Da reportagem
O número de mortes por causas naturais aumentou 13,15% de janeiro a dezembro de 2020 em comparação ao mesmo período de 2019. Estatísticas consultadas na manhã de sexta-feira, 15, apontavam um total de 981 óbitos declarados em 2020, enquanto, em 2019, 867 pessoas perderam a vida por causas naturais.
Os dados são apontados por levantamento divulgado no Portal da Transparência do Registro Civil, órgão administrado pela Arpen-Brasil (Associação Nacional dos registrados de Pessoas Naturais).
O Portal da Transparência é atualizado diariamente por todos os cartórios do país. As estatísticas se baseiam nas declarações (documentos preenchidos pelos médicos com os falecimentos) que dão origem às certidões de óbito, registradas nos cartórios para a liberação dos sepultamentos.
Segundo o levantamento, o crescimento foi de 114 óbitos no período de janeiro a dezembro. Em janeiro, os registros haviam apresentado queda de 14,45% nas mortes por causas naturais, saindo dos 83 óbitos em 2019 para 71 em 2020. No segundo mês do ano, os números permaneceram equivalentes, com 58 registros em fevereiro dos dois anos.
Os números começaram a subir em março, período que coincide com as primeiras confirmações da Covid-19, passando de 67 mortes, em 2019, para 77, em 2020 – o que representa aumento de 14,92%.
A tendência de aumento seguiu no mês de abril, com salto de 67 para 70 mortes (4,47%). Em maio, o levantamento mostra o maior crescimento em percentual, com 24 mortes a mais que em 2019, passando de 67 para 91 óbitos (35,82%). Em junho, as mortes subiram de 78 para 93 (19,23%).
O mês de julho apresentou queda e aparece com 9,61% menos mortes, passando de 104 registros, em 2019, para 94, em 2020. Contudo, em agosto, os números voltaram a subir, de 75 para 98 registros (30,67%) – terceiro pior índice do ano.
No mês de setembro, o crescimento foi de 13,92%, passando de 79 para 90 mortes. Outubro aparece com o segundo pior resultado do ano, com 34,92% mais mortes que em 2019, saltando de 63 para 85 registros.
Os óbitos ocorridos nos últimos dois meses do ano também seguiram em alta. Com aumento de 16,42% em novembro, passando de 67 óbitos no mês, em 2019, para 78, em 2020; e saltando de 59 para 76 registros em dezembro (28,81%).
Desde o início da pandemia, a plataforma do Registro Civil passou a informar dados de óbitos por Covid-19 (suspeitos ou confirmados) e, ao longo dos meses, novos módulos abrangendo mortes por doenças respiratórias e cardíacas, com filtros por estado e município.
As mortes por causas naturais são resultado de doença ou mau funcionamento interno dos órgãos, e, nesta classificação, estão os óbitos por Covid-19, a SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), pneumonia, insuficiência respiratória e septicemia (choque séptico).
Até às 12h de sexta-feira, 15, a tabela de registro de mortes declaradas em 2020 apontava 49 mortes por insuficiência respiratória, 135 por pneumonia, 101 por septicemia, dois por causa indeterminada (ligada a doença respiratória, mas não conclusiva) e três por SRAG.
Além disso, o levantamento mostrava um total de 119 mortes por Covid-19 em 2020. Contudo, a assessoria de comunicação do portal explica que, quando na declaração de óbito há menção de Covid-19, coronavírus ou novo coronavírus, considera-se como causa a Covid-19 (suspeita ou confirmada).
Entre as causas cardiovasculares, o levantamento aponta 85 mortes por AVC, 81 por infarto e 64 por causas vasculares inespecíficas. Ainda, 342 óbitos estão relacionados a outros tipos de doenças.
No mesmo período de 2019, houve quatro registros de morte por síndrome respiratória aguda grave, 179 por pneumonia, 50 por insuficiência respiratória, 104 por septicemia e nove por causas respiratórias indeterminadas.
Além disso, 76 pessoas faleceram por AVC, 48 por infarto, 54 por outras causas cardiovasculares inespecíficas e 343 relacionadas a demais doenças.
A atualização do Portal da Transparência pelos registros de óbitos lavrados pelos cartórios de registro civil obedece a prazos legais.
A família tem até 24 horas após o falecimento para registrar o óbito em cartório, o qual, por sua vez, tem até cinco dias para efetuar o registro e, depois, até oito dias para enviar o ato à Central Nacional de Informações do Registro Civil, que atualiza a plataforma.