Pichação e depredação são dilema para conservação de praças locais





Cristiano Mota

Bancos da praça Manoel Guedes (Museu) precisaram ser reforçados por conta de ação de vândalos

 

Praças da Matriz, Paulo Setúbal (“Barão”), Martinho Guedes (“Santa”), Manoel Guedes (“Museu”) e Cesário Mota (“Junqueira”). Apesar de terem dispositivos diferentes, todas elas possuem problemas na mesma dimensão.

Sofrem, conforme informações do secretário municipal da Infraestrutura, Meio Ambiente e Agricultura, José Roberto Amaral, com pichações e depredações.

De acordo com ele, quebra de bancos, danos em canteiros e borrões com latas de tinta spray são os problemas mais corriqueiros. Além de trabalho extra para a equipe responsável pela conservação dos espaços, isso gera custos ao município.

A solução para a melhoria das condições de uso dos locais estaria no “Adote uma Praça”, implantado efetivamente em 2009. O primeiro espaço público a ser cuidado pelo sistema de parceria é a “Praça do Carroção”, no bairro Valinho.

Por meio do projeto, empresas, grupos ou pessoas estabelecem compromisso de cuidar de uma praça – ou espaço público – pelo período de um ano. “O projeto continua em Tatuí, e nós temos feito novas parcerias e mantido outras”, declarou o secretário.

Amaral afirmou que a secretaria tem mantido “contato constante” com empresários da cidade no sentido de propor a eles parceira para manutenção dos locais, utilizados pela população para atividades de lazer ou não.

Segundo ele, além de investidores, qualquer pessoa pode adotar uma praça. Também informou que a parceria prevê ações de conservação e manutenção em qualquer espaço. Entre eles, canteiros e trechos de ligação entre um bairro e outro.

“Nós temos vários exemplos de pessoas que colaboram com o poder público. Algumas investem dinheiro; outras, o tempo, para conservar os locais. Existem parcerias abertas com o comércio, com empresários e com pessoas físicas. A missão é deixar as coisas visualmente funcionando”, comentou.

Segundo o secretário, o local a ser adotado vai depender do tipo de trabalho proposto pelo parceiro. De acordo com ele, em todas as praças pode haver parceria.

“Nós não temos restrições. É claro que, atualmente, a Praça da Matriz está perfeitamente conservada, mas, se existir alguém que queira, dentro de um projeto, tomar conta, não tem por que não permitir”, disse o titular da Infraestrutura.

Os interessados devem procurar a diretoria de Meio Ambiente, na sede da secretaria. O endereço é a avenida Domingos Bassi, 1.000 e o telefone, 3305-8611.

No local, o futuro parceiro deve apresentar a proposta de trabalho e o espaço desejado para realizar a ação. “Aí, nós fazemos um estudo e, a partir do momento em que esteja bom para ambas as partes, nós fazemos um contrato”.

Para o secretário, o Adote uma Praça tem “muitos pontos positivos”. “Ajuda na conservação, evitando depredações, e faz com que a comunidade crie uma identidade com os espaços”, comentou.

Outra possibilidade é que os empresários, ou colaboradores, poderão utilizar parte do espaço público para divulgação de seus trabalhos e serviços.

Isso é realizado mediante anúncios que podem ser instalados a partir de espaços delimitados. Há regras de divulgação constantes no termo de parceria.

Amaral informou a O Progresso que a secretaria está “conversando” com alguns empresários para a “adoção de uma grande praça”. O secretário alegou que, em princípio, não pode adiantar o nome do local, mas que “existem pessoas bem intencionadas que estão colaborando com o município”.

Conforme o secretário, as parcerias podem ser estabelecidas entre a Prefeitura e os colaboradores “em qualquer dia e mês do ano”. A única condição é o tempo de duração do convênio.

“Nós pedimos um ano para que o projeto se reverta em algo duradouro. Em três ou quatro meses, por exemplo, não dá tempo de montar nada; de repente, nem de nascer flores”, argumentou.

Amaral destacou que o Adote uma Praça tem a “vantagem de ser livre”. Com isso, o voluntário pode estabelecer o projeto que estiver dentro de suas possibilidades. Entre elas, só pintura, só capinação do mato, ou só substituição de peças que venham a ser danificadas pela ação do tempo ou por vandalismo.

De acordo com o secretário, por esse motivo, praças centrais também podem ser adotadas. “Existem algumas que nós estamos estudando ações. Mas, nesse meio tempo, se houver algum interessado em colaborar com ao município, pode nos procurar apenas para auxiliar em tarefas como poda, ou no sistema de irrigação. Não há problema, a missão é deixar as praças em ordem”.

Por envolver voluntários, ou grupo de pessoas, Amaral considera que o projeto contribui para a redução do vandalismo. Consequentemente, reduz os dois principais problemas da conservação dos espaços. “Hoje, a maior parte dos nossos problemas diz respeito à depredação e à pichação”, destacou.

De acordo com o secretário, as depredações são mais comuns em praças que oferecem banheiro público. “No caso de Tatuí, é da Matriz e a Concha Acústica (fechada até o momento para o público por conta de reforma)”, comentou.

As pichações ocorrem nas praças do “Barão”, “Santa”, “Junqueira” e “Museu”. Nesta última, também houve registros de depredações.

“O problema é o mau uso do espaço público. Há, ainda, uma boa parte das pessoas que não respeita, quebra o que é de uso comum. Isso é constante”, disse Amaral.

Conforme ele, o tempo de reparo – e o sucesso da recuperação do espaço – depende do tipo de depredação. No caso de pichações a bancos, a secretaria faz a repintura; quando há quebra de bancos, é necessário haver substituições.

Na praça Manoel Guedes, que abriga o Museu “Histórico Paulo Setúbal”, o Executivo teve de usar de “artifício” para dificultar a ação dos vândalos. “Ali, o pessoal estava soltando os parafusos dos bancos, simplesmente para quebrar. Aí, tivemos de fazer reparos e substituir mais de mil parafusos”.

O secretário descreveu que a Prefeitura optou por implantar contraporcas. “Quando o pessoal soltava os parafusos, nós os apertávamos, e eles soltavam novamente. Aí, tivemos de colocar contraporcas para travar os parafusos individualmente, evitando que eles fossem afrouxados de novo”, contou.

Amaral disse que a pasta municipal mantém trabalho constante de conservação nas praças. Entretanto, alegou que as equipes responsáveis pelo trabalho têm outras demandas, como conservação das vias públicas e “outros reparos”.

“Procuramos não ficar muito tempo entre uma ação e outra, principalmente nas praças centrais. Nos bairros, estamos correndo para mantê-las apropriadas e a contento do uso por parte da população”, disse.

Além do projeto de adoção, ele afirmou que a população pode colaborar com o Executivo por meio de outra ação mais simples, ajudando a conservar as praças e denunciando ações de vandalismo.

O secretário disse, ainda, que a população deve colaborar não jogando lixo e entulho em terrenos e locais públicos. “Se todo mundo colaborar, denunciando, evitando poluição, conseguiremos ter espaços melhores”, concluiu.