Da reportagem
Tatuí e outros 24 municípios da RMS (Região Metropolitana de Sorocaba) assinaram parceria com o CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), buscando a inclusão dos estudantes deficientes em atividades esportivas.
A assinatura do termo de cooperação ocorreu na quinta-feira da semana passada, 24 de junho, em reunião no auditório municipal “Alcides Rossi”, na Praça dos Três Poderes, em Itapetininga – município que já tinha assinado o convênio com o CPB em abril.
De acordo com a assessoria de comunicação da prefeitura, a iniciativa prevê a capacitação de professores da rede municipal de ensino, particularmente de educação física, para ampliar a inclusão dos estudantes nas atividades esportivas.
Tatuí foi representada na solenidade pelo secretário do Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, Cassiano Sinisgalli. Também esteve presente a prefeita de Itapetininga Simone Marquetto, o presidente do comitê, Mizael Conrado, e representantes dos outros 24 municípios.
Na solenidade, o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro apontou a inclusão como o “coração da entidade”, acrescentando que o esporte de alto rendimento é apenas uma das finalidades do órgão.
Como exemplo, Conrado contou um pouco da história dele. O presidente nasceu cego, realizou quatro cirurgias ainda bebê, por nascer com catarata congênita, e passou a enxergar. Aos nove anos, devido a um deslocamento de retina, novamente foi perdendo a visão, até ficar cego aos 13 anos.
Quando informado sobre a perda da visão, a esperança de se tornar jogador de futebol tinha acabado, conta. “O que é uma criança sem sonhos?”, perguntou para a plateia.
Em 1986, Conrado foi matriculado em uma escola de cegos e “ouviu um barulho”. Eram crianças jogando futebol, mas com deficiência visual. “Entrei na escola e fui jogar futebol. Com a oportunidade, o sonho retornou”, acrescentou.
Ele foi eleito o melhor jogador do mundo de futebol em 1998 e fez parte dos dois primeiros títulos paralímpicos do Brasil, em Atenas-2004 e Pequim-2008.
Conrado explicou que o Brasil possui uma das legislações mais modernas das Américas sobre o tema da pessoa com deficiência. “Porém, temos que colocar todas as normas e leis na prática e nas vidas das pessoas”, enfatizou.
“Mais importante que a reabilitação física é a reabilitação emocional. A atividade esportiva tem a capacidade de transformar a vida das pessoas”, completou.
Todos os cursos são organizados pela Academia Paralímpica Brasileira (APB), lançada em 2010 pelo CPB. A APB tem como finalidade a formação, capacitação e atualização de profissionais para atuar nas diversas áreas do esporte paralímpico, como gestão esportiva, comunicação e marketing, classificação funcional, arbitragem, treinamentos e outras áreas de interesse.
Há ainda um setor da APB responsável pela coordenação, elaboração e execução dos programas e projetos na área de ciência e tecnologia.
A previsão, conforme o presidente, é capacitar no Brasil cem mil professores para o esporte paralímpico até 2025. Atualmente, já estão habilitados 30 mil. Todos os cursos vinculados à instituição são de graça.
Conrado elogiou a presença de secretários de diversas pastas. Além do presidente, estiveram presentes, representando o comitê, o vice-presidente, Yohansson Nascimento, o superintendente de administração, Nelson Costa, o coordenador do programa de educação paralímpica, Davi Farias Costa, e o assessor especial de comunicação, Daniel Brito.