Empresas abrem mais de 250 vagas em mês de iní­cio de férias coletivas





Entre outubro e novembro deste ano, Tatuí fechou saldo de geração de emprego formal (com carteira assinada) em negativo. No período, a cidade registrou 2.142 demissões, contra 1.892 admissões, resultando em menos 250 postos de trabalho.

Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) devem mudar com o aquecimento do mercado local. Ao menos esta é a projeção divulgada pelo ex-secretário municipal da Indústria, Desenvolvimento Econômico e Social, Ronaldo José da Mota.

No início deste mês, ele declarou que as empresas começaram a dar sinal de que estão superando a crise econômica. O principal deles diz respeito às contratações.

Ao longo de dezembro, pelo menos duas empresas ligadas ao setor automobilístico – um dos mais atingidos em Tatuí – realizaram processo de admissão. Também houve contratação em maior número por empresa do ramo alimentício.

Em entrevista, Mota disse que as empresas que não estão contratando, passam por reformulação, caso da planta da Yazaki do Brasil Ltda. no município. Fabricante de chicote automotivo, a empresa sofreu com a “freada” das montadoras.

Por conta do aumento do IPI (imposto de produto industrializado), os veículos tiveram redução no número de vendas e, consequentemente, de produção. O reflexo disso foi uma menor produção, em função de as montadoras terem acumulados veículos nos pátios de suas unidades de montagem.

O efeito cascata atingiu as empresas locais que têm como clientes as grandes montadoras. De maio a novembro, elas demitiram mais de 600 trabalhadores.

Em fase de recuperação, Mota disse que empresas como a Yazaki estão investindo em novos produtos para não ficarem “reféns” do mercado nacional. A intenção é ampliar o leque de produtos de modo a que a indústria não venha a sofrer mais com uma demora na retomada do crescimento.

Com “mais fôlego” que as demais indústrias locais, a Ford deve contratar mais 29 pessoas a partir de janeiro para ampliar o quadro de seu campo de provas, na cidade. O dado é do Sindmetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Tatuí e Região).

Conforme Marcos Bueno, diretor da Indústria, a contratação faz parte de projeto de investimento na qual a montadora prevê investir R$ 2 milhões em 2015.

Também com dados do sindicato, Bueno afirmou que a FBA (Fundição Brasileira de Alumínio) iniciou processo para contratar mais 30 funcionários. Outros 200 devem ser contratados pela Lopesco por conta de ampliação.

“Não sabemos se estes postos já foram preenchidos ou se as contratações se darão por um período. O que sabemos é que o setor automobilístico é que foi atingido e não a economia do município, daí ser possível as admissões”, declarou.

Conforme ele, a presença de “grandes empresas” no município é um indicativo de que Tatuí continua sendo um bom local para se investir. Bueno citou unidades das lojas Americana, Pernambucanas, Casas Bahia e Magazine Luiza. Também destacou que a cidade foi escolhida para construção de hotel Ibis.

“É lógico que quando há uma crise, o impacto é forte. Nós não somos blindados, só que não podemos entrar na onda de que o problema é local”, argumentou.

A título de exemplo, ele citou investimentos feitos durante a crise do setor automobilístico no município. Entre eles, as ampliações das linhas de produção da BRF e da Guardian do Brasil Ltda.. Esta última, contratou 27 novos funcionários, o que representa aumento de 10% de quadro de trabalhadores dela.

“É significativo e as pessoas foram trabalhar direto na linha de produção. O que estamos vendo é que a crise passou. Estima-se que a partir de janeiro e fevereiro, as empresas comecem a entrar no seu ritmo normal”, analisou o diretor.

Mesmo com as contratações, o diagnóstico para o ano que vem não é dos melhores. Bueno disse que não se pode começar o ano com a “economia aquecida”. Conforme ele, as análises feitas por institutos “apontam para um 2015 complicado”.

O diretor enfatizou que o panorama não será dos mais promissores quanto esperado pelas autoridades. Afirmou, ainda, que a previsão é de que haja um recuo ainda maior que em 2014. A diferença é que a queda será menor e as demissões não devem aumentar, porque as empresas já entrarão no ano “mais enxutas”.

“As demissões de 2014 são reflexos das contratações provenientes de 2012 e 2013, quando o mercado brasileiro ainda estava aquecido”, explicou o diretor. Bueno espera que as indústrias consigam manter o índice de desemprego no patamar de 4%, conforme dados do Estado divulgados pelo Caged.

No âmbito municipal, a Secretaria da Indústria tem como meta dar condições para que as pessoas possam se inserir no mercado de trabalho. Para isso, a pasta deve ampliar a oferta de cursos de qualificação e requalificação profissional. “Vamos dar condições das pessoas ocuparem espaço”, falou.

Em outra frente, a secretaria tem buscado estreitar relações com investidores e com entidades para a divulgação do município. “A intenção é que a cidade seja referenciada como tendo potencial para investimentos”, comentou.

O prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, disse que as contratações são indicadores positivos e que geram expectativas para 2015. Ele também ressaltou que os processos de seleção estão sendo realizados em período de férias coletivas.

“Praticamente, todas as empresas param entre os dias 5 e 20 deste mês. Mesmo assim, algumas estão admitindo novos funcionários para suprir o movimento”, iniciou.

Ainda segundo o prefeito, os investimentos feitos pelas empresas contrariam boatos divulgados no final deste ano. “Várias histórias surgiram de que empresas estariam se desligando de Tatuí, mas não era verdade. Sabíamos, sim, de um problema no setor metalmecânico, mas que não atingiu só Tatuí”, disse.

Manu afirmou, ainda, que o processo eleitoral também contribuiu para uma situação de instabilidade econômica. Ele avaliou que os investimentos e as contratações têm relação com o papel desempenhado pela Prefeitura no momento da crise.

“Um pouco desse investimento veio da credibilidade que a administração passou. Isso acho que foi fundamental. Nós temos que estar sempre em contato e realizando ações nas quais possamos agir preventivamente”, declarou.

Segundo o prefeito, o Executivo promoveu encontros com representantes de empresas para avaliação da situação. “Temos de entender que o empresário é um capitalista. Não faz negócio para perder dinheiro, mas é parceiro da cidade, gera emprego. Então, a municipalidade tem de ajudar imediatamente para que as empresas continuem a empregar as pessoas”, adicionou.

Conforme Manu, a Prefeitura não influenciou nas decisões das demissões, mas teve grande participação na permanência dos investimentos. O prefeito afirmou que o Executivo é parceiro dos investidores, sendo reconhecido como tal.

Ainda nesse sentido, Manu disse que a Prefeitura não tem medido esforços para auxiliar a Noma do Brasil e a Zoomlion do Brasil Ltda. a construírem plantas na cidade. O prefeito explicou que a paranaense Noma depende de aprovação de investimento. Já a chinesa Zoomlion de soluções de entraves burocráticos.

Segundo o prefeito, a Noma já está operando em Tatuí. Manu disse que a empresa está locando um barracão em distrito industrial e que já finalizou o projeto de instalação. “A empresa já antecipou, praticamente, 90% do programa”, disse.

As construções das duas empresas, no entanto, estão atrelados às obras de infraestrutura para a ligação dos dois terrenos junto à rodovia Antônio Romano Schincariol (SP-127). Para isso, uma parte da área deverá ser desapropriada.

Serão realizadas duas desapropriações, uma para a construção da marginal interna e outra da marginal de ligação. A interna será utilizada pelas duas empresas e, a externa, para escoamento de produção e acesso de demais veículos.

A marginal interna será construída pelas empresas em parceria com a Prefeitura; já a externa terá recursos do Estado de São Paulo. O governo paulista deve iniciar, em 2015, viaduto para ligação das marginais com a rodovia.

De acordo com o prefeito, os processos de desapropriação estão em fase de conclusão. O passo seguinte será a construção das marginais, das vias de acesso e a remoção do SAU (Serviço de Atendimento ao Usuário) da CCR SPVias.