Hepatite B

Dr. Jorge Sidnei R. da Costa – Cremesp 34.708 *

Agente causador

A hepatite viral B é causada por um vírus pertencente à família Hepadnaviridae, o vírus da hepatite B (HBV).

O que é?

É uma doença infecciosa que agride o fígado, sendo causada pelo vírus B da hepatite (HBV). O HBV está presente no sangue e secreções, e a hepatite B é também classificada como uma infecção sexualmente transmissível.

Inicialmente, ocorre uma infecção aguda e, na maior parte dos casos, a infecção se resolve espontaneamente até seis meses após os primeiros sintomas, sendo considerada de curta duração.

Essa resolução é evidenciada pela presença de anticorpos chamados anti-Hbs. Contudo, algumas infecções permanecem após esse período, mantendo a presença do marcador HBs Ag no sangue. Nesses casos, a infecção é considerada crônica. O risco de a infeção tornar-se crônica depende da idade do indivíduo.

As crianças, por exemplo, têm maior chance de desenvolver a forma crônica. Naquelas com menos de um ano, esse risco chega a 90%; entre um e cinco anos, varia entre 20% e 50%. Por essa razão, é extremamente importante realizar a testagem de gestantes durante o pré-natal e, caso necessário, realizar a profilaxia para a prevenção da transmissão vertical.

Em adultos, cerca de 20% a 30% das pessoas infectadas cronicamente pelo vírus B da hepatite desenvolverão cirrose e/ou câncer de fígado.

Transmissão

O HBV pode sobreviver por períodos prolongados fora do corpo, e tem maior potencial de infecção que os vírus da hepatite C (HCV) e da imunodeficiência humana (HIV) em indivíduos suscetíveis.

As principais formas de transmissão são: relações sexuais sem preservativo com uma pessoa infectada; da mãe infectada para o filho, durante a gestação e o parto; compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos); compartilhamento de materiais de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam); na confecção de tatuagem e colocação de piercings, procedimentos odontológicos ou cirúrgicos que não atendam às normas de biossegurança; por contato próximo de pessoa a pessoa (presumivelmente, por cortes, feridas e soluções de continuidade); transfusão de sangue (mais relacionadas ao período anterior a 1993).

Epidemiologia

No período de 1999 a 2018, foram notificados 233.027 casos confirmados de hepatite B no Brasil, período com poucas variações na taxa de detecção, atingindo 6,7 casos para cada 100 mil habitantes no país em 2018.

Sinais e sintomas

A história natural da infecção é marcada por evolução silenciosa, geralmente com diagnóstico após décadas da infecção. Os sinais e sintomas, quando presentes, são comuns às demais doenças crônicas do fígado e costumam manifestar-se apenas em fases mais avançadas da doença, na forma de cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre e dor abdominal. A ocorrência de pele e olhos amarelados é observada em menos de um terço dos pacientes com hepatite B.

Diagnóstico

A presença do HBs Ag na amostra de sangue do paciente estabelece o diagnóstico de hepatite B. A infecção crônica é definida pela presença do HBs Ag reagente por pelo menos seis meses.

O Ministério da Saúde distribui testes rápidos (TR) na rede pública de saúde desde 2011. Todas as pessoas não vacinadas adequadamente, e com idade superior a 20 anos devem procurar uma unidade básica de saúde para fazer o teste rápido para hepatite B.

Tratamento

Após o resultado positivo e confirmação, o tratamento será realizado com antivirais específicos, disponibilizados no SUS, de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções (PCDT Hepatite B).

Além do uso de medicamentos, quando necessários, é importante que se evite o consumo de bebidas alcoólicas. Os tratamentos disponíveis atualmente não curam a infecção pelo vírus da hepatite B, mas podem retardar a progressão da cirrose, reduzir a incidência de câncer de fígado e melhorar a sobrevida em longo prazo.

Prevenção

A vacinação é a principal medida de prevenção contra a hepatite B, sendo extremamente eficaz e segura. A gestação e a lactação não representam contraindicações para imunização.

Atualmente, a vacina para hepatite B está prevista no calendário de vacinação infantil, deve ser feita no berçário, juntamente com a BCG Id (contra tuberculose) nos três primeiros dias de vida. Pela SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) e SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), são recomendadas três doses, sendo a segunda dose com dois meses e a terceira, com seis meses (nessas ocasiões, a criança pode receber nas clínicas particulares de vacinação a vacina Hexa (difteria, tétano, coqueluche acelular, hemófilus Influenza B, poliomielite e a hepatite B, ou seja, receber as seis vacinas numa só aplicação).

Além da vacina, outros cuidados ajudam na prevenção da infecção pelo HBV, como usar preservativo em todas as relações sexuais e não compartilhar objetos de uso pessoal – tais como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas, confecção de tatuagem e colocação de piercings.

A testagem das mulheres grávidas ou com intenção de engravidar também é fundamental para prevenir a transmissão da mãe para o bebê. A profilaxia para a criança após o nascimento reduz drasticamente o risco de transmissão vertical.

Alguns cuidados também devem ser observados nos casos em que se sabe que o indivíduo tem infecção ativa pelo HBV, para minimizar as chances de transmissão para outras pessoas.

As pessoas com infecção devem: ter seus contatos sexuais e domiciliares e parentes de primeiro grau testados e vacinados para hepatite B; utilizar camisinha durante as relações sexuais se o parceiro não for imune; não compartilhar instrumentos perfurocortantes e objetos de higiene pessoal ou outros itens que possam conter sangue; cobrir feridas e cortes abertos na pele; limpar respingos de sangue com solução clorada; não doar sangue ou esperma.

Fonte: http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/hv/o-que-sao-hepatites/hepatite-b; SBIm. SBP.

* Título de especialista em pediatria pela AMB (Associação Médica Brasileira) e SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria e diretor clínico do Cevac – Centro de Vacinação de Tatuí.