Campanha ‘Agir Salva Vidas’ aborda em palestras no município o suicídio

Ação faz parte da programação “Setembro Amarelo”, que vai até o dia 23

Abertura das atividades aconteceu na ESF da vila Angélica (foto: AI Prefeitura)
Da reportagem

Com o tema “Agir Salva Vidas”, unidades da Secretaria de Saúde, da prefeitura, promovem até o dia 27 deste mês uma série de atividades voltadas à prevenção de suicídios. Todas têm entrada gratuita.

As atividades fazem parte da campanha “Setembro Amarelo”, cuja abertura em Tatuí aconteceu na sexta-feira da semana passada, 3, na unidade ESF (Estratégia Saúde da Família) “Dr. Simeão Orsi”, na vila Angélica, com palestra seguida de roda de conversa com a psicóloga Lucimara Rosa Ribeiro de Paula.

O encontro, aberto ao público, contou com a participação de médicos, enfermeiros e outros profissionais da Saúde, além de funcionários e pacientes da unidade para discutirem sobre o assunto e tratar das formas de prevenção.

Durante o evento, a profissional falou da importância da campanha, abordou quais os sinais que demonstram a tendência ao suicídio ou quando se está com algum transtorno mental, como a depressão e outras doenças.

Lucimara iniciou o evento falando da campanha, promovida nacionalmente desde 2014 pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), em parceria com o CFM (Conselho Federal de Medicina) e em celebração ao Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, que ocorre em 10 de setembro.

“Nós sabemos que o suicídio é uma tragédia que acontece o ano inteiro, mas, assim como outras campanhas, setembro foi um mês escolhido para refletir e estar discutindo estratégias de prevenção, buscando a redução do número de casos de suicídio”, disse a psicóloga.

De acordo com a profissional, atualmente, o suicídio se apresenta como uma “grave” questão de saúde pública. Segundo registros da OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano (os números são referentes a 2016).

O Brasil é o oitavo país em número absoluto de suicídios, registrando, em média, 13 mil casos por ano – isto é, 31 mortes por dia -, sendo o número de homens quase quatro vezes maior que o de mulheres.

O relatório também aponta que, a cada 40 segundos, uma pessoa se suicida, sendo que 79% dos casos se concentram em países de baixa e média renda.

Quando se considera a faixa etária de 15 a 19 anos, o suicídio aparece como a segunda maior causa de morte entre as meninas. Já entre os jovens de 15 a 29 anos, também é a segunda maior, atrás apenas de acidentes de trânsito.

Lucimara sustentou que esses números podem diminuir se aumentarem os debates sobre o assunto e ações como o “Setembro Amarelo”. A afirmação é confirmada por dados da OMS, que estima que 90% dos casos podem ser evitados quando há oferta de ajuda.

Entre os fatores de risco para o suicídio, a profissional destaca as tentativas prévias. Segundo ela, quem já tentou o suicídio tem um risco ainda maior de tirar a própria vida. “Toda tentativa precisa ser olhada com atenção”, diz a psicóloga.

Conforme estimativas da OMS, em geral, seis meses antes de consumar o ato, pessoas com pensamentos suicidas procuram ajuda com profissionais – em especial, em clínicas médicas.

Ela aponta que os sintomas nem sempre são visíveis, mas existem alguns “sinais” e comportamentos que devem ser analisados, como as manifestações verbais, que incluem baixa autoestima, perda de interesse ou prazer pela vida, tristeza e ansiedade.

“A pessoa que tem intenção de atentar contra a própria vida vai dando diversos sinais de que algo está errado e de que ela está passando por problemas. Uma das coisas mais fáceis de identificar são frases como: ‘eu quero sumir’; ‘vou deixar vocês em paz’, ‘minha vida não vale nada’, entre outras coisas. Essas manifestações não podem ser ignoradas”, acentuou.

Segundo a psicóloga, pessoas com doenças mentais como a depressão, transtorno bipolar e de ansiedade são as mais suscetíveis ao suicídio. Ela ainda inclui, como fatores de risco, alcoolismo, uso e abuso de substâncias entorpecentes e esquizofrenia.

Lucimara aponta que o tratamento para esses transtornos precisa ter acompanhamento psicológico e, muitas vezes, acompanhado de medicamentos e terapias individuais e em grupo.

A O Progresso, Lucimara reforçou ser importante trabalhar dentro das unidades de saúde para que as pessoas passem a perceber os sintomas e possam ajudar os que sofrem de problemas emocionais e transtornos mentais.

Também como parte da programação da campanha, outros eventos serão realizados no decorrer deste mês:

Na quinta-feira, 16, às 14h, acontece palestra na ESF “Adriana Mesquita Tibellio Mota”, no bairro Jardins de Tatuí; dia 20, às 10h, na ESF “Dr. Alceu Machado Filho”, da vila São Cristóvão; e dia 23, às 13h30, na ESF Jardim Gonzaga, e às 10h e às 13h, na Emef “Prof. José Galvão Sobrinho”, organizado pela ESF Jardim Tóquio.

A diretora de Atenção Básica da rede municipal de saúde, Marília Bernardo, destaca que a campanha ganha importância ainda maior em 2021 em razão dos reflexos da pandemia de Covid-19.

Segundo ela, todas as limitações impostas pelas medidas de segurança adotadas neste período de pandemia podem acabar agravando ou gerando quadros de ansiedade ou depressão que merecem atenção.

Setembro Amarelo

A campanha “Setembro Amarelo” é promovida nacionalmente, desde 2014, pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e tendo como principal objetivo diminuir os índices de suicídio.

Neste ano, o tema da ação é: “Agir Salva Vidas”. O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio é celebrado em 10 de setembro, porém, a campanha é realizada ao longo de todo o mês.

Dados da campanha apontam que passam de 13 mil suicídios registrados por ano no Brasil, podendo ser bem maiores em decorrência das subnotificações. E, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio no mundo e a cada três segundos uma pessoa atenta contra a própria vida.

A campanha “Setembro Amarelo” surgiu com o objetivo de prevenir e reduzir estes números, e, para isso, conta com o apoio de governos, núcleos, associados e de toda a sociedade.

Segundo a prefeitura, em municípios que possuem Centros de Atenção Psicossocial (Caps), como Tatuí, os casos de suicídio costumam ser reduzidos em 14%.