Município terá o 3º ponto do ‘Acessa SP’





Arquivo O Progresso

Usuários do Acessa SP passam média de três horas conectados

Entre sete e oito computadores deverão atender à população residente na região do Jardim Santa Rita de Cássia por meio do Acessa São Paulo. O terceiro ponto do serviço no município deverá ser implantado no bairro.

Ele é fruto de projeto encabeçado pela Secretaria Municipal da Indústria e Desenvolvimento Econômico e Social, que objetiva a descentralização do serviço.

Conforme explicou o responsável pela pasta, Ronaldo José da Mota, a ideia nasceu de reivindicações apresentadas por dois vereadores (Dione Batista e Márcio Antonio de Camargo) e por moradores da região.

Tatuí conta com dois pontos do Acessa São Paulo, um ao lado da Biblioteca Municipal “Brigadeiro Jordão” e outro dentro do Poupatempo.

Ambos estão localizados no centro e utilizados por pessoas de todo o município. “A pedido da própria população e dos vereadores, nós decidimos fazer esse pleito ao governo”, comentou Mota, em entrevista a O Progresso.

O Acessa é um programa de inclusão digital e utilizado, atualmente, como espécie de “lan house” municipal.

Para expandi-lo, o secretário buscou informações junto à Secretaria Estadual de Gestão Pública. O objetivo era apresentar nova solicitação e dar início a projeto de descentralização do serviço.

“Nós queríamos ver se tinha como levar esse programa para os bairros”, contou Mota. O secretário descobriu que existia possibilidade.

Apresentou pedido, inicialmente, para atender ao Jardim Santa Rita de Cássia. Como justificativa, afirmou que o bairro é o mais populoso do município.

O Santa Rita e entorno têm aproximadamente 15 mil moradores. O número soma os residentes nos conjuntos habitacionais da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), bairro Tanquinho e Jardins Gramado e Novo Horizonte.

Isso sem contar as residências situadas em bairros rurais. “É uma região que tem porte de cidade”, disse Mota.

Em função dos argumentos, o secretário recebeu resposta positiva do governo do Estado. Atualmente, a pasta está tentando viabilizar um espaço para que o posto seja implantado.

A vinda do terceiro ponto dependerá de convênio que estipula algumas regras. Entre elas, o fato de que o espaço a recebê-lo deve ser público, ou cedido à Prefeitura.

O Executivo deverá arcar, ainda, com a manutenção do prédio e com a cessão dos funcionários que darão atendimento à população.

Na tentativa de reduzir custos, Mota procurou o Cosc (Centro de Orientação e Serviços à Comunidade) e o Cras (Centro de Referência de Assistência Social).

Ambos não puderam colaborar, porque não dispunham do espaço necessário para a implantação dos equipamentos e atendimento ao público.

A partir do terceiro ponto, Mota informou que a secretaria poderá pleitear novos espaços. Os pedidos futuros, no entanto, dependerão da conclusão de estudo iniciado há dois meses no Acessa SP, que fica no Centro Cultural Municipal.

A pasta também levará em consideração o número de atendimentos que o bairro Santa Rita registrará para considerar um novo pedido.

O objetivo é permitir que pessoas de bairros distantes tenham acesso ao serviço sem que precisem percorrer grandes distâncias. “Existe o critério da demanda, mas nós analisamos vários critérios para solicitar o serviço”, contou Mota.

Conforme ele, o tempo de deslocamento e o percurso a ser feito pela população da região do Santa Rita também contaram como razões para que a secretaria fizesse a solicitação de um terceiro ponto.

“O acesso de quem vive naquela parte da cidade é difícil, também por conta do transporte e por causa do horário de funcionamento”, disse o secretário.

Segundo ele, o expediente atual dos dois pontos não beneficia “grande parte dos usuários”. O Acessa SP, que fica ao lado da biblioteca, funciona das 9h às 17h; já o do Poupatempo vai das 9h às 19h – os horários são de segunda a sexta.

“Nesses horários, as crianças e os jovens estão nas escolas e os adultos, no emprego. O trabalhador em si não tem como ter acesso aos equipamentos durante o dia. Então, nós deveremos estudar novos horários”, antecipou.

Mota disse que há chance de o serviço funcionar em “horário alternativo”. A pasta estuda a abertura até às 20h ou 21h. “O horário atual é praticamente inviável. É o que a gente chama de horário morto”, argumentou.

A descentralização do serviço, segundo o secretário, é importante não só para atender pedidos da população, mas para aumentar o número de pessoas incluídas digitalmente.

Por meio do serviço, jovens e adultos podem ter acesso a novas ferramentas de estudo, fazer pesquisas pela internet, pagamento de contas e impressão de segunda via de boleto bancário, entre outros.

“Hoje, a maior incidência, no centro, é para esses tipos de uso”, contou Mota. De acordo com ele, além da utilização do computador para trabalhos escolares e particulares, a população pode imprimir, no máximo, três páginas.

Inicialmente, o horário de funcionamento no futuro Acessa SP seria o mesmo dos demais postos do município. “Futuramente, nós estamos pensando em horários alternativos”, disse Mota.

Segundo ele, a ideia é ampliar o horário ou abrir o espaço – incluindo o da Biblioteca Municipal – aos sábados, até às 13h. “Estamos avaliando essa alternativa, porque muitas pessoas ainda desconhecem o serviço, ou não têm como usá-lo”.

Mota afirmou que o terceiro ponto em Tatuí pode tornar-se o primeiro de vários. “Os demais nós vamos estudar possibilidades conforme a demanda. Vamos ver como ele vai funcionar para, depois, pleitearmos. Se tudo correr bem, a procura for boa, vamos avaliar outros bairros”.

Por conta disso, a secretaria promove estudo para diagnosticar o “comportamento” dos usuários e verificar se há, ou não, necessidade. “Não adianta colocar em locais que não comportam, não vai ter público”.

A pesquisa é realizada por funcionários da unidade ao lado da biblioteca e permitirá à pasta municipal mapear quem são as pessoas que acessam o serviço.

Mota informou que a secretaria quer saber onde residem os usuários para avaliar em quais regiões da cidade há uma “demanda reprimida”.

O estudo verifica a idade e o sexo dos frequentadores. Num próximo estágio, a secretaria quer saber quais tipos de serviços os usuários mais procuram.

As informações vão ajudar a pasta municipal a ter subsídios para, futuramente, apresentar novos pleitos para pontos junto ao governo do Estado.

Mota afirmou que os conhecimentos sobre os usuários são importantes. Os dados ajudarão o Executivo a saber a renda estimada dos usuários que moram em determinados bairros e o tempo de deslocamento deles até o serviço. Teriam prioridade os bairros mais afastados do centro e do Santa Rita.

Como os dados de navegação, ou de utilização dos sistemas operacionais dos computadores, são sigilosos, a pasta municipal levantará os dados de acesso por meio de pesquisa “intencional” (resposta a critério do usuário).

“Queremos entender a necessidade imediata das pessoas para que possamos definir quais ferramentas poderemos implantar para melhorar”.

Mota disse que as informações serão fundamentais para que o Executivo possa pleitear novos espaços e projetos geridos pela secretaria estadual. Afirmou, ainda, que a implantação do terceiro posto não tem prazo para acontecer.

Ela depende do cumprimento de trâmites burocráticos (assinatura de convênio, liberação de recursos e de computadores), além da instalação de rede de internet administrada pela Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo). “Tudo isso demanda tempo”, falou.

O secretário, no entanto, citou que a solicitação de Tatuí aconteceu “em momento oportuno”. No dia 19 de agosto, a Fundação Bill Gates concedeu Nobel da inclusão digital ao projeto de inclusão do governo do Estado.

O Acessa SP concorreu com outras 300 candidaturas de 56 países e recebeu prêmio no valor de US$ 1 milhão, o qual será investido em expansão.

“Nós já tínhamos protocolado o pedido para que viesse um terceiro posto para Tatuí. Inclusive, em reunião com o secretário (Davi Zaia), ele falou que o projeto estava aprovado e que era só acertar os trâmites legais do processo”, disse Mota.

Para o secretário, além de oportuno, o pedido vai atender à função primordial do programa, que é a promoção da inclusão digital. “Nossa intenção é essa: incluir o indivíduo, como um todo, para que ele se aprimore”.

O ponto beneficiará tanto quem é usuário como quem não é usuário de computador. Mota explicou que o serviço oferece treinamento básico para quem não tem computador em casa e não sabe trabalhar com o equipamento.

Destacou, também, que o Acessa SP universaliza o acesso à internet, especialmente porque permite que quem não tem acesso a ela (na residência) possa usá-la por um período de meia hora. O usuário pode renovar o tempo de uso caso não haja outra pessoa aguardando.

“Sabemos que, hoje em dia, é fácil comprar um computador. Infelizmente, ainda temos pessoas que não têm poder aquisitivo para tanto. O Acessa é para elas”, disse Mota.

Conforme ele, o serviço também permitirá que usuários que não têm acesso à internet por limitações técnicas das empresas fornecedoras dos serviços – e que moram na região do Santa Rita – possam realizar pesquisa e obter entretenimento.

A previsão é de que, naquela região, o número de acessos supere o registrado no Acessa SP anexo à Biblioteca Municipal. Neste, a secretaria computou 35 novas adesões em julho, com 1.559 acessos por 186 pessoas (99 mulheres e 87 homens).

“A média de permanência dos usuários nos computadores em julho foi de três horas por pessoa”, comentou o secretário.

Mota informou que a equipe dele está preparando gráficos informativos, nos quais constarão dados, como: faixa etária, local de residência, renda e ocupação.

O estudo poderá ser utilizado para auxiliar, ainda, na formulação de novos cursos de qualificação. Ele tem previsão de ser concluído até o final do ano.