Carlos Serrão
Como parte da 81ª Semana Paulo Setúbal, a “Ocupação Expedycto Lyma”, sobre o cineasta amador radicado em Tatuí, chega pela primeira vez à cidade, depois de passar por espaços na capital. O evento tem apoio cultural do jornal O Progresso de Tatuí.
Organizada pelo artista de vídeo, montador e pesquisador do cinema brasileiro Felipe Abramovictz, nascido em São Paulo mas criado em Tatuí – onde ainda mantém uma “base” -, o evento abre na sexta-feira, dia 4, e fica em cartaz até o dia 30 de setembro, no Museu “Paulo Setúbal” (Praça Manoel Guedes, 98, centro).
“É uma grande satisfação trazer o evento para Tatuí, depois de uma circulação no Centro de Memória do Circo, na Cinemateca Brasileira e na Assembleia Legislativa do estado de São Paulo, em distintas configurações e formatos”, festeja Abramovictz.
Segundo ele, a cenografia, concebida por Jaime Pinheiro – também de Tatuí – especialmente para o espaço do Museu “Paulo Setúbal”, tem a ambientação do estúdio de cinema e do Circo-Theatro do Alemão, espaços importantes na carreira de Expedycto Lyma, que foram “recriados”.
“Nosso objetivo é possibilitar com que a obra de Expedycto Lyma receba, afinal e merecidamente, uma divulgação mais ampla na cidade em que o artista passou boa parte de sua vida e esperamos que a exposição, a realização de debates e a exibição de seus filmes contribuam para isso”, espera o organizador.
A abertura, na sexta-feira, dia 4, às 19h, contará com intervenção musical dos cururueiros de Tatuí, leitura de poemas, com participação da cineasta Luna Alkalay, e exibição de “O Misterioso Senhor Moretti” (1980), com cenas filmadas no museu. O próprio Lyma estará presente na sessão.
No dia 12, às 15h, acontece a exibição de “Sentimento Mortal” (2001-2002), com bate-papo com o curador Abramovictz.
No dia 26, também às 15h, será a vez de “O Filho de Dioguinho” (1981), seguido de bate-papo com Abramovictz.
O cineasta
Produtor incansável, poeta, roteirista, diretor, ator, diretor de arte, técnico de efeitos especiais, trilheiro, divulgador, bilheteiro e uma espécie de artesão da cena, Expedycto Lyma realizou mais de 20 longas-metragens, 10 deles em super-8 (entre 1979 e 1984), o que o torna o maior realizador do país na bitola em longas-metragens de ficção.
Com longa trajetória no circo-teatro, foi dono de companhia, ator, dramaturgo, atuou como palhaço (quando recebeu as alcunhas de Alemão e Polaco) e, além disso, exerceu a profissão de marceneiro.
“Tais diferentes ofícios, porém, não se dissociam em nenhum momento do seu fazer artístico e são parte do seu modo de pensar o cinema, questão essa que tem como ponto chave o pavilhão por ele construído para, de forma circulante, exibir seus filmes em bairros distantes do centro urbano”, diz Abramovictz.
“Aquelas sessões eram por vezes precedidas de números cômicos nos quais o próprio Lyma entrava em cena. Após alguns anos dedicados ao teatro, o artista voltou a filmar em VHS no fim dos anos 1990, quando teve que buscar novas maneiras de viabilizar sua produção, sempre com auxílio de amigos, entusiastas do seu cinema e antigos parceiros de cena dos tempos do circo”, continua.
Com curadoria de Abramovictz, a exposição faz uma homenagem ao artista, propondo uma ocupação artística em torno de sua obra.
Há exibições e intervenções musicais, para apresentar as ações de pesquisa realizadas desde 2019 no projeto “Cinema É Sonho”, de Abramovictz, a partir do resgate e digitalização de seu acervo e o restauro de seus filmes.
Para mais informações sobre o projeto, acesse @cinemaesonho nas redes sociais, ou o site www.cinemaesonho.com.br.