Da reportagem
A cidade registrou queda no número de contaminações por sarampo neste ano. O boletim epidemiológico mais recente, divulgado na sexta-feira, 11, apontou que as confirmações de casos diminuíram em 91,3%.
Conforme levantamento da Secretaria de Saúde, de julho a dezembro de 2019, 23 tatuianos foram diagnosticados com o vírus, quantidade que regrediu para dois nos nove primeiros meses de 2020.
A VE confirmou o primeiro caso de sarampo do município em julho do ano passado. A doença havia sido erradicada em todo o país e não registrava nenhum caso na cidade desde 2002, mas terminou o ano com 87 notificações, das quais 64 foram descartadas.
O boletim indica que, ao todo, são 95 casos notificados no município (desde julho de 2019), sendo 25 confirmados e 70 descartados, por meio de exames encaminhados ao IAL (Instituto Adolfo Lutz). Deste número, oito notificações foram registradas neste ano, com seis casos descartados.
Entre os bairros que mais registraram infecções por sarampo, estão o Jardim Santa Rita de Cássia, Jardim Donato Flores, centro, Jardim Thomaz Guedes, Residencial Astória, Inocoop, Jardins de Tatuí, Mirandas, Jardim San Raphael, vila Angélica, vila Brasil, vila Santa Adélia, vila Minghini e vila Santa Helena.
De acordo com a coordenadora da VE, enfermeira Rosana Oliveira, a maioria dos pacientes que contraiu a doença não havia sido imunizada com a dose necessária da tríplice viral, que protege conta sarampo, caxumba e rubéola, ou não estava em dia com o calendário vacinal.
O esquema vacinal do Ministério da Saúde recomenda que a população com idade entre 1 e 29 anos receba duas doses da vacina tríplice viral e, de 30 a 49 anos, uma dose. As crianças que têm entre 6 meses e 11 meses e 29 dias também devem ser imunizadas.
“Jovens de até 30 anos têm que ter duas doses comprovadas em carteira de saúde, indiferente se tomou com 12 meses ou depois de adulto. De 30 a menor de 60 (59 anos, 11 meses e 29 dias), a pessoa tem que ter uma dose na carteira. Na dúvida, pode procurar orientação médica e tomar a vacina”, orientou a enfermeira.
A vacina só não é recomendada para crianças menores de seis meses, gestantes e pessoas imunodeprimidas (portadores de lúpus, HIV, entre outros). “Como não podem tomar a vacina, essas pessoas têm que ficar mais atentas com a doença e evitar ambientes com aglomerações”, acrescentou.
O sarampo é uma doença infecciosa grave, causada por um vírus, que pode ser fatal. É altamente contagiosa e a transmissão pode ocorrer entre quatro dias antes e quatro dias após o aparecimento das manchas vermelhas pelo corpo.
“Quando a pessoa não tem nenhuma dose da vacina, ela é uma doença perigosa e pode ser considerada mortal, podendo levar a pessoa a óbito de forma muito rápida”, reforçou a coordenadora.
Rosana acrescenta ser “preciso cautela”, pois é difícil controlar o vírus depois que ele se instala. Segundo ela, cada pessoa infectada, por exemplo, pode transmitir a doença para até outras 18 pessoas em menos de duas horas.
Os sintomas são: febre, tosse, coriza, olhos avermelhados ou conjuntivite e manchas avermelhadas na pele (exantema maculopapular). O sarampo pode ser acompanhado de complicações sérias, principalmente em crianças menores de cinco anos, adultos maiores de 20 anos ou com algum grau de imunodepressão.
A transmissão do vírus ocorre de pessoa a pessoa, por via aérea, ao tossir, espirrar, falar ou respirar, e começa antes mesmo que o infectado apresente os sintomas mais agudos da doença.
“Muitas vezes, a pessoa não está nem apresentando os sintomas, mas já está transmitindo o vírus. Aí que entra a importância da vacina. Se você está imunizado, não vai acontecer nada, mas, se você está com sua carteira em déficit, pode contrair a doença”, explicou Rosana.
Em caso de suspeita, com dois ou mais sintomas, a coordenadora orienta que se busque auxílio médico na unidade básica de saúde mais próxima e se evite o pronto atendimento, devido à aglomeração de pessoas.
“Como é uma doença altamente contagiosa, é melhor evitar o PA, que tende a ser mais cheio. Toda a equipe da Saúde está preparada para receber este paciente. Mas, pedimos, encarecidamente, que a primeira porta de entrada seja a UBS, para evitar a disseminação da doença”, aconselhou.
A enfermeira reforça ser a vacinação a única forma de prevenir a doença e lembra que a dose continua disponível em todas as unidades de saúde urbanas e na Casa do Adolescente, de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 16h. No bairro dos Mirandas, na área rural, o atendimento é de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 13h.
“Se tiver algum tipo de sintoma, é melhor pecar pelo excesso. Na dúvida, os pais podem levar a criança e a carteirinha de vacinação, a enfermeira vai analisar e fazer a imunização. Se a pessoa não tiver a carteirinha, também pode tomar por precaução, porque não faz mal nenhum”, acentuou a enfermeira.
O Brasil recebeu a certificação de eliminação do sarampo em 2016. No entanto, após a interrupção da circulação endêmica do vírus, casos esporádicos e surtos limitados – relacionados à importação – ocorreram em diferentes estados.
Segundo boletim epidemiológico do MS, em 2020, 50 cidades apresentaram surto da doença em 21 estados diferentes, dos quais cinco estão com circulação ativa do vírus.
O Pará concentra 5.025 (65,1%) casos confirmados de sarampo e a maior incidência (91,15 casos por 100 mil habitantes) entre as unidades da federação.
Os estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe, Tocantins e o Distrito Federal estão com um período de 12 semanas (90 dias) ou mais da data de confirmação do último caso.
No entanto, este cenário está sujeito a alterações, uma vez que ainda existem casos em investigação nesses locais.
Município volta a registrar casos da doença em julho do ano passado (foto: arquivo O Progresso)