Febeapá, o retorno

Aqui, Ali, Acolá

José Ortiz de Camargo Neto *

Frase do dia: “Torcida branca, que não canta, descendente de europeu safade… pior de tudo pauliste”

Caros amigos:

A frase acima, de autoria de uma assessora (pasmem!) do Ministério da Igualdade Racial (Marcelle Decothé da Silva) figuraria com certeza na obra do saudoso Stanislaw Ponte Preta.

Refiro-me ao pseudônimo do brilhante jornalista Sérgio Porto, que criou o termo “FEBEAPÁ – Festival de Besteiras Assola o País”, verdadeiro colar de “preciosidades” ditas ou feitas pelas autoridades públicas, que o jornalista colecionava.

As crônicas satíricas que ele escrevia sobre as bobagens políticas que se diziam ou faziam na sua época (1966) eram divertidíssimas. Lembro-me de uma dessas preciosidades: “Ninguém levantará a saia da mulher mineira”, frase de um político de Minas contrário ao uso de minissaias em seu Estado.

As três obras de Sérgio Porto sobre o FEBEAPÁ foram condensadas num livro publicado pela Companhia Editora Nacional.

Infelizmente, ele já morreu. Porque se estivesse vivo, penso que se deslumbraria com a quantidade imensa de besteiras que se fazem e se dizem hoje.

Acho que ele abriria o livro com essa frase racista de Marcele Decoté da Silva, assessora especial de assuntos estratégicos do Ministério de Igualdade Racial, que justamente quer acabar com o racismo!

Tenho certeza que o saudoso Stanislaw Ponte Preta abriria seu livro com essa pérola de 2023, e daria ao novo livro o título: FEBEAPÁ, O RETORNO.

Marcelle Decothé da Silva proferiu essa “joia” há poucos dias, quando acompanhava a ministra Aniele Franco a São Paulo, a qual iria assinar um acordo antirracismo com a CBF. Torcedora do Flamengo, Marcelle foi assistir ao jogo em que seu time perdeu e conseguiu numa frase de 13 palavras ofender: a) a torcida do São Paulo; b) a raça branca; c) o povo paulista; d) os europeus, numa demonstração inequívoca de racismo, xenofobia e falta de preparo para o cargo.

Artigo publicado pelo Estadão assinala ironicamente que ela usou a “novilíngua” aquele idioma criado por George Orwell em seu aterrador livro “1984”.

Essa nova linguagem, tenho certeza mereceria a primeira página do livro FEBEAPÁ, pois não existe besteira maior do que essa ideia de criar o gênero neutro colocando um e no final dos substantivos e adjetivos.

Mas esta explicação já fica para o próximo artigo.

Até breve.

* Jornalista e escritor tatuiano.