Greve dos bancários segue sem dia definido para ser encerrada





Os bancários estão em greve desde a terça-feira, 30. De acordo com o Sindicato dos Bancários de Sorocaba e Região, que representa, inclusive, os profissionais que trabalham nas agências de Tatuí, ainda não há data determinada para que a paralisação acabe. A greve tem alcance nacional.

A paralisação foi decidida pelos sindicatos que representam a categoria, em assembleias, após insucesso nas negociações entre o movimento, representado na mesa de discussões pela Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e a Fenaban (Federação Nacional de Bancos), entidade ligada aos banqueiros.

A decisão da categoria foi tomada em reuniões realizadas em todo o país, que aconteceram no dia 25 de setembro. Na ocasião, o movimento definiu a última terça-feira, 30, como data para o início da paralisação nacional. O Sindicato dos Bancários de Sorocaba e Região aderiu ao grupo grevista.

Dois dias depois da decisão pela paralisação, no sábado, 27 de setembro, bancários e banqueiros reuniram-se pela oitava vez para debater as exigências feitas pela categoria. Na ocasião, a Fenaban ofereceu aumento de 7,35% ao salário dos profissionais e reajuste de 8% no piso salarial.

No entanto, a categoria já havia pedido incremento de 12,5% na remuneração dos funcionários, mais uma série de outras solicitações de caráter econômico e “social”, como os sindicalistas nomeiam.

Entre as reivindicações de ordem financeira, estão: piso de R$ 2.979,25; PLR (participação nos lucros e resultados) correspondente a três parcelas do salário, mais R$ 6.200; 14o salário; e outras gratificações.

Como argumento para as exigências, a categoria justifica-se mostrando dados correspondentes aos lucros que os bancos atingiram.

De acordo com os sindicalistas, somente as seis principais instituições financeiras do país, que, somadas, detêm 85% dos ativos financeiros e empregam 90% dos funcionários do setor, tiveram lucro líquido de R$ 56,7 bilhões em 2013 e atingiram a cifra de R$ 28,5 bilhões nos seis primeiros meses deste ano.

O presidente do Sindicato dos Bancários de Sorocaba e Região, Júlio Cesar Machado, sintetiza os motivos que levaram a categoria a deflagrar a greve, ação que seria a “última opção da categoria”.

“Para conquistarmos aumento real, ou seja, que cubra a inflação do período. Caso contrário, nossos salários ficam defasados e perdem poder de compra. Se não entrarmos em campanha salarial todo ano e reivindicarmos nossos direitos, por conta própria os bancos não nos dão nada”, argumenta.

“Todas as cláusulas (benefícios) da convenção coletiva da categoria precisam ser lembradas todos os anos, pois se alguma for esquecida, nós a perdemos, pois os bancos não garantem o que for esquecido de fora da convenção”, completa.

Além das reivindicações de cunho financeiro, como o próprio reajuste salarial, a categoria fez solicitações de ordem “social”

O movimento pede, entre outras coisas, fim de metas “abusivas”; combate ao assédio moral; mais investimento em segurança dentro e fora das agências; aumento de funcionários por unidade; e isonomia de direitos para afastados de seus cargos por motivos de saúde.

Dois desses pontos têm despertado mais interesse por parte da categoria. Um deles é o investimento em mais segurança para os profissionais da área. Entre as exigências específicas para a pauta, estão os pedidos de prevenção contra assaltos e roubos.

A categoria pede, por exemplo, o cumprimento da lei 7.102/83, que exige plano de segurança em agências, que garanta, pelo menos, dois vigilantes durante todo o horário de funcionamento dos bancos e, se possível, até às 22h.

Eles pedem, também, a instalação de câmeras externas de monitoramento nas agências e o fim da guarda das chaves dos cofres pelos próprios bancários.

Devido à falta de acordo, a categoria decidiu pela paralisação. No entanto, a adesão ainda não é total – pelo menos não formalmente. De agora em diante, porém, integrantes do movimento visitarão as agências bancárias da região – o que inclui as de Tatuí – para conseguir adesões.

Ao todo, são 2.096 sindicalizados de toda a região vinculados à entidade classista. Desse total, 64 funcionários trabalham em agências bancárias de Tatuí.

Entre as agências locais que aderiram ao protesto, estão as unidades do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Santander e HSBC.

Na sexta-feira, 3, havia cartazes amarelos colados nas portas frontais dessas agências, informando sobre a greve. O acesso aos caixas eletrônicos continuava aberto. No entanto, para realizar outros serviços específicos, não havia funcionários para fazê-los.

Na tarde desse dia, estava prevista nova rodada de negociações entre bancos e sindicalistas. Às 17h, a previsão era de negociação com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), e às 18h, com as administrações estaduais do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

Mas, até o fechamento desta edição (17h), não houve confirmação quanto à realização da rodada e, também, em relação às propostas apresentadas pelos empresários para encerrar a greve.

A paralisação permanecerá até, pelo menos, a segunda-feira, 6, segundo a assessoria de imprensa do Sindicato dos Bancários de Sorocaba e Região. Isso porque toda proposta oferecida à categoria deve ser votada em assembleia, marcada apenas para a noite desse dia.