residentes no município e que concorriam a uma cadeira na Assembleia.

Ela fez do tucano o quinto suplente do partido – entre os 22 deputados eleitos pela legenda – e deve mantê-lo na política. Pelo menos é o que declarou o presidente do diretório local do PSDB em entrevista na manhã da segunda-feira, 6.

Na ocasião, Gonzaga fez um balanço do desempenho nas urnas. Disse que saiu vitorioso – em função da votação obtida – e afirmou que foi “torpedeado” pelos adversários.

“Tivemos uma abstenção muito grande na nossa cidade, mais de 20%. Mesmo assim, tivemos mais de 30 mil votos”, iniciou. No domingo, 17.798 eleitores deixaram de ir às urnas para votar. Tatuí tem 82.011 eleitores na comarca. Desses, 64.213 exerceram o direito ao voto.

O ex-prefeito destacou, ainda, o número de votos obtidos nos municípios em que fez campanha. Desde a homologação, Gonzaga percorreu 80 municípios que integram o sudoeste paulista, recebendo 27.427 votos nas demais cidades do Estado.

Gonzaga aproveitou para agradecer o povo de Tatuí pela votação. “A população entendeu a nossa luta. Entendeu o nosso objetivo e o que passávamos, que era a necessidade que Tatuí tinha de ter um deputado estadual, novamente, para trazer mais investimentos, mais progressos para a cidade”, disse.

Ele também criticou a atual administração municipal, alegando que foi “torpedeado de todas as maneiras” por adversários. O prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, apoiou publicamente Edson Giriboni (PV), como deputado estadual.

“Tivemos uma queda na votação, que não esperávamos na região, em razão desses ataques. Nas cidades onde isso não aconteceu, nós mantivemos os votos dentro da nossa previsão”, declarou. Ele calculava ter 50 mil votos fora de Tatuí.

Como ataques, o ex-prefeito elencou o pedido de indeferimento do registro de candidatura junto ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral), apresentado pelo também candidato a deputado estadual Auro de Jesus Soares Coelho, do PMDB.

Também incluiu, na lista, ações atribuídas à oposição, como panfletos e jornais distribuídos no município e região, com informações contestadas na Justiça.

Na tarde de sexta-feira, 3, o TRE determinou a apreensão de impressos que traziam notícias a respeito do ex-prefeito e que seriam jogados nas ruas na madrugada de sábado, 4, para domingo, 5 (reportagem nesta edição).

Gonzaga citou que o efeito negativo não ocorreu em cidades “mais ao fim do sudoeste paulista”. Em Paranapanema, por exemplo, ele obteve 1.503 votos (16,89% dos 8.900 votos válidos), figurando como o mais votado dessa cidade.

Em Coronel Macedo, município com 4.341 eleitores, o ex-prefeito de Tatuí recebeu 404 votos (13,23% dos válidos). Ele terminou as eleições à frente de Giriboni, candidato reeleito para a Assembleia Legislativa e que somou 154 votos.

“Tive uma votação muito boa em várias cidades. Basicamente, era o que esperávamos. Na nossa região, o ataque foi impiedoso, e nós tivemos uma queda”, declarou.

O ex-prefeito disse que o desempenho deve-se à contratação de cabos eleitorais e lideranças especificamente para distribuição de boletins e outros materiais de campanha eleitoral “caluniosos”. Conforme ele, a intenção era “confundir o eleitorado”, informando que ele não poderia concorrer.

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de Brasília aceitou o pedido de registro da candidatura de Gonzaga no dia 1º, a três dias das eleições gerais. “Apesar de toda a dificuldade, tivemos uma votação expressiva fora de Tatuí. Tivemos quase que a mesma votação obtida na cidade”, enfatizou.

As votações em Cesário Lange e Quadra são utilizadas por ele para demonstrar o desempenho fora de Tatuí. No primeiro município, Gonzaga registrou 1.233 votos, o equivalente a 16,33% dos válidos; no segundo, somou 470 (22,65%).

Nas duas cidades, o ex-prefeito aparece como o mais votado, à frente de candidatos da região, como Rita Passos, do PSD de Itu, com 767 votos em Cesário Lange, e Maria Lúcia Amary, do PSDB de Sorocaba, com 279 votos em Quadra.

“Apesar da boa votação, não tivemos aquela que já tínhamos obtido em eleições anteriores”, disse Gonzaga. Em 2002, última vez em que disputou – e ganhou – as eleições para deputado estadual, o ex-prefeito obteve 86.366 votos, sendo 31.997 votos no município e 54.369 em cidades do Estado.

Ainda em entrevista, o ex-prefeito disse que não há explicação para o fato de ele ter sido “bombardeado”. “Até agora, eu não entendi por que se investiu tanto dinheiro. Um gasto muito grande para tentar destruir uma candidatura”, afirmou.

“Em parte, atingiu-se o objetivo, mas acho que quem acabou perdendo foi a nossa região, que ficou sem representante na Assembleia Legislativa”, adicionou.

Enfatizando a participação de correligionários em sua candidatura, Gonzaga alegou que, apesar dos ataques, as lideranças que permaneceram com ele “não esmoreceram”. Afirmou que não ganhar “faz parte da vida pública” e que não se sentiu derrotado. “Eu sou o quinto suplente do PSDB”, ressaltou.

Mesmo não sendo suficiente para elegê-lo pelo PSDB, a votação obtida por Gonzaga poderia fazê-lo deputado estadual caso disputasse pelo PTB ou PMDB.

“Também estaria eleito com a votação se concorresse pelo PP ou PR”, frisou. “Até porque, dos 95 deputados do PSDB, eu fiquei em 93”, completou.

O ex-prefeito considerou o resultado nas urnas “uma vitória” e afirmou que “novas coisas podem acontecer”. Ele não antecipou, no entanto, quais novidades seriam. “O sonho não acabou, até porque, eu sou presidente do PSDB. Eu exerço, modéstia à parte, uma liderança na cidade”, disse.

Em Tatuí, a legenda faz oposição a Manu considerada por Gonzaga como “não destrutiva, mas construtiva”. Segundo o ex-prefeito, os vereadores que estão na base do partido “têm papel fiscalizador, dentro do processo democrático”.

“Quem ganha governa, e quem perde faz oposição. É assim em todo o mundo. Oposição não é ser inimigo, é ser adversário. É não compactuar, muitas vezes, com ideias e atitudes para que se aprimore o sistema”, argumentou.

‘Quadro interessante’

Em análise do resultado obtido pelos candidatos a deputado estadual e federal residentes em Tatuí, Gonzaga disse que é possível verificar um “quadro político interessante”.

De acordo com ele, a soma dos candidatos apoiados pela atual administração – que seriam cinco, nas contas do ex-prefeito – não atingiu 6.000 votos.

“Isso mostra que não há mais uma liderança no comando. Quem investiu uma verdadeira fortuna em campanha eleitoral e não conseguiu transferir votos é porque não tem mais liderança política”, declarou.

Gonzaga aplicou a mesma lógica a outros líderes políticos da cidade (ligados a determinados partidos ou que atuaram em campanhas pedindo votos para outros candidatos). Segundo ele, o número de votos transferidos foi “insignificante”. “Eu diria até que foi ridículo. Grupos dando 580, 120 votos”, disse.

Situação inversa ele atribuiu à votação obtida por Samuel Moreira, eleito deputado federal pelo PSDB. O candidato tornou-se o nono mais votado no Estado de São Paulo, obtendo 31,18% dos válidos de Tatuí, onde somou 16.222 votos.

“Fiquei muito feliz com o resultado dele. Tatuí deu ao Samuel a terceira melhor votação dele no Estado. A primeira foi em São Paulo, onde ele teve 27.566 votos. Depois, veio Registro, com 19.217 votos”, apontou o ex-prefeito.

Gonzaga também disse que fez questão de fazer “dobradinha” com Moreira e alfinetou candidatos concorrentes que não divulgaram “a chapa completa”.

O presidente do PSDB local afirmou, ainda, que se manteve atrelado ao partido. Destacou que continuou pedindo votos para Aécio Neves mesmo depois da queda registrada pelo tucano nas pesquisas pela corrida eleitoral à Presidência.

Aécio passou do segundo para o terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto para o primeiro turno das eleições presidenciais após a morte do então candidato Eduardo Campos. Nesse momento, chegou a ser ultrapassado por Marina Silva, que estava em evidência.

O candidato tucano passou para o segundo turno juntamente com Dilma Rousseff, do PT, tendo recebido 32.784 votos no município, o equivalente a 57,39% dos válidos locais. A presidente obteve 8.717 votos (15,26%) em Tatuí.

Gonzaga também citou os números de votação obtidos por José Serra, eleito para o Senado, e afirmou que fez tudo o que estava dentro de suas possibilidades. Ele enfatizou que não entregou “um único papel contra a lei” e que não recebeu “uma única advertência sequer da Justiça Eleitoral”. “Trabalhamos dentro da ética, levando propostas de trabalho para a população”, disse.

O ex-prefeito ainda afirmou que ficou emocionado pelo apoio recebido da população. No dia da votação, Gonzaga passeou pelo município acompanhado pela esposa, Maria José Vieira de Camargo.

“Tatuí tenha certeza de que nós vamos continuar da mesma maneira, trabalhando com honestidade, lutando para melhorar a vida das pessoas dentro das nossas possibilidades”, disse, antecipando que continuará na vida pública.

Por fim, sustentou que os votos recebidos o obrigam a “continuar na vida pública”. “Esta votação me obriga a lutar ainda mais pelo desenvolvimento da nossa cidade. E eu vou continuar nessa toada”, concluiu.