Ex-secretário afirma ter sido perseguido e alvo de ação judicial





Cristiano Mota

Barusso ficou dez meses no posto

 

“Alguns dos nobres vereadores, no início da minha gestão, me criticaram, e chegaram até dizer que não ficariam satisfeitos enquanto não me tirassem da secretaria. Não houve necessidade, pois, conscientemente, estou me afastando por livre e espontânea vontade”.

A declaração acima integrou o discurso de despedida de José Luiz Barusso à frente da Secretaria Municipal da Saúde, em cerimônia realizada na manhã de segunda-feira, 11. Na ocasião, o médico anestesiologista revelou ter sido perseguido por parlamentares da Câmara Municipal e alvo de processo.

Barusso usou o microfone para fazer uma espécie de desabafo. O ex-secretário afirmou que acreditava que os vereadores “desconheciam as dificuldades enfrentadas pela atual administração”. De acordo com ele, o Executivo registrou “falta de recursos e desabastecimento em função de dívida herdada”.

“Sempre pedimos paciência e resolvemos problemas, senão todos, a grande maioria deles, pois temos que considerar que, para gerar um ser humano, demora nove meses. A minha gestação durou um mês a mais, mas para se desenvolver um trabalho e formar uma estrutura, são necessários anos”, argumentou.

Barusso também disse que o prefeito tem, pela frente, mais três anos de governo. Garantiu, ainda, que “ao final do tempo” (do mandato), a população vai verificar que Manu fez “a melhor administração que Tatuí viu”.

O ex-secretário relatou, ainda, que chegou a ser denunciado junto ao MP (Ministério Público) pela acusação de acúmulo ilegal de cargo – ele também atua como médico anestesiologista. Entretanto, Barusso afirmou que “permaneceu tranquilo” e rebateu a queixa apresentada junto ao Judiciário.

“Nunca, na minha vida pessoal, tentei tirar proveito de um cargo que ocupei, ou ocuparei. Talvez, essa pessoa que me denunciou estivesse incomodada com o secretário que trabalhou nunca menos de 12 horas diárias”, disse.

O ex-secretário afirmou, por fim, que recebeu apoio integral do prefeito, conseguiu apresentar a defesa “com tranquilidade” e teve a denúncia arquivada.

Em entrevista a O Progresso, ele disse que deixou o cargo sem conseguir concretizar “muitas coisas”. Relatou que a experiência permitiu outra visão sobre o funcionamento da área da Saúde.

“Eu trabalhei na iniciativa privada (Unimed), na qual a resolução dos problemas é muito mais rápida. No serviço público, dependemos de verba, de aprovação da Câmara, dotação orçamentária. Então, você idealiza algo para seis meses, tem tudo na cabeça, mas na realidade não é isso que acontece”, disse.

Barusso defendeu a elaboração de uma espécie de “Plano Diretor” para a Saúde. Citou que, se houver programação, a área pode registrar significativos avanços.

O médico classificou o período como secretário como um exercício e um desgaste. “Foi um exercício muito valioso, mas desgastante, porque eu não consegui me desvencilhar da minha outra parte, que é a anestesiologia”, alegou.

Apesar dos momentos difíceis, Barusso disse que contou com apoio de uma equipe “muito boa”. Também agradeceu a colaboração dos demais secretários e de órgãos públicos. “Em tudo que nós precisamos, tivemos apoio”, encerrou.