O inquérito que apura a morte do empresário Vicente Antônio Júnior, 31, baleado em uma troca de tiros com a Polícia Civil, não indiciou os suspeitos.
A O Progresso, um dos advogados da família da vítima informou, na quarta-feira, 24, que o processo criminal fora encaminhado ao Ministério Público. Segundo ele, a Promotoria pode pedir o arquivamento do caso, solicitar novas diligências ou denunciar os policiais envolvidos.
Ainda segundo o advogado, um investigador particular pode ser contratado pela família da vítima para buscar novas provas. A equipe que trabalha no caso deve aguardar a manifestação do MP, que deve sair até o começo da próxima semana.
Um processo administrativo ainda está em andamento no Núcleo Corregedor da Delegacia Seccional de Itapetininga. O setor investiga a conduta dos policiais civis envolvidos na ocorrência para apurar se houve, ou não, infração disciplinar. Após a conclusão, a apuração deve ser encaminhada à corregedoria auxiliar.
O empresário foi baleado no dia 4 de dezembro de 2018. Ele estava em frente à porteira do sítio da família, acompanhado de um funcionário e um adolescente de 16 anos, quando foi abordado e morto.
Conforme constado em boletim de ocorrência, pela Polícia Civil, seis policiais à paisana – sendo quatro investigadores e dois delegados -, distribuídos em três viaturas descaracterizadas, realizavam uma operação, a partir de suspeitas de que o local seria usado para receptação de caminhões e carga roubada, quando encontraram o carro da vítima na estrada.
De acordo com a polícia, os agentes teriam se identificado e um deles desceu para falar com os homens. Contudo, o motorista do veículo teria atirado contra a equipe. Com isso, no BO, é descrito ter ocorrido troca de tiros.
Ainda segundo o boletim de ocorrência, durante a ação, o motorista tentou fugir. Ao acionar a marcha à ré, ele teria atingido uma das viaturas descaracterizadas e, após outra manobra, acabou capotando o carro.
Segundo a polícia, mesmo após o acidente, a vítima teria continuado os disparos de dentro do veículo, permanecendo parcialmente com os membros inferiores para fora, ocasião em que os agentes teriam revidado, efetuando disparos.
Por sua vez, diferentemente da versão dos policiais, a irmã da vítima, Mariah Roberta Camargo Elias, 24, sustentou à imprensa que o irmão não atirou.
Segundo ela, o veterinário estava indo ao sítio do pai para tratar do gado, como fazia costumeiramente. Naquela oportunidade, decidiu levar junto o funcionário da família e o adolescente.
No caminho da chácara, a vítima teria percebido três carros atrás dele na estrada, mas continuou o trajeto. As testemunhas sustentaram que os veículos seguiram atrás da vítima até o sítio, abordando-os na entrada do local.
Mariah ainda contesta a informação de que os policiais se identificaram durante a abordagem. Segundo ela, as testemunhas garantem que nenhum dos agentes teria se identificado. Por isso, ela acredita que o irmão se assustou e tentou fugir.
Na data da morte, a Corregedoria e a perícia técnica estiveram no local. As armas utilizadas pelos policiais e pela vítima foram apreendidas e um boletim de ocorrência de homicídio em legítima defesa acabou sendo registrado.
Em abril deste ano, a Polícia Civil realizou duas reconstituições da morte do veterinário. Uma com as testemunhas e a outra com os policiais envolvidos no caso.
Ambas foram acompanhadas pela Corregedoria da Polícia Civil e pelo IC (Instituto de Criminalística) de Itapetininga (SP).