Planejamento em viagens de avião com criança

Estão se aproximando as férias escolares de julho. Assim, é época de passeios e de viajar. As viagens de avião são extremamente frequentes hoje em dia, e a família normalmente viaja juntamente com os filhos. Vamos destacar, nesta edição, algumas dicas para entreter as crianças que vão voar (literalmente falando).

Viagens de avião com bebês e crianças podem ser bastante estressantes, afinal, não é fácil mantê-los tranquilos por muito tempo, sentados em seus bancos próprios, principalmente em um lugar fechado e com regras específicas de segurança.

Para que as férias em família não se tornem um aborrecimento para a criançada e para os pais, é preciso planejar e tomar alguns cuidados com alimentação, conforto, segurança e entretenimento. Vamos dar algumas dicas:

Leitura

Leitura para os de idade escolar é uma ótima forma de entreter as crianças durante viagens. Livros infantis e, de preferência, os bastante ilustrados são os mais recomendados.

Alimentação

Ao viajar de avião com bebês e crianças, não se deve mudar muito a alimentação deles. Por isso, mesmo que a companhia aérea ofereça refeições infantis, melhor não arriscar. Recomenda-se dar água, chás, sucos, frutas, bolachas de água e sal ou biscoito de polvilho, de acordo com a idade do filho.

Evite os “famigerados” salgadinhos industrializados (de saquinhos). Também não é bom fazer refeições pesadas antes de embarcar. Com o estômago cheio, é mais fácil vomitar, sobretudo no pouso e na decolagem. Bebidas estimulantes, como café, chocolate e refrigerantes de cola, podem deixar a criança agitada demais durante o voo. Evite.

Em voos internacionais, existem restrições para o transporte de líquidos em bagagem de mão. Todos os líquidos, pastas e cremes devem ser colocados em frascos com capacidade de até 100 ml e acondicionados em embalagem plástica transparente, vedada, com capacidade máxima de um litro, não excedendo as dimensões de 20 cm por 20 cm. Cada passageiro só pode transportar um receptáculo desses, que deve ser apresentado na inspeção de embarque de passageiros.

É frequente as mães quererem entrar no avião com mamadeira pronta de 200 ml, mas as empresas aéreas não permitem. Leve somente o leite em pó e, dentro da aeronave, peça água morna para a comissária e esteja pronta para preparar a mamadeira, mesmo no seu assento. Para os voos domésticos, não existem restrições.

Conforto

Para que as crianças não sofram, o ideal é escolher trechos menores e voos diretos, de preferência noturnos. Viagens internacionais costumam ser mais cansativas pelo longo tempo de espera nos aeroportos e na imigração.

A escolha das poltronas também é importante. Se possível, deve-se escolher os assentos confortáveis, que oferecem mais espaço, e lembre-se de que as crianças não podem se sentar próximas a saídas de emergência.

Outra questão a ser levada em consideração é a temperatura dentro da aeronave, que pode oscilar e até baixar muito (ar-condicionado). Leve roupas fáceis de colocar e tirar, em uma sacola de mão, evitando macaquinhos e outras roupas mais difíceis de manipular. Além disso, é bom levar sempre um cobertor.

No caso dos bebês que usam fraldas, a troca pode ser complicada quando realizada no banheiro do avião, que é pequeno. Às vezes, vale a pena pedir ajuda para comissárias. Trocar no assento é falta de educação com os outros passageiros. Ninguém é obrigado a sentir cheiro do cocô do seu bebê, ao lado ou na frente.

Um incômodo comum em viagens aéreas é a dor provocada pela pressão nos ouvidos, que pode ser prevenida em bebês e crianças adotando-se medidas simples: a criança deve estar sugando, tanto na decolagem como na aterrissagem. E uma boa dica para evitar o problema em bebês é dar o peito, a mamadeira ou uma chuquinha, e até mesmo a chupeta nesses momentos. Crianças maiores podem mascar chiclete.

Segurança

Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), bebês menores de dois anos, em geral, não pagam passagem, mas algumas companhias aéreas cobram uma taxa de 10% sobre o valor do bilhete.

Eles podem ser transportados de dois modos: no colo dos pais ou no bebê-conforto, disponibilizado pelas empresas, mediante solicitação prévia. Carrinhos de bebê podem ser colocados no compartimento de carga do avião. Eles serão devolvidos no momento do desembarque com as respectivas bagagens.

Crianças até 12 anos incompletos devem apresentar documento que comprove a filiação ou parentesco, certidão de nascimento original ou cópia autenticada, além do passaporte, no caso das viagens internacionais.

Passageiros entre 12 e 18 anos incompletos necessitam apenas da certidão de nascimento ou documento de identidade. Nenhuma criança pode viajar desacompanhada sem autorização judicial. Em viagens internacionais com apenas um dos pais, é necessário apresentar a autorização do outro cônjuge.

Entretenimento

Tablets são boa opção de passatempo. A maioria das aeronaves costuma ter televisões com opções de filmes infantis, mas isso não é uma regra. Na dúvida, melhor garantir um pequeno arsenal de diversões que possa entreter as crianças durante a viagem. Além dos tablets, celulares e jogos eletrônicos, livros e brincadeiras tradicionais podem ser uma alternativa eficaz.

Livros de histórias com ilustrações agradam muito. Mesmo que a criança ainda não saiba ler, o adulto pode contar a história para ela. Em qualquer brincadeira, aliás, a interação com os pais pode tornar a atividade mais interessante.

Como as crianças costumam ter pouco tempo de atenção, indicamos ter várias opções de atividades na manga. As mesinhas dobráveis do avião podem se transformar em pequenas escrivaninhas para desenhos, pinturas e revistas de passatempos.

Jogos com poucas peças também são uma boa pedida, assim como brincadeiras como “stop”, jogo da velha e forca. É sempre bom levar a boneca ou o bichinho favorito do filho também.

Observação: pelo menos uns 30 dias antes de viajar, procure consultar com seu pediatra, que deverá verificar sua caderneta de vacinação para ver se falta alguma vacina!

Bom divertimento e boa viagem!

* Médico pediatra com TEP pela AMB e SBP

Fonte: UOL 12/01/2016