Dupla de Tatuí­ vai í  Paralimpí­ada contemplada por meio de instituto





Sérgio Ricardo Cavalcanti Orsi e Silvio Aparecido de Campos estiveram nas Paralimpíadas na cidade do Rio de Janeiro neste mês. Professor e assistido da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Tatuí, eles foram contemplados com premiação cedida por meio do Instituto Nissan.

A entidade apaeana do município inscreveu os dois para um edital aberto pela organização. Venceu o certame que contemplou, ainda, outras 54 organizações em nível de Brasil que atendem pessoas com necessidades especiais com o mesmo brinde: hospedagem em hotel e ingressos para os Jogos Paralímpicos.

Orsi é professor de educação física na Apae há 20 anos e acompanhou, pela primeira vez, uma competição de nível internacional. “Geralmente, nós temos as olimpíadas estaduais das Apaes, da qual participávamos, mas nunca estivemos num evento desse”, contou ele, inscrito como tutor pela instituição local.

Por três anos seguidos, o profissional acompanhou assistidos da Apae em competições estaduais. Campos esteve entre um dos atletas. Há 32 anos na entidade tatuiana, ele participa de atividades desportivas. São exercícios direcionados para melhorar a qualidade de vida que variam conforme o tipo de deficiência.

Atualmente, Campos é um dos alunos frequentes do Centro de Convivência da Apae. Ele deixou o serviço educacional e, no momento, frequenta atividades direcionadas pela assistência social. Mesmo assim, continua com o trabalho desportivo. “Eles participam de tudo que podemos oferecer”, disse o professor.

Inscrito como tutor, Orsi e Campos tiveram os nomes aprovados a partir de consenso entre as equipes da Apae. A entidade concorreu na modalidade edital, uma das três abertas pelo instituto para o processo de premiação visando às Paralimpíadas.

Conforme explicou a gerente de projetos da instituição local, Rita de Cássia Leme Santos, o instituto recebeu inscrições de empresas que já trabalharam com o grupo ou indicadas pelas concessionárias que comercializam veículos da marca.

Apesar de simples, o processo envolveu inscrição. A indicação de participação partiu do Prosas, uma plataforma de seleção e monitoramento de projetos sociais da qual Rita participa como membro. “Todos os editais abertos em nível nacional e internacional são comunicados por lá”, comentou.

A instituição enviou resposta selecionada a uma pergunta. Os profissionais da Apae precisam dizer por qual razão achavam que Orsi e Campos seriam merecedores da premiação (a viagem ao Rio de Janeiro para acompanhar a competição).

Um pouco antes disso, a instituição precisou avaliar quem seriam os melhores indicados. Dois nomes de alunos foram cogitados para participar do concurso, sendo um deles indicado pelo Centro de Convivência e outro pelo setor de educação. A segunda inscrição foi descartada, uma vez que o aluno é menor de idade e tem restrição de mobilidade. O jovem é cadeirante.

Como haveria complicação no transporte, uma vez que a viagem para o Rio de Janeiro se deu de ônibus, as profissionais da instituição decidiram enviar apenas o assistido. Entretanto, precisavam de um educador para acompanhá-lo. Foi então, que indicaram o professor como tutor do atendido.

Professor e assistido estiveram no Rio de Janeiro entre os dias 13 e 15, terça e quinta-feira. Eles seguiram roteiro estabelecido pelo Instituto Nissan, com início já no dia 13. Os dois deixaram Tatuí às 23h de segunda-feira, 12.

Eles viajaram de ônibus, com apoio de um doador anônimo que cedeu as passagens de ida e volta para o Rio de Janeiro. O trajeto dura, em média, sete horas. Orsi e Campos desembarcaram na rodoviária Novo Rio, às 7h de terça. Lá, pegaram um translado para ir a um hotel situado perto da praia de Copacabana.

O primeiro compromisso dos dois aconteceu já no dia 13. Às 14h, eles participaram de um encontro com os membros das demais instituições selecionadas. Na ocasião, receberam um “kit de boas-vindas” composto por camisetas e pelos respectivos ingressos para acompanhar os jogos, já a partir das 15h.

“Do ponto de vista esportivo e social, ir à Paralimpíada é muito importante”, iniciou o professor. Orsi disse que, para a instituição, a visita permite mais conhecimento a respeito de cada uma das modalidades paralímpicas. “É a nossa chance de vermos o que se faz com relação à mobilidade. Também de vivenciar o esporte, o que é fantástico”, argumentou.

Por outro lado, a premiação pode abrir as portas para a instituição a novas parcerias. Segundo o professor, com a projeção em função do feito (a premiação) e a experiência possibilitada pela participação como espectador, novos projetos podem ser realizados pela Apae e a comunidade visando o esporte.

“Seria uma forma de quem está de fora ter uma chance de estar desenvolvendo algo em conjunto conosco, nem que não seja ligado ao desenvolvimento de novos atletas, mas a melhoria de vida dos assistidos”, disse Orsi.

A dupla que voltou na sexta-feira, 16, trouxe na bagagem mais que fotos de registros de participação. O professor de educação física, por exemplo, está cheio de ideias.

Evolução

Considerado inclusiva, a prática esportiva é estimulada pela Apae por conta de sua contribuição para o quadro dos assistidos. Orsi explicou que os trabalhos nesse sentido são desenvolvidos de acordo com as necessidades de cada pessoa.

“A prática contribui para a evolução do assistido. Ajuda na parte física, que é a qual nós privilegiamos, e na melhoria de qualidade de vida do aluno”, descreveu.

Por meio de exercícios direcionados, os profissionais focam no avanço da coordenação motora, equilíbrio, mobilidade, postura e até mesmo higiene dos atendidos. “Nosso objetivo não é a competitividade, mas a saúde”, disse Orsi.

O professor contou que todos os alunos realizam atividades dentro de suas respectivas limitações. Elas incluem natação, hidroginástica, futsal, basquetebol e handebol. A prática das modalidades acontece no ginásio da instituição.