Presidente do Clube Renascer teme pelo futuro da entidade

Clube da Terceira corre risco de ficar sem sede, afirma o presidente (foto: Altair Vieira de Camargo)

A Associação Renascer Tatuiense, conhecida como Clube Renascer da Terceira Idade, está com as finanças em dia, mas pode acabar sem sede, conforme afirmou o presidente da entidade, Adilson Pacheco. A O Progresso, ele lembrou que o espaço que abriga o clube não é de propriedade da entidade e, com isso, teme uma ordem de despejo.

De acordo com Pacheco, a unidade foi construída em um terreno da prefeitura, contudo, na década de 80, o município doou o espaço ao governo federal para que fossem realizadas atividades da LBA (Legião Brasileira de Assistência) – extinta em 1995.

A LBA iria oferecer cursos de capacitação e ações beneficentes, porém, Pacheco informou que isso não aconteceu e que o terreno, portanto, continuou a ser usado pela entidade, em uma espécie de comodato que segue até a atualidade.

“Quando doaram as terras, não fizeram nenhuma cláusula que revertesse o espaço para o clube, caso houvesse algum problema. Então, mesmo depois que a LBA foi extinta, ficamos no prédio, como se ele fosse emprestado”, contou.

Segundo Pacheco, o que preocupa os associados é um ofício, recebido em dezembro do ano passado, no qual o governo federal pede informações sobre as ações da entidade e quais as benfeitorias realizadas no terreno.

“O governo federal quer saber tudo que temos na sede. Conclusão: se alguma repartição federal daqui de Tatuí estiver em um espaço alugado, a união vai querer o terreno que abriga a Terceira Idade para sair do aluguel”, ressaltou.

Para Pacheco, houve negligência das diretorias anteriores. Ele aponta que “os outros diretores não se preocuparam em fazer um memorando ou um questionário para ver se conseguiria reverter a situação”.

“Por enquanto, só recebemos um questionário, porque o governo federal quer saber o que tem ali, mas a gente sabe que o terreno não é da entidade e pode ser que eles (o governo) queiram usar o espaço”, salientou.

Após receber o ofício, Pacheco procurou a prefeitura em busca de auxílio. O presidente ressaltou que foi “muito bem atendido pelo secretário jurídico municipal, Renato Pereira de Camargo, que está cuidando da situação”.

“Respondi a todos os questionamentos do ofício e o (secretário) Renato está nos orientando, enviando todos os documentos. Ele está se empenhando para fazer as coisas corretas, mas nós não sabemos qual a intenção do governo”, salientou.

O Clube da Terceira Idade tem mais de 30 anos de fundação e, atualmente, conta com 500 associados acima dos 45 anos. O funcionamento é de domingo a domingo, na avenida Senador Laurindo Minhoto, na vila Dr. Laurindo.

No espaço, os idosos têm curso de corte e costura, aulas de dança, atividades esportivas e o tradicional baile, toda sexta-feira. As atividades são realizadas de segunda a sábado.

“Vou lutar para que o governo passe o terreno para o clube, ou pelo menos para o município, porque, se pedirem o espaço, nós não temos o que fazer. Vamos ficar na rua. Se fechar as portas, as pessoas não terão onde fazer estas atividades”, reforçou.

Conforme o presidente, o Renascer é o único clube de serviços que atende ao público da terceira idade “que ainda se mantém de pé” e cujas atividades oferecidas “são muito importantes para o bem-estar e qualidade de vida dos idosos”.

“Lá, eles têm onde jogar baralho, bocha, fazer encontros, bailes. Isso é muito bom, eles se sentem valorizados, úteis, entram em disputas regionais de diversos esportes e estão sempre trabalhando com a mente, o que faz com que permaneçam ativos”, salientou.

Pacheco frisou, ainda, que o número de associados “não para de crescer”. Ele assumiu a presidência em outubro de 2018 e, desde então, 63 novos sócios se cadastraram.

Os idosos de até 79 anos pagam mensalidade de R$ 25. Já os maiores de 80 anos são isentos das taxas, porém, assim como os demais, podem usufruir de todos os serviços oferecidos pela entidade.

“Tenho muito medo de que o clube feche. Esta situação nos pegou de surpresa, não sabemos o que vai acontecer amanhã. Mesmo que não seja transferido o terreno em nome da entidade, queremos que o governo olhe com bons olhos para nossas atividades e, pelo menos, nos dê em comodato por mais alguns anos”, acrescentou.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da prefeitura, pedindo informações sobre a situação jurídica da entidade e outros esclarecimentos, contudo, não obteve retorno até o fechamento desta edição (terça-feira, 5, 18h).