Músicos portugueses apresentam trabalho inédito no Conservatório





Nesta quarta-feira, 8, o Conservatório de Tatuí recebe, às 20h, o espetáculo “Fogo – um passeio por canções brasileiras e portuguesas”. A produção marca a segunda turnê ao Brasil do MPMP (Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa), com apoio da Direção-Geral das Artes, governo de Portugal, Embaixada de Portugal no Brasil e Camões – Instituto da Cooperação e da Língua.

Integrado pela soprano Joana Seara, pelo pianista Jan Wierzba, com apresentação de Edward Luiz Ayres d’Abreu, o espetáculo será realizado no teatro “Procópio Ferreira” com entrada franca. O espaço fica à rua São Bento, 415, no centro.

Conforme a assessoria de comunicação do Conservatório, a turnê “Fogo – um passeio por canções brasileiras e portuguesas” propõe uma viagem concebida a partir de uma das óperas mais icônicas da história da ópera em língua portuguesa: “Serrana”, de Alfredo Keil.

A ária de paixão e loucura da personagem principal faz transparecer o conflito entre viver um grande amor ou seguir o destino traçado. Ela cruza-se com uma antologia de peças de compositores brasileiros e portugueses em torno dos mesmos dilemas e imaginários amorosos.

Para acompanhar o romantismo de Alfredo Keil, a produção selecionou cinco compositores do século 20 e cinco contemporâneos e ativos. O objetivo é propiciar “uma inédita panorâmica sobre o repertório lírico luso-brasileiro das últimas décadas”.

Especiais destaques são dados para as obras de Almeida Prado, João Guilherme Ripper, António Pinho Vargas, Eurico Carrapatoso e Luís Tinoco. Este último recebeu encomenda de obra a ser apresentada nesta turnê em estreia absoluta.

Descrita como uma viagem ao repertório, a peça será apresentada por dois dos mais prestigiados músicos da atualidade portuguesa. São eles a soprano Joana Seara e o maestro e pianista Jan Wierzba.

No espetáculo, o público pode redescobrir de que forma o fogo, um dos clássicos quatro elementos da natureza, inspirou e continua a inspirar, na sua acepção mais literal ou mais metafórica, os criadores musicais da lusofonia.

Concebido como plataforma dedicada essencialmente à divulgação do patrimônio musical lusófono de todos os tempos, o movimento tem reunido, desde a sua fundação, centenas de compositores. Ele é integrado, também, por musicólogos, instrumentistas e melómanos na concretização das mais diversificadas atividades.

Através de parcerias históricas, o MPMP tem desenvolvido trabalho inédito de multidisciplinaridade e “criado pontes” entre os agentes de produção musical, com vista à valorização e dinamização de repertórios antes esquecidos ou menosprezados.

O movimento mantém trabalhos com instituições de maior relevo no panorama cultural português e lusófono, tais como: a Biblioteca Nacional de Portugal, a Universidade de Aveiro, o Museu Nacional da Música, o Museu da Música Portuguesa e a Academia Brasileira de Música, entre muitas outras.

Descrito como agrupamento de músicos afetos à associação, o Ensemble MPMP coleciona participações em eventos importantes da música portuguesa. Entre eles, o Festival Prêmio Jovens Músicos (Centro Cultural de Belém e Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian) e no Festival de São Roque.

Estreou várias obras de compositores portugueses contemporâneos e tem feito o mesmo trabalho, na vertente da modernização, com obras de Marcos Portugal (1762-1830), D. Pedro I do Brasil / IV de Portugal (1798-1834), Joaquim Casimiro Júnior (1808-1862) e Francisco Norberto dos Santos Pinto (1815-1860).

O trabalho incluiu autores como Francisco de Freitas Gazul (1842-1925) e Augusto Machado (1845-1924). Desta maneira, contribui, especialmente, para uma inédita e pioneira revisitação da música sacra portuguesa do século 19.

No espetáculo, serão apresentadas obras dos portugueses: Luís Tinoco (“Fogo”, que dá nome à turnê); António Pinho Vargas (“A maior tortura”); Eurico Carrapatoso (“Três poemas eróticos”); Alfredo Keil (“Noite medonha” – ária da ópera Serrana); e Manuel Ivo Cruz (“Mágoas de Anta” e “Amor é fogo que arde sem se ver”).

Também serão executadas composições dos compositores brasileiros: Murillo Santos (“Canção de amor”); Francisco Mignone (“Alma adorada”); Adelaide Pereira da Silva (“É tão pouco o que desejo…”); João Guilherme Ripper (“Diga em quantas linhas…” — ária da ópera Domitila); Osvaldo Lacerda (“A valsa”); e José Antônio Rezende de Almeida Prado (“Bem-vinda”).

Os músicos

Joana Seara iniciou estudos musicais na Academia de Música de Santa Cecília e no Conservatório Nacional, em Lisboa. Graças a uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, prosseguiu na Guildhall School of Music and Drama, em Londres.

Mais tarde, tornou-se bolsista de várias instituições britânicas, tais como: a Wingate Foundation, o E. M. Behrens Charitable Trust e a Worshipful Company of Barbers. Elas a ajudaram a concluir o percurso acadêmico de pós-graduação em performance e curso de ópera. Foi, também, distinguida com um Sybil Tutton Award e um Worshipful Company of Glass Sellers Music Prize.

Joana trabalha regularmente nas produções dos Músicos do Tejo. Interpretou papéis de Amore (Paride ed Elena), Belinda (Dido e Eneias), Nerina (Il Trionfo d’Amore), Vanetta (Il Frate N’namorato) e Vespina (La Spinalba).

Também com este grupo, participou nos projetos discográficos Il Trionfo d’Amore e La Spinalba (editados pela Naxos) e nas Árias de Luísa Todi. Gravou ainda o CD “18th-Century Portuguese Love Songs” (editado pela Hyperion) com o agrupamento L’Avventura London, sob a direção de Zak Ozmo.

Jan Wierzba nasceu na Polônia em 1985 e vive, desde pequeno, em Porto, Portugal. Estudou piano na Academia de Música de Espinho e no Conservatório de Música do Porto, concluindo nesta instituição o curso complementar. Ele obteve classificação de 20 valores, na classe de Constantin Sandu e Anne-Marie Soares.

Recebeu galardão em três concursos internos do Conservatório de Música de Porto e o 1º Prêmio ex-aequo no Concurso de Piano Florinda Santos em duas edições.

Após concurso público, foi contemplado com bolsa de estudos da Yamaha Music Foundation of Europe. Em 2006, venceu na categoria música de câmara (A) o Prémio Jovens Músicos (Rádio e Televisão Portuguesa).

Concluiu o curso superior de piano na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, no Porto, onde estudou com Constantin Sandu. Tem-se destacado como um dos mais promissores diretores de orquestra da atualidade na Europa.

Edward Luiz Ayres d’Abreu nasceu em Durban, África do Sul, em 1989. Iniciou os estudos de música em Portugal aos 5 anos de idade. Estudou no Conservatório Nacional, frequentou os cursos de arquitetura e história da arte e concluiu licenciatura em composição com a mais alta classificação no exame final na Escola Superior de Música de Lisboa, onde estudou com Sérgio Azevedo e António Pinho Vargas.

Em programa Erasmus, frequentou o Conservatório Nacional Superior de Música e Dança de Paris. Frequentou ainda curso de verão no Conservatório de Moscovo, onde trabalhou com Faradzh Karaev.

As suas obras foram interpretadas pela Orquestra Gulbenkian, Orquestra Metropolitana de Lisboa e Grupo de Música Contemporânea de Lisboa. A sua ópera Manucure teve estreia no ano de 2012 no Teatro Nacional de São Carlos.

É membro fundador do Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa.

Desde a criação da associação, em 2009, Ayres d’Abreu exerce a presidência.