Grupo propõe unificar atendimento í s ví­timas de assedio sexual infantil





Um grupo formado por representantes de movimentos e entidades civis, assistentes sociais, gestores municipais, membros do CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) e do Conselho Tutelar se reuniu na segunda-feira, 2, para discussão. Eles propõem a criação de um fluxograma de atendimento para crianças e adolescentes vítimas de violência sexual.

O encontro aconteceu no Cras (Centro de Referência de Assistência Social) Centro. A proposta é encabeçada pela presidente do curso PLP (Promotoras Legais Populares), Heloísa Saliba e Borges e deve ser apresentada à população na mobilização do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data é celebrada no próximo dia 18.

Em Tatuí, o movimento quer unificar o atendimento de vítimas de violência sexual na rede pública de saúde e assistência social. Pela proposta, profissionais da rede de ensino, que têm maior contato com as crianças e adolescentes, ficariam responsáveis pela vigilância a sinais de violações.

De acordo com a presidente do PLP, a principal dificuldade dos pais das vítimas é fazer a denúncia. Heloísa comentou que eles também encontram problemas em conseguir dar prosseguimento na investigação e obter o tratamento psicológico.

“Hoje, não sabemos quem são essas crianças, se estão recebendo atendimento e de qual tipo. Os casos aparecem de forma diferente, seja na delegacia, no pronto-socorro ou conselho tutelar. Nós precisamos unificar essas ações”, explicou.

Funcionários das secretarias municipais da Saúde e da Educação, Cultura e Turismo, assistentes sociais dos Cras e dos Creas (Centros de Referência Especializados de Assistência Social) participarão de treinamentos durante este mês.

“A expectativa é que todos os aparelhos públicos se mobilizem durante o mês de maio. Não adianta só criar expectativa na população que este serviço existe. Nós precisamos dar esse retorno”, afirmou Heloísa.

O titular da pasta da Saúde, Umberto Fanganiello Filho, Tuta, se comprometeu a indicar profissionais de UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e do PSF (Programa Saúde da Família).

Tuta sugeriu que todos os funcionários das UBSs e do PSF tivessem uma orientação prévia, e que os voluntários se dispusessem a participar do treinamento.

O protocolo de atendimento e notificação de casos não foi estabelecido pelo grupo de estudos. Entretanto, é consenso entre os que participaram da reunião que o Conselho Tutelar seja o principal canal de recebimento de denúncias e que as assistentes sociais dos Cras e dos Creas façam o atendimento posterior.

“Acho que é via o Conselho Tutelar e depois pelo Cras, que faz a visita, é onde a família recorre. Temos que ter um olhar sem pré-julgamento da situação, pois é essa a tendência humana, de querer pegar o agressor”, disse a presidente do PLP.

A coordenadora do Cras Norte, Débora Cristina Franco Nunes Rosa, uma das idealizadoras do movimento, afirmou que é importante que os serviços públicos trabalhem em conjunto para aperfeiçoar o atendimento e a melhorar a qualidade do serviço.

“Hoje, todas as políticas públicas são com base no funcionamento em rede. Não dá mais para trabalharmos isoladamente. Todas as políticas pregam isso, inclusive o SUS (Sistema Único de Saúde), para trabalhar em rede”, afirmou.

Esse tipo de trabalho é chamado de atendimento transversal, segundo a assistente social. Em casos de abuso sexual, ela disse que o melhor serviço que pode ser prestado à vítima e à família é aquele que engloba especialidades e trabalhos diferentes.

“É um ser humano. Não dá para trabalhar o psicológico sem a assistência social. É um trabalho da educação com o social, para fortalecimento de vínculos. Tem que trabalhar como um todo, não dá para trabalhar cada um separadamente”, explicou.

Débora afirmou que está na hora de Tatuí construir um fluxograma de atendimento para as vítimas de violência sexual infantil e outros tipos de violência. Conforme adiantou a coordenadora, essas propostas serão discutidas no futuro.

“A violência da mulher também não tem esse fluxo. Acho que tem que começar por algum lugar. Não só na violência sexual, mas com todos os tipos de violência”.

Ato na Matriz

O grupo planeja um ato no dia 18 deste mês, na região central da cidade. A intenção é distribuir panfletos nos semáforos da rua 11 de Agosto e na Praça da Matriz. A ação pode se estender no sábado, 21.

“A ideia é que esse movimento nasça no dia 18. A expectativa é que todos os aparelhos públicos se mobilizem durante o mês de maio e deem para a população o retorno no atendimento em rede”, declarou Heloísa Borges.

Os participantes distribuirão panfletos com orientações sobre o comportamento da criança após o abuso sexual e o que fazer em casos suspeitos.

A mobilização acontece no Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data foi instituída pelo Congresso Nacional para relembrar a morte da menina Araceli Cabrera Sánchez Crespo, assassinada em 18 de maio de 1973.

A garota, de nove anos, foi morta após sofrer abuso sexual. Os dois acusados pelo crime, rapazes de famílias influentes no Espírito Santo, nunca foram condenados.

X