Festa de três dias é ‘maior arrecadadora’





Criada em 2013, a Festa do Doce tem nome, madrinha e público cativo. E, neste ano, atinge um novo recorde. É, de longe, a maior fonte de arrecadação de impostos do município, conforme os cálculos do prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu.

Batizada de “Celina Berti de Barros” e “amadrinhada” pela atriz tatuiana Vera Holtz, a festa gerou aumento de formalização no município. Entre elas, de uma fábrica de doces caseiros que ampliou a cozinha do setor de produção.

“A partir da festa, nós, que já tínhamos uma história com o doce, começamos a aumentar as nossas instalações”, contou Mônica Rocha Lima, representante da empresa. De acordo com ela, o evento expositivo representou mais que incentivo. Para a empresa, permitiu uma “divulgação interna”.

“Nossa loja fica lá na rodovia (à margem da Antônio Romano Schincariol – SP-127). As pessoas de Tatuí não iam até lá. Com a festa, elas passaram a conhecer mais nossa empresa. Foi maravilhoso e perfeito”, disse.

Responsável por projetar o potencial produtivo dos doceiros, a festa também contribuiu para a expansão dos negócios. Mônica contou que as vendas da empresa para visitantes – que já alcançavam 90% – aumentaram ainda mais.

“Com a repercussão, atingimos mais pessoas da redondeza e capital”, emendou.

Em 2016, mesmo com a recessão da economia, a doceira acredita que as vendas se manterão no mesmo patamar do ano passado. Tanto que a empresa projeta vender, neste ano, as mesmas duas toneladas de doces. “Tudo que nós colocamos aqui, nós vendemos. E já começamos”, disse ela, às 10h da manhã de sexta.

A data marcou o primeiro dia da exposição, que segue neste sábado, 9, e domingo, 10. Nos três dias, quem passar pelo evento vai, além de experimentar os sabores, “ouvir” o slogan “O melhor do doce caseiro e o melhor da música, juntos, por um mundo mais doce”.

Ao todo, a programação somará 36 horas de apresentações musicais na Praça da Matriz, entre as 10h e 22h. A abertura oficial estava programada para as 19h de sexta-feira, 8, após o fechamento desta edição (17h).

Neste sábado, também a partir das 10h, acontece a segunda edição do Festival de Bandas de Tatuí, com a participação de seis corporações musicais da região.

São elas: Banda Jovem da Associação Cultura Pró-Arte de Tatuí; Corporação Musical Bandeirantes Portofelicense; Banda Musical “Bodo Batista” de Guareí; Corporação Musical União dos Artistas, de Itu; Corporação Musical “Dr. Damião Pinheiro Machado”, de Botucatu; e Corporação “Carlos Gomes”, de Cesário Lange.

Também na mesma data, há homenagem ao Dia do Mestre de Banda e ao maestro tatuiano José Antônio Pereira. Neste sábado, às 19h, o Fundo Social de Solidariedade faz o lançamento de projeto anunciado como inédito.Depois do livro de receitas, no ano passado, será vez do “Melhor em Casa”, que traz aulas em vídeos dos cursos presenciais, disponibilizados na internet.

“Vamos aproveitar para apresentar receitas deliciosas sobre doces tradicionais, que estarão sendo vendidos no estande do Fundo Social dentro da festa. Será uma forma de expandir a capacitação que é feita dentro do centro”, disse a presidente da entidade, primeira-dama Ana Paula Cury Fiuza Coelho.

A edição 2016 da Festa do Doce traz, ainda, uma homenagem a Belarmina de Oliveira Campos, criadora dos doces ABC (feitos com abóbora, batata-doce e cidra).

“Trata-se de um dos doces mais tradicionais e intimamente ligados à cultura tatuiana. Nada mais justo que esses elementos sejam o ponto central desta festa que se consolida e integra de maneira definitiva o calendário de eventos da nossa cidade”, argumentou o diretor do Departamento Municipal de Cultura e Desenvolvimento Turístico e incentivador do evento, Jorge Rizek.

De acordo com o prefeito, a aposta no formato possibilitou a formalização de diversas empresas. “Temos a Clara e Cia., que saiu da casa, abriu empresa e tem filial hoje em Rio Claro. Temos o ChocoRey, que também abriu franquias, mas saiu de uma cozinha dentro de um bairro na cidade”, enumerou.

Para o município, o investimento no evento gera divisas. Manu afirmou que a Prefeitura registrou aumento de arrecadação com a cobrança de tributos municipais. Segundo ele, a Festa do Doce é o evento que mais gera recursos para a cidade.

“Mais uma vez, quero enfatizar que estamos trabalhando num dos piores momentos que o Brasil está vivendo”, disse ele, ao mencionar a queda nas arrecadações.

Ele frisou que, mesmo diante desse quadro, o evento, por si só, teve aumentos expressivos. Passou de 18 estandes, na primeira edição, para 69, na atual. Em 2013, o público foi de 54 mil pessoas e deve chegar a 100 mil neste ano, segundo expectativa do prefeito. A projeção é de, pelo menos, manter os 70 mil de 2015.

“A Festa do Doce só aumentou porque não deixamos de investir o pouco que temos. Poderíamos ter feito uma festa até mais glamorosa, mas não temos dinheiro”, lamentou o prefeito.

Em 2016, por conta da queda de arrecadação, o Executivo enxugou as despesas. Manu disse que a Prefeitura “apostou na criatividade dos expositores e da equipe responsável pela realização”. O objetivo é, por meio do evento, incentivar o crescimento turístico e o desenvolvimento do comércio.

Reivindicação antiga dos doceiros, a festa tomou corpo no município devido ao trabalho de Jorge Rizek. Manu disse que resolveu “comprar a ideia” porque via nela a possibilidade de explorar o potencial da cidade.

“Tatuí precisava ter um evento com a cara da cidade. Nós já tínhamos tradição na produção, mas não uma festa que consagrasse isso”, comentou. Com otimismo e profissionalismo, ele disse que Rizek conseguiu tornar o desejo realidade. “Isso nos trouxe o prêmio de Prefeito Empreendedor em 2014”, citou.

Para Renata Benevides, a Festa do Doce surge como uma possibilidade de negócios. “Novata” no ramo e no evento, a empresária levou, para um dos 69 estantes, os produtos e uma esperança de conquistar novos consumidores. “Viemos por conta da importância e para que possamos ficar mais conhecidas. Estamos entusiasmadas e confiantes nas vendas”, comentou.

No que depender de Jéssica Aline da Costa, não só Renata, mas todos os outros expositores terão motivos para sorrir. A moradora de Tatuí fez questão de visitar o evento logo na manhã do primeiro dia. Ficou indecisa pela variedade.

“Sempre passo por aqui, desde a primeira edição. Ainda não consumi, mas está difícil escolher. Eu gostei de tudo. Dá vontade de pegar tudo”, brincou.