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Kits com dez pães e um litro de leite são entregues às famílias
Um grupo de oito mulheres tatuianas usa a facilidade de comunicação oferecida pelo Facebook com objetivo de ajudar pessoas carentes na vila Angélica.
Joanisa Ascava, 54, Ana Flávia Gonçalves de Paula, 32, Lúcia Koschar, 56, Márcia Regina de Camargo Silva, 52, Cecília Peixoto Pinguer, 40, e Odilete Santi, 59, já se conheciam no “mundo real”, mas a vontade de ajudar ao próximo uniu as mulheres na rede social.
Elas são as responsáveis pelo grupo “Terça Solidária”, o qual tem a proposta de atrair voluntários e doadores para o programa social mantido no bairro. Às terças-feiras, elas entregam kits com dez pães e um litro de leite para 120 famílias que residem no local.
“O grupo que corre atrás é esse. Às vezes, vem uma ou outra pessoa, mas o que permanece mesmo é a gente”, afirmou Joanisa, a idealizadora do grupo.
O projeto inicial da “Terça Solidária” começou há três anos, quando Joanisa sonhou com a mãe, que também realizava o mesmo trabalho na cidade de Botucatu. “Ouvi ela falando: ‘Hoje é terça-feira’. Foi nesse momento que eu decidi fazer o mesmo em Tatuí”, disse a idealizadora.
Após o sonho, ela lembrou que o dia do Santo Antônio – comemorado em 13 de junho – seria numa terça-feira. Com isso, Joanisa postou a intenção de realizar a doação de pães e leite no Facebook. Logo, Cecília respondeu com a intenção de participar da atividade beneficente.
Com isso, as demais integrantes também conversaram com Cecília e Joanisa para integrarem o “Terça Solidária”. Inicialmente, o grupo chegou a entregar 850 pães e 85 litros de leite no jardim Perdizes. Mas, as doações diminuíram e não foi possível manter o projeto no local, devido à grande população carente, lembrou Joanisa.
Com o término da entrega no Perdizes, uma amiga de Joanisa havia informado sobre a vila Angélica. Assim, o grupo decidiu mudar o local das atividades, pois era “mais adequado ao número de doações”.
Atualmente, contou Cecília, são distribuídos 1.260 pães e 126 litros de leite na Angélica. A maioria das doações recebidas pelo grupo é conquistada por meio do Facebook.
“Aparece gente aqui que eu nunca vi. Esses dias mandaram um motoboy entregar uma doação. Acredito que sejam as amizades dos meus amigos virtuais que viram nossas postagens”, contou.
As mulheres mantêm um sistema de cadastro para o controle das famílias beneficiadas com as doações. Para retirar o kit, é necessário apresentar uma carteirinha de identificação.
“Foi difícil para a gente cadastrar as pessoas. Organizamos porque apareceu muita gente para receber os pães e o leite. Se continuasse daquela forma, iríamos perder o controle da situação”, avaliou Cecília.
Ela disse que cada família anotou o nome e idade dos integrantes, além da indicação se a moradia da pessoa está no mesmo terreno dos parentes, para evitar que o benefício fosse entregue duas vezes na mesma residência.
Desta maneira, foi possível, inclusive, adequar o número de doações para cada família, disse Cecília. De acordo com ela, existem pessoas que podem levar dois kits.
“Como é possível doar dez pães para uma família com 17 membros?”, avaliou. “Hoje, a planilha contempla também a entrada de dinheiro”, contou.
A idealizadora do grupo, no entanto, afirma que não existem avaliações prévias para que as pessoas carentes recebam os benefícios. As mulheres apenas exigem que os beneficiados residam na região da vila Angélica.
Segundo Cecília, já houve reclamações sobre o fato de algumas meninas terem celulares “da moda”. Joanisa toma como exemplo Jesus Cristo, que “fez o bem e não olhou a quem”. “Se pudesse, você acha que iriam ficar mendigando pães?”, questiona.
Cecília mencionou, também, que não é possível saber como as pessoas adquirem os bens de consumo, como televisão, celular, entre outros. “Sobre as meninas, não temos ideia se elas ganharam ou se tiveram que fazer duas ou três faxinas para juntar dinheiro e comprar o celular”.
Um dos objetivos atuais do grupo é tentar aumentar o número de doações para que o projeto consiga atender, além da vila Angélica, o Perdizes, no qual, segundo estimativa do grupo, moram pelo menos 200 famílias carentes. “Precisamos de gente ‘firme’, que nos ajude”, enfatizou Joanisa.
“O problema é que o número de doações varia muito. Por exemplo, tínhamos uma mulher fiel ao projeto, mas precisou deixar de colaborar porque o marido perdeu o emprego”, lembrou a idealizadora.
Cecília, contudo, afirmou que as pessoas interessadas em participar das ações, ou fazer doações, podem entrar em contato com as administradoras do grupo “Terça Solidária” pelo Facebook, ou entregar o dinheiro, pães ou leite na loja Info Help, localizada na rua 7 de Setembro.
“Vai do coração de cada pessoa. Pedimos que a pessoa doe pelo menos R$ 5, valor de um kit. Mas, tem gente que doa até R$ 100 ou mais”.