Cristiano Mota
Funcionários preparam equipamento ‘pesado’ utilizado na ancoragem das tubulações no Pq. San Raphael
Dentro de 60 dias, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) deve concluir, no Parque San Raphael, obra no valor de R$ 1,2 milhão. Trata-se de um “booster”, equipamento que ampliará a velocidade e a vazão de água bruta captada no rio Sarapuí e permitir que a cidade não tenha problemas de desabastecimento – com crescimento – nos próximos 20 anos.
O projeto civil começou a ser executado no início deste ano, conforme informou o gerente da área de engenharia da superintendência de Botucatu, Maurício Tapia. Acompanhado do gerente divisional de Tatuí, Adriano José Branco, ele visitou a obra na rua José Antônio de Souza, na tarde de quinta-feira, 5.
Tapia acompanhou a etapa considerada a mais importante na implantação do “booster”: a ancoragem da adutora (tubulação que leva água bruta) do rio Sarapuí até a ETA (estação de tratamento de água) da Sabesp, no São Judas Tadeu. “Esse tipo de obra não é comum do nosso dia a dia”, explicou.
A inspeção, nesse caso, foi necessária por conta do investimento e da complexidade da obra. O gerente de engenharia disse que a Sabesp tem como rotina obras de menor porte. Entre elas, manutenção de redes e troca de ligação em função de vazamentos, para clientes residenciais e empresariais.
“Quando o serviço é mais especializado, essa equipe que está aqui (de São Paulo), de manutenção estratégica, vem para executar e vistoriar os trabalhos”.
Os profissionais que atuaram na implantação do sistema de travamento trabalham no polo de manutenção de São Paulo. Eles atendem, principalmente, a região metropolitana. “Quando há necessidade, vamos a outras cidades do interior do Estado, para acompanhar obras de grau técnico maior”.
A ancoragem das tubulações exigiu a utilização de três máquinas, sendo duas retroescavadeiras (para abertura de cavas e valas, afundamento de tubos e regularização da área) e um caminhão “bate-estaca”.
O veículo é usado para cravar as estacas metálicas no solo de modo a dar resistência necessária para que elas possam suportar a pressão da água a passar pela tubulação.
O trabalho na quinta-feira exigiu a presença de 20 funcionários e foi considerado o mais delicado da etapa de construção do “booster”. “Entretanto, esse é um projeto que envolve muito mais pessoas”, disse o gerente divisional de Tatuí.
Branco afirmou que toda a etapa (desde a concepção até a execução do projeto) contou com colaboração de funcionários de São Paulo e de Tatuí.
O desenvolvimento contou com apoio do pessoal de projeto, instalações, engenharia e utiliza “todo apoio e estrutura” que a Sabesp disponibiliza, atualmente.
O sistema de montagem das tubulações ganhou atenção especial da companhia, uma vez que difere dos demais serviços de manutenção que a empresa oferece. Conforme Tapia, a adutora exigiu tubulações franjadas (parafusadas).
“Elas são diferentes de uma obra de distribuição de água, ou de um ramal de redistribuição, que é mais fino e de PVC e usa encaixe de bolsa e anel de borracha”, comentou.
Como é um serviço mais técnico, a equipe de engenharia esteve no local para acompanhar a instalação do sistema de travamento. Tapia afirmou que a equipe teve atenção maior com a ancoragem. O objetivo era garantir que a estrutura da interligação fosse rígida o suficiente para aguentar a pressão da água.
Desse modo, a companhia reduz as chances de vazamento ou rompimento da tubulação. O “booster” foi interligado à adutora já existente – ela passa pelo San Raphael em direção à ETA.
Ele exigiu a instalação de bombas, que aumentarão a velocidade e a vazão da água mandada para a estação por meio de um desvio interligado à adutora principal, com 15 quilômetros de extensão.
A tubulação instalada no trecho do bairro tem 500 milímetros de diâmetro e está a dez quilômetros do rio Sarapuí. Ela vai possibilitar a ampliação da capacidade de captação de água bruta do rio em, aproximadamente, 50%. “Então, é um investimento importante, para que possamos ter mais água aduzida”, disse Branco.
O gerente divisional informou que a obra está 50% executada. Ela deve ficar pronta – já operando – no prazo de 60 dias, permitindo à companhia aduzir mais água do Sarapuí, poupando o rio Tatuí no período de estiagem (sem chuvas).
Segundo Branco, o Sarapuí é um “mais perene” durante os meses em que há escassez de chuva. Já o Tatuí acaba sendo mais afetado durante esse período.
Com isso, a Sabesp ganha mais capacidade de produção de água, o que não significa aumento. A capacidade produtiva, em Tatuí, é de 450 litros de água por segundo, o que não significa aumento de 225 litros (50%).
“A conta não é essa. Na verdade, a gente não quer aumentar, mas ter capacidade de produzir. O que estamos garantindo é que a cidade não vai sofrer desabastecimento durante a estiagem com uma possível seca do rio Tatuí”, disse.
Nesse caso, a obra possibilita que a Sabesp tenha “reserva de 50%”, aumentando o tratamento de água captada do Sarapuí e reduzindo a captação do Tatuí.
A intervenção exigiu a construção de uma estação de bombeamento de água, com casa de bombas, cabine de energia (com painéis elétricos) e a interligação junto à adutora existente. “É uma obra que vai mandar mais água, aumentando a velocidade de água dentro da adutora”, comentou.
Com equipamentos – comprados no final do ano passado –, construção de abrigo para o painel eletrônico e aquisição da área, a Sabesp investiu R$ 1,2 milhão.
Além de poupar o rio Tatuí nos períodos de estiagem, a obra deve possibilitar que a companhia mantenha capacidade de fornecimento de água para novos empreendimentos no município. “Isso vai permitir que a cidade cresça nos próximos 20 anos, tranquilamente”, garantiu o gerente divisional.