Docentes locais vão a SP para audiência





Divulgação Apeoesp

Professores se reuniram em São Paulo na quinta-feira da semana passada para votar continuidade da greve

 

Amanhã, professores de Tatuí que aderiram à greve da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Fundamental do Estado de São Paulo) estarão em São Paulo para mais um compromisso em prol do movimento grevista. Os educadores que paralisaram no dia 24 de março acompanharão audiência de conciliação entre a entidade classista e o governo do Estado de São Paulo.

“Nós já conseguimos com o sindicato o transporte para acompanharmos o resultado. Queremos ir para lá, para esperar para ver de perto o que vai acontecer”, adiantou a professora de português e inglês, Raquel Aparecida Vivi Convento.

A audiência está marcada para as 15h de amanhã, quinta-feira, 7, e é resultado de pedido de dissídio apresentado pelo sindicato junto ao TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo. Na semana passada, a Apeoesp ajuizou ação sob alegação de que o “governo não apresentou qualquer proposta” à categoria.

Em nota divulgada à imprensa no início desta semana, o sindicato informou que o Tribunal atendeu a solicitação da categoria. Para a audiência, convocou a Secretaria de Estado da Educação para que apresente suas posições em juízo.

A presidente da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, antecipou que o sindicato vai reafirmar as reivindicações. Os professores pedem a adoção de uma série de medidas. Entre elas, fim do fechamento de classes e reabertura de salas; desmembramento de salas superlotadas; aumento de vales transporte e refeição; transformação de bônus em reajuste anual; nova contratação de professores temporários com garantia de direitos e sem “duzentena”.

Eles exigem, também, implantação da jornada do piso e o aumento de 75,33% no salário. Conforme os professores de Tatuí, o percentual solicitado pela Apeoesp não se refere a reajuste, como teria sido divulgado pela imprensa nacional. Segundo Raquel, a entidade está brigando para que haja equiparação salarial com as demais categorias com formação de nível superior.

Desde o início da greve, os professores do município estão participando de assembleias. A categoria se reúne todas as sextas-feiras no Vão Livre do Masp (Museu de Artes de São Paulo) para discutir a continuidade do movimento.

Nesta semana, uma nova reunião está agendada e deve contar com participação de professores do município. Eles atuam nas escolas estaduais “José Celso de Mello”, “Lienette Avalone Ribeiro”, “Semíramis Turelli Azevedo” e “Chico Pereira”. Até o momento, mais de 40 educadores locais estão em greve.

Na tarde de segunda-feira, 4, Raquel informou que o número pode aumentar. “Hoje, mais uma professora aderiu ao movimento. Ela me procurou porque queria o papel para protocolar na escola avisando da greve”, disse.

Segundo a professora, o número total de educadores em paralisação na cidade varia por causa das comunicações. O docente que quiser entrar em greve tem de se reportar à Apeoesp. Só depois disso, o sindicado dá ciência às lideranças locais.

Outro fator que também impacta na adesão dos professores locais é o procedimento. Raquel explicou que os professores precisam protocolar documento informando que aderiram à greve. O problema é que muitos não sabem onde podem encontrá-lo, já que eles têm de ser fornecidos nas instituições.

Dos professores em greve, pelo menos metade deles tem participado das assembleias da Apeoesp. Na última, promovida no dia 30 de abril (uma quinta-feira, por conta do feriado nacional de 1o de maio – Dia do Trabalhador), 20 viajaram a São Paulo. Eles foram transportados em uma “van” e um carro.

“Nós poderíamos pedir um micro-ônibus para o sindicato, mas, em princípio, não tínhamos um número de pessoas suficiente para tanto. Acontece que de última hora surgiu mais gente e nós nos dividimos”, explicou Raquel.

Na semana passada, o sindicato aprovou a manutenção da paralisação sob a alegação de que não recebeu nenhuma contraproposta do governo. A entidade classista informou que reuniu 50 mil professores e que fará, no próximo dia 13, reunião com o secretário da Educação, Herman Jacobus Cornelis Voorwald.

Durante a assembleia, a categoria também votou pela continuação do acampamento montado por professores na Praça da República. Na ocasião, agendou para as 13h30 de amanhã um ato de protesto na Praça da Sé em prol dos professores em greve “atacados pelo governo e por meios de comunicação”.

No dia 1º de maio, 50 pessoas participaram de manifestação realizada na Praça da Sé. O ato convocado por professores paulistas, por meio das redes sociais, aconteceu em apoio às greves dos professores de São Paulo e do Paraná. Também há paralisação de professores nos estados do Pará e Pernambuco.

Dois dias antes, na quarta-feira, 29 de abril, docentes em greve interditaram duas rodovias no interior, sendo uma em Campinas (Jornalista Francisco Aguirre Proença – SP-101) e outra em Marília (Transbrasiliana – BR-153), nos dois sentidos.

Em função disso, o governo de São Paulo entrou com pedido na Justiça, no dia seguinte, quinta-feira, 30, para que a Apeoesp seja multada em R$ 100 mil. O motivo é o descumprimento de liminar concedida no dia 22 em favor do Estado, que proibia os grevistas de obstruírem rodovias em São Paulo.