‘Barbáries estão acontecendo’, diz í‚ngela





Na Sexta-feira Santa, dia 3, criminosos invadiram a Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) “Teresinha Vieira de Camargo”, no Jardim Manoel de Abreu. A diretora da unidade, uma educadora de 50 anos, registrou o caso na manhã do mesmo dia.

De acordo com ela, criminosos levaram diversos equipamentos, como aparelhos de som, forno micro-ondas, computadores, impressora e monitor de vídeo. Também fugiram com alimentos da cantina, gerando prejuízo de R$ 3.000.

No domingo passado, dia 5, bandidos invadiram a cantina da Emef “Eugênio dos Santos”, na praça Adelaide Guedes. Constatado pela diretora da unidade, uma educadora de 56 anos, o crime resultou em furtos de biscoitos e salgados e na depredação de um dos vitrôs. A diretora informou, ainda, que a criminosos voltaram a furtar a cantina no dia 8. Desta vez, arrancaram a janela.

“Episódios” como esses têm ocorrido com bastante frequência no município, conforme destacou a secretária municipal da Educação, Cultura e Turismo, Ângela Sartori. Em entrevista concedida na manhã de quinta-feira, 9, a titular da pasta classificou as ações de vandalismo e os crimes de furtos como barbaridades.

Conforme ela, as situações reportadas pelas diretoras em boletins de ocorrência devem diminuir. A expectativa se dá por conta da implantação do SIS (Sistema Integrado de Segurança) adquirido pela Prefeitura e que está em fase de instalação em 50 prédios que pertencem à pasta da Educação.

“A partir do momento que acionou o alarme, temos condições de imediato de verificar e chegar ao local. Então, o indivíduo não terá tempo de entrar no ambiente escolar para que possa causar barbaridades que vêm acontecendo”, disse.

Ângela ressaltou que a maioria dos casos de invasões atinge a Educação. “Ultimamente, infelizmente, estamos registrando até mesmo depredação”, comentou.

Mais que segurança para os alunos e funcionários das unidades, a secretária disse que o monitoramento permitirá o reconhecimento dos autores. “As câmeras estarão transmitindo em tempo real. Mesmo antes que a empresa ou a Guarda Civil Municipal cheguem, será possível visualizar quem entrou”, falou.

Com base nas imagens, Ângela citou que a empresa poderá orientar as polícias com informações relevantes. “Saberemos a vestimenta, se a pessoa está a pé, com mais alguém. E com o policiamento no entorno, pode haver flagrante”, disse.

A coordenadora da Emef “Magaly de Almeida Azambuja”, no Jardim Santa Rita de Cássia, Fátima Aparecida da Silva Cleto, acredita na redução dos casos a partir da conclusão do projeto de monitoramento. Ela esteve entre as mais de 50 profissionais que participaram de reunião técnica promovida no Centro Cultural Municipal para treinamento a respeito dos sistemas.

Para ela, tanto os sensores dos alarmes como as câmeras de segurança devem afastar “pessoas de má índole” da unidade, evitando prejuízos. “Sabemos que a nossa escola é distante do centro, os equipamentos que temos são, realmente, utilizados. E esse monitoramento dá uma sensação maior de segurança, para nós e para as crianças, na lida do dia a dia”, opinou.

De acordo com a educadora, as escolas que têm os dois sistemas em funcionamento (o de alarmes e de monitoramento por câmeras) já registram os primeiros resultados. Fátima disse ter notado uma redução bastante significativa nas brigas entre os alunos – que ocorrem no pátio interno da unidade – e no comportamento dos estudantes, que se sentem mais seguros na escola.

Segundo ela, as câmeras evitarão não só o vandalismo, mas as consequências dele. Em 2014, duas salas de aula da unidade do Santa Rita sofreram depredação. A coordenadora contou que vândalos atiraram pedras nas janelas, rasgando cortinas e quebrando lâmpadas que iluminavam os ambientes.

Apesar de não considerar o dano de “grande monta”, Fátima afirmou que quando isso ocorre há “certo constrangimento na escola”. De acordo com ela, por conta do medo, as crianças podem ter a qualidade do ensino comprometido.

“Foi uma quebra de vidro, coisa simples, mas rasgou a cortina e ficamos com o sol batendo dentro da sala, o que atrapalhou a concentração dos alunos”, relatou.

Conforme a coordenadora, os “efeitos negativos” do vandalismo ou dos crimes podem durar um bom tempo. “Mesmo para haver o conserto, é necessário que pessoas estranhas entrem na escola, tirando atenção dos alunos”, disse.

Simulação

Além de prestar informações sobre o sistema para os funcionários da Educação, a reunião técnica convocada pela secretaria serviu como treinamento. A partir de equipamentos levados ao centro cultural, a empresa responsável pelo serviço treinou as professoras em simulação de situação real.

Em princípio, 20 unidades já têm em funcionamento os dois sistemas instalados e operando. Dentre elas, a “Teresinha Vieira de Camargo”, alvo de criminosos. A ação dos bandidos está registrada em câmeras do circuito interno. O equipamento flagrou quando duas pessoas entraram na unidade perto das 3h30.

“Com o monitoramento, além de visar à segurança das crianças e funcionários, nós conseguimos evitar os danos materiais, que dão prejuízo grande”, disse Ângela.

A secretária da Educação destacou que a vigilância é primordial para que a Prefeitura possa evitar tragédias, como a que ocorreu na Emef “José Galvão Sobrinho”, no Jardim Tóquio. A unidade teve duas salas comprometidas pelo fogo, caso que está sendo investigado pela Polícia Civil.

Para a secretária, além do “dano moral”, o prejuízo financeiro tem sido grande. “Trata-se de um dinheiro que poderia ser investido de outra forma”, falou.

Segundo ela, o monitoramento vai atender uma prioridade da pasta: a segurança das crianças. Ângela também enfatizou que os equipamentos que estão sendo implantados nas unidades de ensino são de “excelente qualidade”.

Citou que os equipamentos eletrônicos preservam a integridade das equipes de segurança. “Nós vemos situações que não ocorreram em Tatuí, mas de o vigia acabar sendo coagido e ter de liberar a entrada de marginais. Já com o monitoramento, o sujeito que entrar se depara com um alarme e uma câmera”, disse.

A reunião do dia 9 marcou o início da capacitação dos funcionários da Educação. Em datas a serem determinadas pela secretaria, as equipes das unidades terão um novo encontro com a equipe da empresa responsável para definição de quais servidores vão operar os sistemas para cadastros dos mesmos.

“Readmitido” pelo prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, na função de secretário municipal, o delegado Onofre Machado da Silva Junior, afirmou que o SIS otimiza os serviços prestados em segurança pública no município.

“É inegável que, de alguma forma, isso acaba desobrigando ou permitindo que a Guarda tenha outras atribuições. Obviamente sem que, quando ela for acionada, deixe de dar o pronto atendimento para essas ocorrências”, avaliou.

Machado Junior voltou à pasta de Governo, Segurança Pública e Transportes. Ele afirmou que não participou da elaboração do projeto de monitoramento. Contudo, citou que ele atende a “uma linha de pensamento” da administração municipal e que a proposta pode ser expandida.

“É uma ferramenta extremamente importante que poderia, até, ser expandida no futuro para outros prédios públicos e praças. Acho muito interessante”, disse. “A ideia é muito boa e extremamente positiva”, encerrou.