Jerônimo e Muira-Ubi, um amor ardente nos trópicos

Aqui, Ali, Acolá

José Ortiz de Camargo Neto *

Frase do dia: “Os indivíduos mistos de várias raças apresentam um melhor resultado intelectual do que os pertencentes a uma só” (Norberto Keppe, livro Sociopatologia).

Ao longo de nossa história, houve muitos casos de amor entre as etnias branca, negra e índia, que formaram este povo único no planeta, o brasileiro.

Um dos iniciadores da miscigenação no país, em 1534, foi Jerônimo de Albuquerque, apelidado “Adão Pernambucano”.

Nobre português, de uma das famílias mais poderosas de Portugal, era irmão de Brites de Albuquerque, esposa do primeiro donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho.

Este veio ao Brasil em 1534, com toda a parentela e famílias do norte de Portugal, tentar a sorte na indústria canavieira.

Quando chegaram, encontraram os índios em pé de guerra; seduzidos pelos corsários franceses, atacaram os portugueses.

Jerônimo de Albuquerque, numa das lutas contra os tabajaras, levou uma flechada, perdendo um dos olhos, sendo preso pelos índios e condenado à morte.

Acontece então, o primeiro caso de amor entre as etnias.

A bela Muira Ubi, filha do cacique Uirá Ubi, se apaixonou por Jerônimo de Albuquerque e o quis como marido.

O casamento selou a paz entre os tabajaras e os colonizadores portugueses.

O casamento deu certo. Jerônimo de Albuquerque viveu com os índios e com os colonizadores.

Sua esposa foi batizada com o nome de Maria do Espírito Santo Arco Verde.

Tiveram oito filhos mestiços. Um deles, Jerônimo de Albuquerque Maranhão tornou-se famoso por expulsar os franceses de São Luís do Maranhão.

Outra filha mestiça deles, Catarina, casou-se com um fidalgo florentino, Filipe Cavalcanti. Foi a primeira mistura de mestiça brasileira com italiano, enriquecendo a mestiçagem

Jerônimo teve ainda cinco filhos de outras mulheres brancas e índias, todos por ele reconhecidos.

Por meio de seus filhos, foram ancestrais do ministro português Marquês de Pombal e do presidente mestiço brasileiro Floriano Peixoto

Em 1562, Jerônimo foi intimado por D. Catarina da Áustria, rainha de Portugal, a casar-se com uma mulher só.

Disse ela que, sendo descendente de reis, Jerônimo não podia viver assim, “com 300 concubinas”.

Obedecendo à rainha, ele casou-se com Felipa de Mello, filha de Dom Cristóvão de Mello.

Desse casamento, o imparável Jerônimo teve 11 filhos além de dois que morreram após o nascimento.

Assim, teve 24 filhos o Adão Pernambucano.

Desde então, a mestiçagem não parou mais no Brasil, o que é excelente, muito bom, pois cada mestiço pega as qualidades de várias etnias, tornando-se melhor que seus ancestrais.

Volto ao assunto.

Até logo.

* Escritor e jornalista tatuiano.