Da reportagem
Ele começou a caracterizar-se como “Bom Velhinho” em 1995 e atuou como o Papai Noel oficial do município entre 2010 e 2018. Atualmente, Wilson Machado, o Machadinho, não é mais intérprete da personagem, porém, continua com o mesmo desejo de 25 anos atrás: resgatar o “verdadeiro espírito natalino”.
Há 25 anos, o empresário decidiu, por vontade própria, usar as roupas do Bom Velhinho. O gorro e a vestimenta vermelha passaram a fazer parte do guarda-roupa dele por conta de ação realizada na Paróquia Nossa Senhora das Graças, na vila Doutor Laurindo.
O empresário conta ter começado a caracterizar-se, voluntariamente, a convite da atual Feira de Artesanato – Capital da Música, tendo recebido uma tenda emprestada. Na ocasião, a prefeitura já contava com um Papai Noel “próprio”.
“Nós tínhamos um propósito: resgatar o verdadeiro espírito do Natal, o nascimento de Jesus. Lembrávamos a todos que nos visitavam para valorizarem o presépio e não se esquecerem do aniversariante”, relembra Machadinho.
No segundo ano, adquiriu uma tenda e uma série de equipamentos para seguir com o trabalho voluntário, com apoio da ACE (Associação Comercial e Empresarial), de Tatuí, através da então presidente Lucia Bonini.
Durante o dia, Machadinho desfilava pela associação e visitava as pré-escolas municipais e, à noite, atuava em praças. “Nas pré-escolas, perguntávamos: dia 25 é Natal, e nós comemoramos o aniversário de quem? A resposta quase unânime: Do Papai Noel”, revela.
“A falta de um presépio em casa, a explicação dos pais e a ajuda para montagem justificam a ignorância”, aponta o intérprete do Bom Velhinho.
Posteriormente, o empresário foi transferido da tenda própria para uma maior, da prefeitura, “com mais conforto e recursos”, passando a receber os pirulitos, em forma de coração, para distribui-los.
Durante esse período, Machadinho realizou diversas aparições em Tatuí como Papai Noel, apesar de não terem acontecido em todos os anos. Em 2010, ele começou a dividir o cotidiano com Vera Lúcia Torres, que passou a “dar vida” à Mamãe Noel.
O casal percorreu diversos bairros do município, como vila Angélica e o Jardim Santa Rita de Cássia, para visitar as crianças e tirar fotografias com elas, além de também participarem de festas particulares.
Para desenvolver o trabalho em Tatuí, o casal dispensou convites feitos por centros comerciais da cidade e região. Em entrevista a O Progresso, em 2014, Machadinho disse que os dois eram convidados a trabalhar, de forma remunerada, em cidades do Estado de São Paulo e fora dele.
“Não vamos, porque eu tenho um pensamento: como ficarão as minhas crianças pobres de Tatuí?”, indagou, na oportunidade.
Certo tempo depois, o Papai Noel “ganhou” uma casa no Centro Cultural – segundo ele, bem melhor. “Tínhamos todo o apoio da secretaria de cultura, inicialmente com o Jorge Rizek e, depois, com o Cassiano Sinisgalli”, garante Machadinho.
Conforme ele, “fazer a alegria de crianças e ‘crianças adultas’ é compensador, mas muito cansativo, e, aos 81 anos, decidiu parar”.
A despedida das festividades natalinas em Tatuí aconteceu em 2018, e Machadinho e Vera Lúcia foram homenageados pela prefeitura no ano passado.
“Lançamos a semente, mas, nesta época de festas, a nossa preocupação é com os presentes, enfeites, ceias, passeios e confraternizações, e acabamos nos esquecendo do aniversariante, o menino Jesus”, declara.
“A espera é sempre pelo Papai Noel. As casas não têm um presépio, no máximo uma árvore de Natal; as crianças não recebem a catequese do lar, a menor igreja e a base do cristianismo”, complementa Machadinho.
Ele sustenta ter formado, com Vera Lúcia, o primeiro casal de “Noéis” na região, atraindo inúmeros turistas. Atualmente, o empresário garante que eles continuam “lutando pelo ideal de resgatar o verdadeiro espírito do Natal e da Páscoa”.
“São as duas principais comemorações do cristianismo: o nascimento e a ressurreição do nosso Senhor Jesus Cristo. Elas foram paganizadas e substituídas pelo Papai Noel e pelo coelhinho da Páscoa”, ressalta.
“É triste, mas é a realidade: somos omissos e indiferentes. Um movimento para recuperar a fé faz-se necessário. Quem pôde ler esta mensagem peço para que reflita: posso fazer algo, depende de mim? A todos, um feliz Natal”, concluiu Machadinho.