Inscrições para curso de cuidador de idosos seguem abertas em fevereiro





O curso de cuidador de idosos oferecido pelo Fundo Social de Solidariedade está com inscrições abertas para a primeira turma de 2016. As aulas serão ministradas no projeto “Doce Lar”, localizado na vila Esperança, a partir do dia 2 de março, quarta-feira.

O curso tem duração de 50 horas, divididas em dois meses, com aulas às segundas-feiras e quartas-feiras, no período noturno.

As inscrições podem ser feitas pelo telefone 3205-2560, ou no espaço “Doce Lar”, localizado na travessa Godoy Moreira, 217, na vila Esperança.

A gerontóloga e coordenadora do Projeto Melhor Idade, Paola de Campos, é responsável pela formatação do curso. Para participar, basta ter mais de 18 anos e saber ler e escrever.

Segundo Paola, geralmente, o público-alvo são mulheres de baixa renda e de meia-idade. O aluno não precisa ter ensino fundamental completo. Por este motivo, o curso registra grande procura.

Paola revela que o curso tem vagas limitadas em função do espaço físico. “A sala destinada às aulas, abriga 20 pessoas. Além do que, mais do que isso acaba virando conversa”, comenta.

Paola informa que esses profissionais são bastante disputados pelo mercado de trabalho e que os salários variam conforme vários fatores, como certificação e experiência anterior. “O curso é um sucesso! Na região, falta mão de obra, e esses formandos são sempre requisitados”, sustenta.

As aulas são ministradas por uma equipe multidisciplinar, com nutricionista, gerontólogas, médicos, psicólogos, terapeuta ocupacional, educador físico, dentista e assistente social, entre outros profissionais.

A maioria das alunas é mulher. No curso, elas aprendem toda a parte psicossocial do envelhecimento. Nesta área, acontecem explicações sobre as mudanças do corpo, questões sociais, políticas públicas, mitos e preconceitos com relação à velhice, o que é envelhecimento e direitos dos idosos.

Os alunos adquirem conhecimento a respeito das doenças mais comuns do envelhecimento e, prendem a realizar testes de verificação da cognição (avaliação da memória, pressão e qualidade nutricional).

Segundo a gerontóloga, os testes são realizados de modo preventivo para a verificação da memória. “Os alunos usam os testes para avisar a família a respeito de algum problema de saúde, e não para diagnosticar o problema”, explica.

Para ela, os resultados permitem que os cuidadores informem aos familiares sobre algum possível distúrbio, permitindo que os parentes possam encaminhar o idoso a especialistas, como neurologista e geriatra.

Além disso, o corpo docente do curso trata temas como ética profissional, religiosidade e morte (luto e viuvez), além de procedimentos de higiene e conforto. “São questões que os alunos vivenciam no cotidiano de trabalho”, afirma Paola.

Ela explica que as aulas são todas teóricas, com as práticas feitas no próprio ambiente de ensino. “Nós temos uma estrutura, e as próprias alunas são as cobaias, vamos assim dizer”, explica.

A gerontóloga afirma que, apesar de não ser técnico, o curso oferecido pelo Fundo Social é “bem reconhecido” pela população. De acordo com ela, muitas famílias com idosos que necessitam de cuidados procuram a entidade para contratar.

“As famílias que procuram sempre se preocupam muito com a experiência. E, se a pessoa tem certificado, logo ela é contratada”, salienta.

Para quem já atua na área, o curso representa aperfeiçoamento. Segundo Paola, há casos de cuidadores que atuam melhor que outros profissionais. Entretanto, por não possuírem instruções, falham em não conseguir verificar problemas de depressão ou memória.

Paola ressalta, também, a importância em saber “lidar com a família” do assistido e aprender a se comportar no ambiente de trabalho. “Essas coisas não são muito faladas no dia a dia, mas são importantes”.

A coordenadora também explica que os formandos não podem atuar em áreas que exijam conhecimentos técnicos, ou seja, “a pessoa pode ir até o ponto em que não entra na parte de auxiliar de enfermagem”.

Não são ensinados, por exemplo, como trocar sondas ou aferir pressão. Segundo Paola, quando há necessidade, os cuidadores devem ser incluídos dentro de uma equipe multidisciplinar de cuidados.

Contudo, a contratação desses profissionais depende da necessidade do idoso e disponibilidade das famílias. Assim, os professores orientam os alunos a conversarem com os contratantes para especificar as funções.

“Algumas famílias não entendem as diferenças. Se for um idoso totalmente acamado e dependente, a família precisa entender que terá que contratar um auxiliar de enfermagem e não um cuidador”, explica.

O mesmo trabalho de conscientização, segundo Paola, é feito com os formandos. De acordo com ela, muitos aceitam trabalho sem questionar quais serão as atribuições e detalhar as possibilidades de trabalho.

Paola se preocupa, também, com a falta de entendimento da família sobre o papel do profissional. Segundo ela, algumas pessoas procuram cuidador esperando que eles cuidem de “toda a casa”.

“Desde que seja do idoso, e não da família toda, ele pode, sim, cuidar da roupa e do ambiente”, explica.

A gerontóloga comenta que o curso é recente e, por isso, grande parte da população ainda não conhece ou entende as atribuições. Por essas razões, a mão de obra também é pouco encontrada.

“Muitas pessoas sabem que eu coordeno o curso e me procuram para que eu indique alunos. De duas a três vezes por semana faço isso. Isso me deixa feliz, porque vejo resultados”, conta.

Em média, um cuidador ganha um salário mínimo por mês, trabalhando cinco dias por semana e oito horas por dia. O pagamento tem como base a lei de direito das empregadas domésticas. Porém, segundo Paola, o ganho depende de vários fatores e pode ser maior em razão da região de atuação e qualificação do cuidador.

Desde 2013, as aulas passaram a ser ministradas no projeto “Doce Lar”. O curso, inicialmente, acontecia em uma das salas da Femague (Fundação Educacional “Manoel Guedes”), no Valinho.

São formados 80 cuidadores de idosos anualmente no Fundo Social de Solidariedade.