Mamães de primeira a sexta ‘viagem’





Ser mãe pela primeira vez, terceira ou sexta, não importa o número, tem algo em comum: as gestações são experiências únicas, singulares. Érica Patrícia Lazzari Silveira, 39, Mariele Camargo Machado, 22, e Geiciele Caroline Quintiliano Pego de Azevedo, 15, contam as experiências da gravidez em diferentes estágios da vida, e mostram as dificuldades, as alegrias e a felicidade de ser mãe.

“A primeira gestação é essa, vou fazer sete meses agora. Minha mãe ficou surpresa. Ela não imaginava, pois tenho 15 anos. Sou a filha mais nova”, contou a estudante Geiciele, moradora da vila Esperança.

A descoberta da gravidez aconteceu em novembro do ano passado. O acompanhamento é feito na Casa do Adolescente. Apesar de ter uma UBS (unidade básica de saúde) próxima à casa dela, a jovem preferiu fazer no centro especializado, por haver lá outras adolescentes que estão grávidas e compartilham experiências.

“Como tem meninas da minha idade, eu preferi lá. Tem uma que tem 16 anos e está grávida do segundo filho. Então, ela tem experiência, conta para a gente”, disse.

O nascimento está previsto para o dia 22 de julho. A forma do parto, normal ou cesariana, ainda não foi definida pelo médico, que avaliará o caso. Independentemente disso, a ansiedade toma conta da jovem, grávida de sete meses, que vai comemorar neste domingo, 8, o primeiro Dia das Mães.

O nome do bebê, um menino, será Davi Lucca, a junção de dois nomes bíblicos. O modo de escolha do nome da criança foi definido em conjunto pelo pai e pela mãe. Se menina, ela escolheria. “Daí, como foi homem, ele que escolheu. Eu fiquei contente, ele tirou o nome da Bíblia”, contou.

A menina, que sonha em ser médica, paralisou os estudos por causa da gravidez. Após saber da gravidez de Geiciele, o namorado, de 21 anos, decidiu morar junto com a futura mãe.

“Ele trabalha e está morando comigo aqui. Está feliz, ansioso, não vê a hora do nascimento. Ele tem 21 anos e chama-se Wellington”, contou.

O apoio da família é fundamental para a gestação precoce, disse Geiciele. A mãe deu suporte desde o primeiro dia em que soube da gravidez, no fim do ano passado.

“A pior coisa do mundo é estar grávida e os parentes virarem a cara, por causa da gravidez. Acho importante, principalmente, a minha mãe estar junto”, opinou.

Com o acompanhamento do pré-natal na Casa do Adolescente, Geiciele ganhou um enxoval do Fundo Social de Solidariedade. O presente é dado para as mães que fazem os exames gestacionais na rede pública.

“Além do enxoval, eu ganhei a bolsa do bebê, com pente, mamadeira, toalha. Vou economizar bastante. Ultimamente, roupinhas de bebê são mais caras do que as de gente grande”, comentou.

O mesmo acompanhamento teve Érica. Grávida aos 39 anos e mãe de cinco filhos, a gestante está passando por uma experiência diferente na gravidez.

Ela conta que, nas gestações anteriores, nunca engordou tanto. Os 87 quilos pesam na hora de andar, levantar da cama e nos afazeres cotidianos. As dores da artrite reumatoide pioraram com a gestação, pelo esforço maior.

“Eu me sinto muito pesada, tem dias que incha. Complica um pouco a articulação, a disposição, e a flexibilidade a gente acaba perdendo um pouco. É tudo muito lento”, afirmou.

A primeira gravidez de Érica foi aos 16 anos. O filho, hoje com 23 anos, tem idade para ser pai da irmã mais nova, lembra a mãe. Todos os cinco filhos são do primeiro casamento.

A sexta gestação foi planejada. Três meses antes da gravidez, Érica suspendeu o uso de anticoncepcionais. A fecundação não tardou e, em outubro, já na expectativa da nova gravidez, fez um exame de sangue em um laboratório, que deu negativo.

“A moça me disse que havia uma probabilidade para o positivo, mas que era para repetir. Fiz o primeiro exame na quinta-feira, e ela me pediu para voltar na segunda”, contou Érica.

Os quatro dias até a repetição do exame “demoraram a passar”. Como queria fazer surpresa para o marido, que será pai pela primeira vez, Érica se segurou para não contar a novidade sem a confirmação.

A filha Katlin, 17, preparou o vídeo com a mãe. As duas encheram balões com recados sobre a gravidez para contar a novidade ao marido. “Na mesma semana, fui ao posto de saúde e marquei com a enfermeira chefe e dei entrada no pré-natal”, lembrou.

Comparando as gravidezes, Érica afirma que todas as seis foram diferentes. Algumas com enjoos, problemas estomacais, outras sem os mesmos problemas.

“Com 16 anos, tive o meu primeiro filho, e nem me lembro dessas coisas. Eu tive coisas normais, como enjoos, mas, como era nova, não tinha nada”.

Os cinco partos anteriores foram normais. A expectativa é que o de Klara Manuela não seja diferente, se a bebê ficar em posição de cabeça para baixo, pronta para nascer, o que ainda não ocorreu.

“Já era para ela ter virado. Se até o dia do parto ela continuar sentada, provavelmente terá que ser cesariana. Eu nunca fiz, e não tenho ideia de como seja”, disse, apreensiva.

Apesar da preocupação com a maneira como será realizado o parto, a mãe está tranquila com a saúde da menina que carrega no ventre. Os avanços tecnológicos da medicina foram sentidos por Érica, que viu novos exames surgirem e dar mais detalhes do estado do bebê.

“Alguns exames que não tinham nas gravidezes anteriores hoje tem, como a translucência nucal (exame que diagnostica malformações cerebrais), o ecocardiograma. Eu fiz um ultrassom morfológico que mostra todos os órgãos do bebê dentro da nossa barriga. Fico mais segura”, afirmou.

Neste final de semana, Érica completa 36 semanas e entra na reta final da gravidez, completando nove meses. O nascimento do bebê está previsto para o dia 6 de junho.

Apesar dos problemas com a artrite e no estômago, que trabalha a passos lentos na digestão, pelo prazer de ser mãe novamente, Érica afirma que não pensaria duas vezes e faria tudo novamente.

“Eu passaria tudo de novo, mesmo pensando em tudo, eu passaria só para vê-la. A alegria do nascimento dela, de vê-la, compensa tudo”, resumiu.

Diferente da gravidez de Érica, que teve o planejamento antecipado, Mariele conta que ficou grávida após terminar um tratamento para combater um cisto no ovário.

“Dois meses depois do fim do tratamento, a minha menstruação atrasou. Eu já achava que era uma gravidez desde o primeiro momento”, contou.

Mãe de duas meninas, uma de três anos e outra de seis, Mariele, que tem 22 anos, prepara-se para um desafio maior: o de ser mãe de gêmeos.

Num primeiro momento, o marido da dona de casa não acreditou que a esposa estava grávida. Depois, achou que era brincadeira o fato de serem duas meninas.

“A expectativa dele era que viesse um menino, mas, quando contei que eram duas meninas na mesma placenta, ele achou que estava brincando”, relembrou.

Além da maternidade dupla, Mariele está planejando a mudança para a nova casa, e vai abrir uma mercearia para ter uma nova fonte de renda. As meninas estão previstas para nascer até 9 de junho.

“Estou beirando os nove meses, completando 34 semanas de gravidez. O pessoal da UBS do CDHU estava achando que eu teria o parto mais cedo, por ser gêmeos”, disse. Em relação às gestações anteriores, a dona de casa afirma que tem muitas câimbras e enjoos. “Nunca tive isso nas outras gravidezes”.

Sobre ser mãe, Mariele tenta contar em uma frase o sentimento que a move: “É inexplicável. É tudo para mim. Sem as minhas meninas, não sou nada”.