A coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Tatuí, Elis Diniz, confirmou que um macaco morto foi localizado, em fevereiro deste ano, na zona rural da cidade.
O animal foi recolhido e enviado para análise no Instituto Adolfo Lutz, em Sorocaba, e, posteriormente, para a unidade do instituto em São Paulo. O resultado foi negativo para a febre amarela como causa da morte.
A O Progresso, a coordenadora ressaltou que 90% dos tatuianos já estão imunizadas contra a doença. Até o momento, mais de 11 mil doses da vacina foram aplicadas na população junto aos postos de saúde.
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido pelos mosquitos vetores infectados, não havendo transmissão direta de pessoa a pessoa.
A doença tem importância epidemiológica pela gravidade clínica e potencial de disseminação em áreas urbanas infestadas pelo mosquito Aedes aegypti.
Os casos graves podem causar doenças cardíacas, hepáticas e renais fatais. Não existe tratamento específico para a doença. Os esforços se concentram no controle de sintomas e na limitação das complicações.
Para a coordenadora, é importante destacar que a campanha nacional conseguiu atingir grande parte da população tatuiana e que a cidade não corre risco de surto da doença.
“A importância é que nós somos uma área de recomendação vacinal. Para que a gente não tenha um surto ou um caso positivo, o que protege é a vacina. A população estando imunizada, nós temos uma probabilidade muito maior de não ter um caso positivo, mesmo que se ache um primata com positividade”, revelou.
Elis também falou sobre o trabalho realizado em parceria com a Vigilância Sanitária, quando o macaco foi encontrado morto na zona rural da cidade. Todas as medidas foram tomadas a fim de descobrir se o animal havia morrido em consequência da doença.
“Em fevereiro deste ano, foi localizado na zona rural e os testes foram negativos, o animal não morreu pela febre amarela. Os exames foram realizados e feitos todos os procedimentos”.
“Não é igual à dengue, onde se faz a nebulização. É só mesmo a parte da coleta do animal, que foi feito em parceria com a Vigilância Sanitária”, informou.
O último balanço divulgado pelo órgão, em 4 de abril, aponta que 11.265 doses foram aplicadas nas salas de vacinação dos postos de saúde durante o ano.
Elis explica que as pessoas que tomaram a vacina estão imunizadas pelo resto da vida e que, pelo menos, 60% tomaram a vacina mais de uma vez.
“Nossa dose é completa. No município de Tatuí, nós não temos a dose fracionada. Uma dose apenas é o suficiente para que estejam imunizadas para sempre”, garantiu.
“Muitas pessoas tomaram a vacina mais de uma vez, são aquelas que perdem a carteirinha, ou o comprovante. Temos um problema muito sério com isso”, pontuou.
A vacina não tem qualquer tipo de contraindicação aos indivíduos com menos de 60 anos, desde que estejam com saúde, não tenham nenhuma patologia ou doença de base.
“As pessoas com 60 anos ou mais a gente pede que tenham uma conduta médica. Por conta que, às vezes, tem uma diabetes ou pressão alta, já tenha alguma doença de base que, de repente, não é recomendado que seja feita a vacina”, informou.
A febre amarela tem dois diferentes ciclos epidemiológicos de transmissão: o silvestre e o urbano. Mas, a doença tem as mesmas características sob o ponto de vista etiológico, clínico, imunológico e fisiopatológico.
No ciclo silvestre, os macacos são os principais hospedeiros e amplificadores. No ciclo urbano, o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica, sendo que a transmissão ocorre a partir de vetores urbanos infectados, como o mosquito Aedes aegypti.
A fim de continuar em alerta contra qualquer novo caso suspeito, a Vigilância Epidemiológica mantém contato permanente com hospitais, clínicas e postos de saúde.
“Estamos sempre interligados com a Santa Casa, Pronto-Socorro, Unimed e as UBSs (unidades básicas de saúde). Tudo o que é suspeito é comunicado imediatamente à Vigilância”, revelou a coordenadora.
Durante o ano de 2018, a VE de Tatuí encaminhou cinco casos suspeitos para testes em laboratório. Até o momento, somente um aguarda pelo resultado; os outros foram diagnosticados como negativos. Elis explica que nem todos os casos suspeitos foram de pessoas que moram na cidade.
“Em dois casos que foram notificados aqui, eu fiz o fluxo de retorno para a cidade de origem. O que estou aguardando o resultado também não é da cidade, e sim de Cesário Lange”, contou.
O paciente veio em um consultório na cidade, houve suspeita e o caso seguiu para a Vigilância. De Tatuí, não há nenhum exame em andamento. “O que estamos aguardando é porque fizemos a notificação e o resultado vai chegar para nós”, explicou.
Mesmo sem nenhum caso da doença, a coordenadora sustenta ser preciso ficar atento aos sintomas e destaca a importância da vacina para proteger a comunidade.
“A maior orientação que a gente sempre passa é que todos devem estar imunizados, atentos aos sintomas, e que procurem uma unidade básica mais próxima ou o Pronto-Socorro”.
Na maioria dos casos, os primeiros sintomas a aparecer são a febre, dores no corpo e a icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos).
Ainda fazem parte dos sintomas: calafrios, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, fadiga, fraqueza e hemorragia. Cerca de 20 a 50% das pessoas que desenvolvem a doença grave podem morrer.
A coordenadora informou que, no início do ano, houve aumento na procura pela vacina nos postos de saúde. A falta de informação e o pânico em não estar imunizado foram os principais fatores desse aumento, segundo ela.
“As pessoas têm a informação de municípios vizinhos e acham que o que está acontecendo é por aqui. Eles não têm essa diferenciação. Não que não se precise vacinar. Nós precisamos fazer a vacina, mas não há uma emergência para a vacinação”, argumentou.
“Já temos a vacina no calendário vacinal. Temos a recomendação vacinal, do Ministério da Saúde, desde 2009, e subentende-se que a população é para estar vacinada desde esse período. Não está imunizado quem não quer ou quem tem uma patologia que não tenha autorização para tomar”, finalizou.
Na quarta-feira, 4, o Ministério da Saúde divulgou que o Brasil tinha 1.127 casos confirmados da doença, com 328 mortes. Os dados correspondem de junho do ano passado até essa data. No mesmo período do ano passado, o país registrou 691 casos e 220 mortes.
Locais que têm matas e rios, onde o vírus e seus hospedeiros e vetores ocorrem naturalmente, são considerados como áreas de risco. No Brasil, no entanto, a vacinação é recomendada para as pessoas a partir de nove meses de idade.