Geração nem-nem no mundo





Existe uma evidência preocupante que aponta para o crescimento da população da geração nem-nem, composta por jovens que nem trabalham nem estudam. Essa é uma tendência não só no Brasil, mas mundial conforme mostra pesquisa realizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) realizada em 40 países. Em pelo menos 30 nações, houve aumento do fenômeno. Em países como Espanha e Irlanda, os índices chegam a 20% dos jovens nessas condições, uma taxa considerada muito preocupante pela organização.

Conhecidos também pela sigla em inglês “Neet” (“neither in employment, nor in education or training”), o perfil desses jovens aumenta por motivos diferentes, de acordo com o país. A crise mundial que afetou as nações europeias é a grande causa para o comprometimento da oferta de trabalho, como nos casos da Turquia e da Grécia, entre outros, em que a taxa de desemprego na faixa etária é muito grande. Já no México, por questões culturais, 77% das garotas não trabalham, preferindo se dedicar à vida familiar.

O assunto vem chamando a atenção desde o ano passado quando uma campanha publicitária da Benetton, na Itália, destacava o “desempregado do ano”, utilizando fotos de jovens. O objetivo era chamar a atenção para a falta de oportunidade para esse grupo de pessoas e também para o desânimo deles em relação aos cargos com baixa remuneração, preferindo esperar até surgir oportunidades melhores.

No Brasil, os números mostram que o crescimento econômico da década passada não foi suficiente para melhorar as condições de emprego dos jovens. Apesar de conviver com uma taxa de desemprego baixa, em torno de 6%, o país ainda convive com índice alto para a população nem-nem: 19% dos jovens entre 15 e 24 anos. O número de mulheres negras é duas vezes maior do que o de homens nessa situação. Entre as causas estão o baixo nível social e os casos de gravidez na adolescência, que as afastam da escola e da atividade laboral.

O CIEE, em seu papel de facilitar a inserção do jovem no mundo do trabalho, atua com a intenção de diminuir esses índices, abrindo oportunidades de estágio e, principalmente, de aprendizagem, que tem nesse grupo seu público-alvo. Nesses 50 anos de atuação, 13 milhões de jovens já foram encaminhados para empresas, entidades e órgãos públicos.

* Presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp.