Moradores da rua Humaitá decoram quarteirão com bandeiras do Brasil





José Roberto do Amaral

Decoração na rua estpa fazendo muito ‘sucesso’ entre a população

 

Com a proximidade do início da Copa do Mundo, moradores de um quarteirão da rua Humaitá, no centro, tomaram a iniciativa de ambientar o local para promover a disputa. No domingo, 1º, eles penduraram “bandeirinhas” do Brasil na quadra toda, com início na casa de número 157 e final na de 220.

Ana Aparecida Tavares do Amaral foi quem teve a ideia de decorar a rua em que mora com o marido José Roberto do Amaral. Ela afirmou que estava havia bastante tempo pensando em algo para “animar” o local. Conversando com alguns vizinhos, decidiram colocar as bandeirinhas.

A princípio, Ana e Amaral não acreditavam que a ideia daria certo, porque são muitas casas e alguns comércios no quarteirão. Eles achavam que a maioria não aceitaria gastar dinheiro para a compra da decoração.

O morador Augusto Benedetti e o comerciante Rui Benedito de Almeida Camargo gostaram da ideia e decidiram ajudar o casal a conversar com as famílias moradoras do quarteirão e decidir o que fariam para “alegrar” a rua.

Camargo havia comprado as bandeirinhas para deixar à venda no estabelecimento comercial dele, e deu a ideia de utilizá-las. Conversou com todos os vizinhos e, para a surpresa dos organizadores, todos aceitaram decorar a rua e se mostraram disponíveis a ajudar financeiramente.

Amaral contou que o auxílio dos vizinhos foi muito importante, porque, a princípio, ele havia imaginado que ninguém ajudaria e a rua ficaria com pouca decoração. Porém, com a vizinhança solícita, foi possível comprar muitas bandeirinhas e, ainda, pensar em outras formas de decoração.

Benedetti afirmou que, no próximo domingo, 7, ele vai desenhar e pintar bandeiras do Brasil em algumas calçadas e guias do quarteirão. As tintas utilizadas deverão ser adquiridas pelos moradores do local e por meio de doações.

As bandeirinhas foram colocadas por Amaral e um pintor amigo dos moradores, no domingo, entre 10h30 e 15h. A decisão de fazer a decoração no domingo foi pelo fato de que, segundo os moradores, a rua é pouco movimentada. Porém, eles haviam esquecido de que, no dia, haveria um bingo na redondeza.

O movimento foi bastante intenso e muitos carros estacionaram no local. Isso, porém, de acordo com Benedetti, não atrapalhou quase nada.

Ele afirmou ter sido “até bom”, para eles terem certeza de que a altura que colocaram as bandeirinhas era suficiente para não atrapalhar a passagem de veículos grandes, como ônibus e caminhões.

“Nós estávamos com medo de os ônibus enroscarem. Depois que vimos que eles passavam, foi uma festa. E foi lindo ver o pessoal passando embaixo também, parecia uma procissão”, divertiu-se Benedetti.

Amaral disse que, no começo, foi um pouco complicado, porque ele não sabia como fazer, não podia subir com objetos cortantes para não se machucar e teve que pendurar os enfeites acima dos cabos de telefone, para evitar que enroscassem em veículos.

De acordo com Amaral, em casas que possuem varandas, foi mais fácil pendurar a decoração. Porém, em residências mais baixas, houve mais dificuldade, porque foi preciso “improvisar”, utilizando bambus e madeiras para anexar os enfeites.

Conforme Camargo, as bandeirinhas são de plástico e já vêm costuradas em uma linha resistente. Portanto, ele afirmou que a decoração, certamente, irá durar por bastante tempo na rua, mesmo com ventos ou dias chuvosos.

Ana contou que os moradores e comerciantes do local sempre gostaram bastante de futebol. Assim, “a decoração serve para manter esse espírito esportivo das pessoas”.

De acordo com a moradora, em dias de jogos, a vizinhança sempre sai para comemorar junto, ou brincar com torcedores do time que perdeu na rodada. “Sempre saímos nas sacadas, nas ruas, para gritar”, afirmou.

Camargo disse que, em dias de jogos, sempre deixa a loja aberta, e ele mesmo faz uma “bagunça” no local, para chamar a atenção dos moradores. Por isso, falou que a decoração será importante para mostrar “o quanto eles gostam de futebol e para entrar no clima de Copa do Mundo”.

De acordo com Camargo, há um incentivo maior para que a população se anime e torça, pois o evento será aqui no Brasil. “É um quesito importantíssimo, é um algo a mais. E, também, há aquelas pessoas que nem gostam de futebol, mas torcem na Copa do Mundo”, salientou.

Ana disse que acha importante a decoração para demonstrar apoio ao futebol brasileiro, “pois está um clima chato, por causa de movimentos e protestos contra o governo”. Segundo ela, “o momento de protestar é na eleição, agora, é hora de torcer”.

“E outra: se não era para ter Copa, que decidissem antes, na hora que falaram ‘vamos fazer’, que todos protestassem antes. Agora, não adianta falar que é contra”, sustentou Amaral.

Benedetti afirmou que, com a decoração na rua e a torcida em jogos, ele estará fazendo a “parte dele” e espera que os jogadores não o decepcionem e conquistem o hexacampeonato.

Amaral acredita que, se a seleção brasileira passar das quartas de final, as pessoas entrarão no “espírito” de Copa do Mundo. “Aí, vai melhorando, com certeza. Você vai ganhando e vai ficando eufórico”.

Os moradores esperam que a decoração do quarteirão deles seja como um incentivo a outras pessoas da cidade, para que a população se manifeste e apoie a seleção brasileira.

“O pontapé inicial teve. A gente espera que, agora, muitas ruas das cidades também tenham essa energia positiva. Infelizmente, estamos escutando só coisas negativas. Você liga a televisão e quase tudo é negativo. É tão gostoso ver coisas que valem a pena e nos enchem de alegria”, afirmou Camargo.

A decoração, segundo os moradores, está fazendo sucesso. Muitas pessoas param para perguntar como foi feito e para tirar fotos das bandeirinhas.