Da reportagem
A Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí retorna ao palco do Teatro “Procópio Ferreira” nesta quarta-feira, 22, às 20h30, sob a regência do maestro Emmanuele Baldini.
O concerto terá como destaque a estreia de duas obras: “Post Mortem”, do compositor brasileiro João Rocha, e “Sinfonia nº 3”, da compositora norte-americana Amy Beach.
A entrada é gratuita e os ingressos podem ser retirados pela plataforma virtual INTI ou na bilheteria do teatro, aberta de terça-feira a sexta-feira, das 13h às 16h e das 17h às 20h, à rua São Bento, 415, centro.
Segundo Baldini, as obras do programa são “simbolicamente muito importantes”. “Uma obra nunca executada antes, a peça de João Rocha, de oito minutos de duração, é uma reflexão sobre o sentido da morte, evocativa e meditativa. Brasileiro radicado nos Estados Unidos, o jovem João Rocha explora musicalmente o profundo da alma humana em seu ‘Post Mortem’’’, descreveu.
Ainda sobre o trabalho de Rocha, Baldini observa que, “ao abordar temas fortes, o concerto fará as pessoas terem uma dupla leitura”. “Ao mesmo tempo em que se escutam momentos melancólicos, também se ouve lembranças boas, seguidas de pura nostalgia”, acrescenta.
Baldini está na regência da Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí desde o início deste ano. Assim que chegou à cidade, uma de suas prioridades, conta ele, foi a de “propor músicas pouco conhecidas e de autores brasileiros a fim de abordar temas atuais, como as minorias”.
“Este concerto é um exemplo disto. Vale a pena dar uma atenção especial a esses assuntos. Sobretudo, quando o repertório é de qualidade”, pontuou Baldini.
Sobre Amy Beach, Baldini observou que a compositora escreveu sua “Sinfonia nº 3” quase 130 anos atrás, e que foi a primeira obra sinfônica escrita por uma mulher, ainda não publicada. “Inspirada na cultura celta, daí vem o título ‘Gaelica’. É um monumento grandioso, cheio de inspiração”, acrescentou.
“Emy está entre as dez figuras femininas que transformaram a música de concerto. Ela foi a primeira mulher a ter uma obra sinfônica publicada na história da música”, destacou.
“A expectativa é grande, já que se trata de um concerto com músicas inéditas. É o dever de uma orquestra sinfônica alternar o repertório saindo das músicas populares e explorando as menos conhecidas”, salientou Baldini. Para ele, “há obras que merecem ser redescobertas e valorizadas”.
A Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí foi criada em 1985 e tem cerca de 60 integrantes. Já recebeu regentes convidados como Roberto Tibiriçá e Gottfried Engels. Também convidou solistas como Alex Klein, Fabio Cury, Rosana Lamosa, Emmanuelle Baldini, entre outros.
Para Baldini, é diferente a abordagem quando se rege uma orquestra profissional e uma de formação, ou seja, com bolsistas e jovens em sua fase de estruturação.
“Como regente, tenho que criar um estímulo nesses jovens para que encarem o percurso atual de formação de uma forma ampla, com horizontes abertos. É um trabalho constante de encantamento”, completou Baldini, que trabalha no Brasil desde 2005.
O músico é spalla (nome dado ao primeiro-violino de uma orquestra) da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), regente titular da Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí e membro do Quarteto de Cordas da Osesp.
Amy Beach
Amy Beach nasceu em New Hampshire, Estados Unidos. Filha da pianista e da cantora Clara Imogene, era autodidata. Com dois anos de idade, já cantava com sua mãe. Aos seis anos, começou a ter aulas de piano com clara e, aos sete, tocava sonatas de Beethoven e composições próprias.
Aos 18 anos, a artista se casou com o médico Henry Beach e decidiu restringir seus recitais públicos. Após as mortes de sua mãe e do marido, recomeçou a carreira e viajou à Europa em turnê de 1911 a 1914. Faleceu em 1944.
Carlos Rocha
Carlos Rocha nasceu em Santos, litoral paulista. Estudou no Conservatório “Villa-Lobos” de lá, e, em 2013, formou-se em regência orquestrada pela Universidade de Campinas (Unicamp). Além de ser compositor e regente, também toca piano.
Como compositor, tem estado, desde 2006, sob a orientação do compositor Gilberto Mendes. Foi um dos jovens maestros selecionados para atuar à frente da Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo (Osusp), sob a orientação do maestro Nicolas Pasquet.