O octacampeão do Rally dos Sertões, Edu Piano, disse ter ficado muito apreensivo com a participação do filho, Nathan Domingues, na prova em Barra Bonita. Experiente, Piano revelou que chegou a perder a concentração em vários momentos da disputa, por estar preocupado com o jovem.
“Era para eu ter ganhado sossegado essa prova”, iniciou. “Fiquei em quarto, um minuto atrás do líder, o que é muito pouco para essa disputa”, adicionou.
Além dos obstáculos do circuito, Piano precisou vencer a tensão. “Nunca dei tanta ré na minha vida. Chegou uma hora em que eu parei de dar ré e comecei a cortar caminho por dentro de canaviais, e pensava neles (os estreantes)”, disse.
O piloto argumenta que precisou lidar com mais situações de estresse por ter o filho participando da disputa. Em particular, quando cruzava com trechos perigosos. “Eu já pensava: aqui, eles vão errar. Vão capotar”, exemplificou.
Mesmo os ritmos de prova sendo diferentes (mais rápido na UVT Pró-Elite e mais devagar na UTV Start), Piano argumentou ter sido afetado pela preocupação.
Tanto que deu ré por mais de 20 vezes. Em cada uma delas, o tempo perdido foi, em média, de 15 segundos. “Até desacelerar, frear e voltar, perde-se tempo. E eu estava preocupado com o Nathan e com o Bruno”.
O receio de Piano era de que os jovens fizessem parte da uma estatística nada animadora. De acordo com ele, cerca de 90% dos pilotos em estreia não conseguem completar a prova. Eles capotam, batem os carros ou os veículos quebram.
“Eu já perdi as contas de quantas vezes capotei, bati. Acontece, e não só comigo. Basta ver que, das 36 pessoas que disputaram, umas dez não terminaram”, citou.
Para ele, o fato de os jovens terem não só cumprido o percurso, mas saírem com os veículos ilesos é positivo. “Foi uma surpresa, porque eu, mais do que ninguém, sei o quanto uma prova dessas é difícil e complicada”, encerrou.