Engajada na causa da saúde desde 2009, a empresária Rita Corradi Azevedo iniciou, neste mês, ação de doação contínua de sangue para pacientes de Tatuí. No dia 8, ela começou a organizar caravanas com saídas do Cemem (Centro Municipal de Especialidades Médicas) “Dr. Jamil Sallum”.
As viagens são realizadas com o objetivo de auxiliar hemonúcleos e hospitais que atendem pacientes de Tatuí e necessitam de sangue. Rita atua como uma espécie de “ponte” entre as instituições e os doadores, objetivando permitir que os tatuianos consigam realizar os tratamentos com sucesso e sem interrupções.
Instituições como o Gpaci (Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil), do Hospital do Câncer Infantil “Sara Rolim Caracante”, de Sorocaba, passarão a receber bolsas de sangue doadas por grupos organizados na cidade.
A entidade sorocabana foi a primeira a dar boas-vindas aos primeiros voluntários. Os colaboradores realizaram doação no dia 8. As demais acontecerão no decorrer do ano e sem prazo para terminar. Convocados por meio de rede social, pela página da campanha “Doe Sangue Tatuí”, no Facebook (www.facebook.com/doe.sanguetatui), eles viajaram em uma van cedida.
O veículo será utilizado para transportar os doadores uma vez por semana. As viagens acontecerão todo sábado, com saídas a partir das 6h.
“Estamos com 84 crianças de Tatuí em tratamento no Gpaci, e o hospital está com falta de sangue. Nós lotamos uma van, porque sempre sobra doadores e, a partir daí, verifico qual é a entidade que está precisando para poder ajudar”, informou Rita.
A empresária explicou que as viagens acontecerão sempre quando duas situações ocorrerem. A primeira é a necessidades de sangue dos hospitais; a segunda, a disponibilidade de voluntários para colabora.
Além de Sorocaba, a meta da empresária é enviar grupos de pessoas para doar em São Paulo. O motivo é que, conforme Rita, muitas pessoas de Tatuí fazem tratamento na capital e estão sendo atendidas em espaços que registram falta de tipos específicos de sangue.
“Bastante gente está precisando, e faremos isto até nossa cidade começar a atender à demanda”, destacou.
Tatuí não dispõe, até o momento, de espaço apropriado para captação e armazenamento de sangue. O Banco de Sangue “Fortunato Minghini” deixou de realizar coleta em 2015, por problemas de manutenção dos equipamentos.
A entidade recebeu, em junho, novos aparelhos, doados a partir de recursos enviados a Tatuí pelo Lions Internacional. O repasse foi viabilizado por meio do Lions Clube de Tatuí, em parceria com a Prefeitura e a Santa Casa de Misericórdia.
No momento, o banco de sangue prepara o treinamento da equipe de trabalho para o manuseio dos novos equipamentos, visando retomar as atividades.
Até que isso aconteça, Rita antecipou que continuará a mobilizar a rede de amigos para permitir que os pacientes de Tatuí não sofram interrupções nos tratamentos por eventual baixa no estoque de sangue dos hospitais em que estão internados.
Em Sorocaba, as crianças são atendidas por vários especialistas. “A maioria delas tem leucemia, que é uma doença que vai exigir transfusões ao longo do tratamento. Por isto, todos os sábados um grupo de pessoas será convidado a doar”.
Podem contribuir com a campanha pessoas de todos os tipos sanguíneos. “Sangue é sangue, não importa qual é o tipo. Infelizmente, não tem o que substitua o sangue. E com o sangue de uma pessoa que nós conseguimos como doadora, podemos salvar até quatro vidas”, complementou.
A campanha permanente teve início em paralelo à doação realizada para atender ao Hemonúcleo Regional do HAC (Hospital “Amaral Carvalho”), da cidade de Jaú. Na ocasião, cem pessoas doaram sangue e houve distribuição de 150 senhas para cadastramento de potenciais doadores de medula óssea.
O evento é o quinto realizado no centro de especialidades e o segundo do ano a atender Jaú. Mais duas edições estão programadas ainda para 2017. Elas acontecerão em setembro e novembro, conforme agendado com o “Amaral Carvalho”.
“Para colaborar com qualquer uma das ações, a pessoa precisa ter boa vontade. Para fazer parte do grupo, é preciso acordar às 6h e estar aqui, no calor ou no frio, e, às vezes, em dias da semana, quando fizermos as campanhas”, comentou.
Rita promove ações em Tatuí há oito anos, a partir de uma experiência pessoal. Apesar de o pai dela ter necessitado de sangue, a empresária contou que não começou as campanhas para atendê-lo.
“Todo mundo fala que é por isso, mas não. Eu faço porque fui até Jaú e encontrei muitas pessoas conhecidas de Tatuí e Cerquilho que precisavam de ajuda”, recordou.
Tocada pela situação, Rita resolveu juntar um grupo de amigos para levar os doadores até Jaú. “No caso do meu pai, ele foi socorrido pelos meus amigos mais próximos e familiares, mas muita gente não tinha condições de levar parentes. Então, eu percebi que poderia fazer a diferença”, esclareceu.
Notando a dificuldade que muitas pessoas tinham em viajar para Jaú, mesmo com a disponibilidade em doar, Rita contou que resolvera mudar a estratégia de colaboração. “Por isso, comecei a trazer a campanha para cá”, adicionou.
Em parceria com o hemonúcleo e colaboração da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, a empresária deu início às campanhas anuais. Com o tempo, o número de voluntários aumentou e o grupo organizado por ela já conta com 20 pessoas. Todas trabalhando gratuitamente.
Na região, ela também coordena voluntários em Cerquilho, que participam de duas campanhas por ano. Rita ainda supervisiona os trabalhos dos profissionais da Saúde, desde que concluiu curso de auxiliar em enfermagem. “Fiz o curso para poder ajudar mais ainda a campanha”, enfatizou.