Dia Mundial da Água: o futuro requer mais

Francisco Carlos Oliver (Foto: Divulgação)
Francisco Carlos Oliver *

Cerca de 71% da superfície da Terra é coberta por água. Desse total, 2,5% são de água doce – a água que consumimos. Os outros 97,5% são constituídos por mares e oceanos do planeta, na forma de água salgada – ainda imprópria para consumo.

A Semana Internacional da Água traz uma reflexão sobre o bem natural mais precioso para nós, seres humanos, e para toda a espécie viva em todo o planeta Terra. Sem água, não haveria nenhuma condição habitável.

Devido ao processo de urbanização, expansão da indústria, agronegócio e economia, até 2030, o uso da água terá um crescimento de 24% sobre o volume atual, aponta o estudo Conjuntura dos Recursos Hídricos, de 2018, feito pela Agência Nacional de Águas (ANA).

O estudo ainda quantificou o uso da água por atividade, e constatou-se que no agronegócio utiliza-se o maior volume, sendo a irrigação 52% mais 8% para a criação de animais.

O abastecimento humano urbano representou 23,8%, acompanhado pela indústria (9,1%), usinas termoelétricas (3,8%), abastecimento rural (1,7%) e mineração (1,6%).

O Dia Mundial da Água foi criado em 1992 pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de incentivar seu consumo consciente.

De acordo com a entidade, cada pessoa necessita de 3,3 mil litros de água por mês – equivalente a 110 litros de água por dia para atender às necessidades de consumo e higiene. Porém, no Brasil, o consumo por pessoa pode chegar a mais de 200 litros/dia, sendo a maior parte gasta no banheiro – em banhos, descargas e torneira.

As campanhas para reduzir o desperdício visam atingir principalmente a população, conscientizando-os, assim, a tomar banhos mais curtos, fechar a torneira ao lavar a louça e ao escovar os dentes, e lavar o carro com balde ou mesmo a aderir a lavagem ecológica, entre outras.

Porém, as medidas se estendem, igualmente, ao âmbito corporativo, pois, dependendo do segmento de uma indústria, o consumo de água é enorme. Nesse sentido, destacam-se as empresas que estão inseridas no conceito de sustentabilidade, que visam, entre outras ações, o uso racional de água.

No entanto, só evitar o desperdício e se policiar quanto ao consumo desnecessário não é o bastante. Apesar dessas atitudes dependerem de cada um, ou seja, da população como um todo, as esferas governamentais devem contribuir (e muito) com medidas que aumentem o armazenamento de água, como obras de armazenamento das chuvas, transposições de rios, assim como programas de despoluição de águas e efluentes.

O tratamento de efluente industrial tem um papel fundamental na recuperação de águas impróprias para consumo. O procedimento consiste em tratar e adequar às normas e regulamentações vigentes para despejo em rios ou transformar em água de reuso para diversos fins.

Assim, esse processo pode ser feito de diversas formas, dependendo das características iniciais do efluente e dos requisitos desejados ao fim que se quer para ele.

Para tanto, todas as indústrias deveriam estar inseridas nesse contexto. A água de reuso para fins industriais é sustentável e confere à empresa maturidade ambiental. Tal contribuição é replicada não só para a organização em si, mas para todo o ecossistema. A escassez desse um bem primário para a população geraria conflitos incalculáveis. As ações para um consumo inteligente dessa riqueza visam garantir o abastecimento para as futuras gerações e a preservação do meio ambiente.

* Engenheiro e diretor técnico e comercial da Fluid Feeder.