Polícia Civil
Desempregado é acusado de ter abusado da avó na casa dela, onde residia havia perto de um mês
Durante 16 horas, uma aposentada de 84 anos ficou à mercê do próprio neto, de 21. A vítima sofreu violência sexual praticada pelo parente, dentro da própria casa, localizada no Jardim Santa Rita de Cássia, entre a noite de terça-feira, 13, e às 12h de quarta-feira, 14.
A violência provocou indignação de funcionários e policiais militares e civis que atuaram no caso. Até o fechamento desta edição (sexta-feira, 16, 17h), a aposentada permanecia internada, recebendo tratamento psicológico e medicamentos.
O suspeito da violência é o desempregado Felipe Pereira Casciano. Ele teria confessado o crime em depoimento prestado ao delegado titular do município, José Alexandre Garcia Andreucci. Casciano está preso em unidade especial.
Para a PC, ele afirmou que não teria consciência de que havia violentado a própria avó. Declarou que estava sob efeito de álcool e de drogas e que sabia que havia mantido relações sexuais com “uma mulher”, mas que não tinha noção de que ela seria a pessoa que o acolheu em casa havia pouco mais de um mês.
Casciano é citado no inquérito policial como “problemático”. De acordo com as investigações, ele já teria sido internado pela família em mais de uma clínica de recuperação. Entretanto, não teria permanecido muito tempo em nenhuma delas.
Nos últimos meses, o desempregado estaria mudando constantemente de cidade, ficando entre Tatuí e São Paulo. Havia pouco menos de um mês ele teria pedido ajuda à avó. A idosa confirmou a informação à polícia ainda no pronto-socorro.
Ela também disse que não tinha controle sobre o neto. Afirmou que ele passava um determinado período na casa dela e outro nas ruas.
Contou que Casciano estava residindo na propriedade dela havia pouco tempo e que sabia que ele era viciado em drogas. Relatou que, no dia do crime, ele retornou para a casa por volta das 20h. Passado algum tempo, começou a violentá-la.
Mesmo abalada, a aposentada conseguiu descrever aos policiais os abusos cometidos pelo neto. De acordo com ela, a violência sexual estendeu-se durante toda a noite de terça-feira e a madrugada de quarta.
Ainda na madrugada, ele teria parado de violentá-la, voltando na manhã do dia seguinte. O estupro continuou até a hora do almoço, quando a avó conseguiu fugir da casa, procurar ajuda com vizinhos e ser levada ao pronto-socorro.
Conforme boletim de ocorrência, a mulher encontrou um pedreiro que trabalhava na obra de uma casa vizinha e levou-a até a residência de uma mulher ali perto. A moradora, então, socorreu a mulher até o ambulatório.
O crime é tipificado pela PC como estupro de vulnerável. Segundo explicou o delegado titular, são consideradas vulneráveis as pessoas sem condições de se defender.
“Entra como vulnerável o menor de idade, a pessoa sob efeito de droga, ou que tem problemas mentais, e a pessoa com muita idade, que não tem condições físicas de se defender”, detalhou.
Andreucci ouviu Casciano na manhã de quinta-feira, 15. O neto teria dito, em depoimento, que teria ingerido bebida alcoólica e usado drogas na noite do crime.
O suspeito alegou que não tinha consciência de que estava violentando a avó, mas sabia que estava mantendo relações com uma mulher.
Ele afirmou que manteve três relações, confirmando que havia obrigado “alguém” a praticá-las com ele. Disse que, depois de um tempo, acabou dormindo.
Conforme o delegado, a idosa deve tomar medicamentos para evitar transmissão de doenças. Com ajuda dela, a Polícia Militar conseguiu deter Casciano. O neto estava dormindo quando os policiais chegaram na residência.
“Durante a lavratura do auto de prisão em flagrante, ele estava sem condições de prestar depoimento e ser interrogado. Ao amanhecer, eu o ouvi”, disse Andreucci.
No interrogatório, o desempregado teria confessado o crime, afirmando que “estava arrependido”.
“Ele declarou que tinha consciência de que havia transformado a vida da avó num inferno e que o único laço de parentesco que ele tinha – que era com a idosa – havia sido rompido”, contou o delegado.
Na tarde de quinta-feira, a PC transferiu o neto. Casciano está detido no presídio-seguro de Apiaí. Trata-se de unidade prisional especial, que recebe pessoas que não podem conviver com outros detentos. Se condenado, ele está sujeito a pena que varia de 8 a 12 anos de reclusão.
Para o delegado, o desempregado teria dito que a “corresponsabilidade do ato brutal seria da falta de consciência por conta do uso de drogas”. Andreucci, no entanto, afirmou que o efeito de entorpecente não é atenuante.
“Ele deve pegar pena máxima pelo crime que praticou, independentemente de ter tido ou não consciência da brutalidade”, citou o titular.