Júri condena a 18 anos dupla acusada de matar sem-teto





O Tribunal do Júri da comarca condenou a 18 anos e 10 meses de prisão dois moradores de rua acusados de espancar e matar por asfixia José Carlos da Silva, conhecido como “Carlinhos”. A sentença foi dada na terça-feira, 21. O crime ocorreu em junho de 2012.

Anderson Ribeiro e Emerson Aparecido Alves foram considerados culpados pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.

De acordo com a sentença, “ficou comprovado o emprego de meio cruel, de recurso que dificultou a defesa da vítima e o motivo fútil”. Eles cumprirão a pena em regime fechado, em razão de se tratar de crime hediondo.

O Tribunal do Júri teve duração aproximada de nove horas. Durante a explanação, o promotor criminal Carlos Eduardo Pozzi ressaltou a importância da gravação da confissão de Ribeiro em uma entrevista a O Progresso na época do crime.

O assassinato ocorreu em um terreno baldio na rua Gerônimo Antônio da Silva. O local fica nas proximidades do “curtume”. Segundo os autos, a vítima e os autores do crime teriam “certa rixa” e possuíam histórico de desentendimentos.

De acordo com os autos disponibilizados pelo “site” do TJ-SP (Tribunal de Justiça) de São Paulo, os acusados desferiram golpes na vítima com pedaços de madeira, “com manifesto ânimo homicida”.

O processo conta que uma das testemunhas – uma guarda civil municipal que trabalhava no Mercado Municipal “Nilzo Vanni” – foi informada por uma mulher sobre a ocorrência do crime.

No local, a guarnição encontrou apenas os sapatos de Carlinhos. O corpo dele foi achado “enroscado em uma árvore, em um barranco, na posição fetal, sem roupas e com um saco azul envolto na cabeça, bem como uma persiana enrolada ao pescoço”.

Na época do crime, a Polícia Civil chegou a prender outros dois homens que teriam participação no crime. Porém, a Justiça considerou insuficientes os indícios de coautoria e retirou-os do processo.

Confissão

Ribeiro, um dos acusados do homicídio, confessou o crime à reportagem de O Progresso, em reportagem publicada em 20 de junho de 2012. O suspeito confirmou a participação e descreveu, com detalhes, como ocorrera o assassinato.

O acusado afirmou, na época, ter “tirado satisfações” com a vítima, porque ele e os amigos acreditavam que ela os estava delatando à polícia. “Os cara ficou bravo com ele, tava todo mundo ‘beudo’. Acabamo batendo muito nele e matando (sic)”.

Ribeiro prosseguiu no relato: “Começamos a judiar muito dele. Aí falamo: ah, vamo matar logo de uma vez. Mas começamo a batê nele primeiro (sic)”. O acusado confirmou à reportagem a asfixia da vítima com um pedaço de persiana e um saco plástico, colocado na cabeça de Carlinhos.

No decorrer do processo, o promotor de justiça Carlos Eduardo Pozzi requisitou, ao bissemanário, cópia da gravação da entrevista com o acusado Ribeiro.

O membro do Ministério Público adiantou, na quinta-feira, 2, ter usado a gravação na peça da acusação. O áudio, entretanto, não foi exibido em plenário durante o júri.