
Da reportagem
Durante reunião do Conselho Municipal de Turismo (Comtur), o secretário-adjunto do Esporte, Cultura, Turismo e Lazer, Rogério Vianna, apresentou o novo projeto expográfico do Museu Histórico “Paulo Setúbal” de Tatuí. O documento conta com apoio da Fundação Itaú e será executado pela empresa Arquiprom.
Na ocasião, Vianna apresentou o projeto e o novo logotipo aos conselheiros, deixando a palavra aberta para quem quiser enviar sugestões e opiniões, por meio do e-mail do museu.
Nesta primeira fase, será alterada a identidade visual do museu, que atualmente representa um tatu e será “modernizada”. “Fizemos um estudo para atualizar, modernizar e renovar, mantendo o tatu como referência. Utilizamos a fachada do prédio como base, tornando a proposta mais contemporânea”, comentou Vianna.
“Nosso museu é todo estruturado em arcos, tanto externa quanto internamente, então, a equipe de identidade visual teve a ideia de dividir o arco simetricamente e inserir referências dos vitrais na nova logomarca”, acrescentou.
De acordo com o secretário-adjunto, um museu “repensa” a expografia a cada sete ou dez anos. No entanto, o Museu “Paulo Setúbal” mantém a mesma há 15 anos. “Já passou da hora de repensarmos a expografia. Temos palavras que caíram em desuso, como ‘índio’, que hoje é ‘indígena’”, exemplificou.
“Nosso vocabulário mudou e se aperfeiçoou, e precisamos trazer essa modernidade, especialmente por sermos uma cidade turística. Vamos receber visitantes de outras regiões, e eles precisam ser bem acolhidos”, argumentou Vianna.
A renovação da expografia será dividida em quatro fases. Nesta primeira etapa, as intervenções ocorrerão no subsolo e no térreo. O investimento da Fundação Itaú nesta fase será de aproximadamente R$ 600 mil. A reforma do primeiro andar, prevista para uma etapa futura, custará em torno de R$ 1,5 milhão. Toda a nova expografia será implementada ao longo de quatro anos.
As mudanças no museu têm como foco principal a acessibilidade. Segundo Vianna, devido à altura do prédio, não seria viável a construção de uma rampa de acesso, pois “ela teria que dar muitas voltas pela praça”. As opções estudadas são a instalação de um elevador ou de esteira rolante ao lado da escada.
“Estamos analisando a melhor opção. A esteira seria ideal, mas custa R$ 220 mil, enquanto o elevador custa R$ 60 mil. No entanto, o elevador interferiria na fachada do museu”, explicou.
Entre as mudanças apresentadas por Vianna, está a realocação das mochilas na ala dos mochileiros e da recepção, além da apresentação da história do prédio com painéis de texto e um mapa tátil.
“Hoje, não temos nada tátil no museu. Os objetos não podem ser tocados, pois fazem parte do acervo. Por isso, eles serão guardados na reserva técnica, e teremos objetos táteis disponíveis ao público”, antecipou o secretário-adjunto.
Outras novidades incluem a instalação de totens de pesquisa, uma arte em grafite retratando a cultura tatuiana e uma área dedicada à Semana Paulo Setúbal, evento anual promovido pela prefeitura.
Ainda segundo Vianna, o “Galardão” – atualmente em exposição – será transferido para a reserva técnica. No lugar, será colocada uma réplica, que poderá ser tocada. “É uma peça rara e exige cuidados especiais. Está exposta ao sol, o que pode danificá-la. É um objeto de grande valor”, observou.
Será criada também uma mesa interativa, intitulada “Paulo Setúbal por inteiro: o homem e seus caminhos”, com todos os livros do autor digitalizados e um jogo de palavras baseado nas obras dele.
Durante a apresentação, Vianna comentou sobre a importância da família Setúbal, que investe na cultura tatuiana por meio de editais. “Vamos valorizar a árvore genealógica da família, como reconhecimento pelo trabalho que vêm desenvolvendo conosco”, informou.
“É claro que este é apenas o projeto inicial. Ainda haverá uma fase de aprofundamento e verticalização da pesquisa”, explicou.
O museu também receberá novos objetos que atualmente não fazem parte da exposição, como a cadeira onde Paulo Setúbal costumava escrever e sua máquina de escrever, entre outros.
Outro item que será transferido para a reserva técnica é o baú de Chico Pereira. “É grande e ocupa muito espaço. Faremos uma referência diferente para que as crianças entendam por que o baú está ali. Muita gente não sabe que ele doou tudo o que tinha aos pobres, colocou o que restou no baú e, só então, foi para o asilo”, lembra.
No subsolo, há uma sala que, originalmente, seria uma loja do museu, mas nunca foi utilizada com essa finalidade. Nesse espaço, será montada uma exposição dedicada a escritores, com curadoria rotativa a cada três meses.
“Inseriremos o QR Code dos escritores. Não venderemos livros no local, mas direcionaremos os visitantes para onde podem acessar o conteúdo”, comentou Vianna.
A expografia também ganhará uma ala chamada “Tatuí em Notícias”, onde serão apresentadas figuras que marcaram época e personalidades tatuianas, além de manchetes de diversas épocas.
“Essa sala terá uma das maiores mudanças. A ideia é que se transforme em uma grande redação de jornal, apresentando as personalidades locais”, explicou.
Outra referência cultural a ser incluída no museu é a “Terra dos Doces Caseiros”, com receitas escritas à mão.
“Atualmente, não há nenhuma referência ao doce no museu. Teremos essa representação, inclusive com o cheiro. A ideia é que, ao mexer em um mecanismo, ele simule o processo de caramelização e libere o aroma, para que possamos entender a importância do doce para a cidade”, contou Vianna.
O museu também deve receber um espaço para intervenção de artistas plásticos locais, com exposições renovadas a cada três meses, assim como o espaço dedicado aos escritores, incentivando a visita recorrente ao museu.
De acordo com Vianna, a meta é concluir as mudanças nos dois andares do museu até o aniversário de 200 anos da cidade. “Para isso, precisamos começar agora. Já estamos atrasados, mas, como vínhamos dialogando há muito tempo, estamos ‘respirando bem’. A partir de julho, começaremos a entrar no ‘sufoco’”, prevê.
“O problema não é ter o apoio da família Setúbal: a questão é que o prédio não pertence ao município. Precisaremos reunir toda a documentação e submetê-la ao governo do estado, para obter autorização para as mudanças estruturais”, finalizou Vianna.