Goleiro se torna profissional aos 25 anos e sonha em dar casa para mãe

Mateus Correia durante treinamentos (Foto: Divulgação)
Da reportagem

A imensa maioria dos jogadores de futebol passa parte da adolescência integrando as categorias de base de clubes espalhados pelo país e, normalmente, tem entre os 15 e 20 anos a oportunidade de assinar o primeiro contrato profissional.

A trajetória de Mateus Correia da Costa foi diferente. Nascido em 12 de junho de 1995, o goleiro chegou a defender a meta de algumas equipes quando mais novo, mas somente em dezembro do ano passado, aos 25 anos, ele conseguiu profissionalizar-se.

O tatuiano foi contratado pela Associação Sport Club Atlético Amazonense, o Atlético Amazonense. Apelidado de “Pitbull do Amazonas”, o clube de Manaus (AM) foi fundado em 8 de janeiro de 2018 e profissionalizou-se no ano passado.

Costa garante que, desde muito novo, já cultivava o sonho de ser jogador profissional de futebol. Ele conta ter tentado vários testes em clubes da região, mas que, muitas vezes, faltava dinheiro para viajar e cobrir os custos de alojamento. “Isso acabou dificultando e adiando um pouco meu sonho de se tornar um jogador”, reconhece.

Após iniciar como goleiro na equipe da unidade do Sesi (Serviço Social da Insdústria) de Tatuí, aos 12 anos, e destacar-se, Costa começou a ser convidado a fazer avaliações em clubes como Atlético Sorocaba, Portuguesa e Santos.

Ele já defendeu a meta de seleções municipais e, posteriormente, aos 20 anos, teve passagem pela categoria sub-20 do São Bento e do Atlético de Mogi, logo na sequência.

Há cerca de dois anos, Costa teve o primeiro contato com o Atlético Amazonense, através da indicação do amigo Adriano Oliveira. Segundo ele, foi convidado a participar de um treino no estádio “Toca da Coruja”, no Jardim Lírio, com a equipe, que, na época, estava alojada em Tatuí e participando de competições na região.

O goleiro aponta o empresário Quincas Fernandes e o presidente do clube, Henrique da Costa Barbosa, como os responsáveis por torná-lo profissional. “Somente dois anos depois, com ajuda do professor Fernandes, que depositou confiança em mim, e do grande presidente, que me fez o convite e me abriu as portas do clube”, complementa.

Conforme o arqueiro, o sentimento ao receber o convite para jogar pelo clube foi de muita felicidade e emoção. Ele revela que muitas pessoas diziam-lhe que ele não tinha mais chances de se profissionalizar, devido à idade. “Mas eu me mantive firme no sonho e objetivo”, frisa.

Aos 15 anos, matriculado no primeiro ano do ensino médio, Costa abandonou os estudos para ajudar a mãe a manter a casa. Na ocasião, começou a trabalhar como ajudante de caminhoneiro, viajando quatro vezes por semana e ganhando R$ 60 por carga.

Posteriormente, ainda trabalhou na roça, enrolando tapetes de grama, e, até o final do ano passado, buscava renda atuando como ajudante em um lava-rápido de automóveis na área central do município.

“Com muita luta e fé em Deus, consegui dar o primeiro passo para realizar meu sonho. Não foi fácil, afinal, um ex-ajudante de lava-rápido com 25 anos se tornar jogador profissional não acontece todo dia”, comenta.

Para ele, a assinatura do contrato profissional foi uma vitória pessoal e demonstrou que “a espera não foi em vão”. Apesar da demora, Costa aponta que a família foi o principal suporte para nunca desistir do sonho.

“Fiz uma promessa para minha mãe de que, quando eu fosse jogador profissional, daria uma casa para ela. E essa promessa vou cumprir! Ela é minha grande inspiração para não desistir do sonho de se tornar um grande jogador”, destaca o goleiro.

O contrato é válido de 5 de dezembro de 2020 até 20 de novembro deste ano. Costa já está regularizado no BID (Boletim Informativo Diário) da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para poder atuar na segunda divisão do Campeonato Amazonense de 2021.

Costa deve apresentar-se e ser integrado ao elenco do Atlético Amazonense entre os dias 15 e 21 do próximo mês. Segundo ele, a data exata da viagem à cidade manauara ainda não foi definida devido aos problemas provocados pela Covid-19 e à falta de oxigênio em hospitais do estado.

Atualmente, o arqueiro diz estar “treinando bastante, além de se preparar fisica e mentalmente para chegar em Manaus com boas chances de brigar por posição e, talvez, ser titular”.

“Meu objetivo é  um ótimo campeonato, ajudando a equipe a avançar para ‘série A’ do campeonato amazonense e poder conquistar títulos neste grande clube”, completou o goleiro tatuiano.