Dermatite atópica

Dr. Jorge Sidnei Rodrigues da Costa *

Definição

É uma doença inflamatória crônica de pele, associada à coceira e não contagiosa. É uma das primeiras manifestações de doença alérgica na criança, fazendo parte da tríade alérgica: dermatite atópica – rinite alérgica – asma brônquica.

Atinge, normalmente, crianças lactentes jovens, em torno de um a dois anos de idade, e as lesões de coceira atingem principalmente as dobras dos braços, pescoço e dobras das pernas (fossa poplítea, ou seja, na flexura das pernas, atrás dos joelhos).

Pode espalhar pelo corpo todo, atingindo a face (normalmente ao redor dos olhos) e até os membros. A doença pode evoluir com períodos de melhora e piora, frequentemente associada à história pessoal ou familiar de atopia (asma e rinite alérgica). Afeta cerca de 10% a 15% das crianças.

Por que ocorre?

A etiologia é multifatorial, com interação de vários fatores. Há várias alterações no organismo que propiciam o desenvolvimento da dermatite atópica, como: genética (há interação entre os genes e fatores ambientais, havendo vários genes envolvidos, inclusive um gene relacionado com o defeito da barreira cutânea), imunologia (são os principais responsáveis pelo aumento da imunoglobulina E, dos eosinófilos e da desregulação dos linfócitos T), alterações da barreira cutânea (perda de água transepidérmica, pele seca, níveis baixos de ceramidas e dos níveis de sulfato de colesterol), alimentos (a incidência de alergia alimentar na dermatite atópica varia de 2 a 40%, nas diferentes estatísticas nos menores de quatro anos – ovos, leite, amendoim, soja, trigo, peixe e nozes) e outros (fatores aéreos e emocionais).

Quadro clínico

A dermatite atópica inicia-se geralmente no terceiro mês de vida. O sintoma sempre presente é o prurido (coceira) intenso. Evolui por surtos. Dividimos, didaticamente, em três fases:

  1. Fase infantil: do terceiro mês de vida aos dois anos de idade: lesões eczematosas localizadas nas regiões da “maçâ” do rosto e nas superfícies extensoras dos membros.
  2. Fase pré-puberal: dos dois aos 12 anos: lesões eczematosas e liquenificadas nas dobras dos braços e das pernas.
  3. Fases puberal e adulta: lesões eczematosas liquenificadas, disseminadas pelo corpo e na face (pálpebras).

Orientações gerais

  • Hidratantes:

Utilize opção sem perfume, próprio para pele seca se sensível, conforme indicado em sua consulta médica; aplique duas vezes ao dia, sendo uma delas após o banho; o hidratante deve ser utilizado mesmo quando a doença estiver sob controle.

  • Banho:

De preferência, uma vez ao dia; rápido (aproximadamente, cinco minutos), com água morna e sem utilizar esponjas e similares; use sabonete sem perfume ou corante, hipoalergênico, em pequena quantidade; use xampu suave e adequado para a idade para higienizar os cabelos; após o banho, seque a pele suavemente e aplique o hidratante receitado pelo seu médico, nos três primeiros minutos após secar o corpo com toalha macia.

  • Roupas:

Prefira roupas leves, confortáveis e de tecidos naturais, como algodão; evite roupas de tecidos potencialmente irritantes, como lã e tecidos sintéticos; para lavagem das roupas, utilize preferencialmente sabão neutro ou sabão de côco: evite o uso de amaciantes ou outros ingredientes.

  • Alimentação:

Não faça dietas restritivas ou alternativas, sem que haja orientação do seu médico ou da nutricionista; alimente-se e ingira líquidos de forma saudável.

  • Gerais:

Mantenha as unhas curtas e bem cuidadas; atenção com a higiene ambiental; não utilize medicações sem orientação e sem acompanhamento médicos (pediatras, dermatologistas e alergistas).

Lembrem-se:  quem sofre de dermatite atópica tem grandes chances de desenvolver rinite e asma mais tarde, por volta dos dois a três anos de idade. Fique alerta. Na dúvida, consulte seu pediatra, ou dermatologista ou alergologista.

Evolução:

Crônica, com frequentes episódios de recidivas.

Diagnóstico:

É clínico, não havendo necessidades de exames complementares.

Fontes: Dermatologia Pediátrica – Atlas. I. Lowy, Gabriela, páginas 43 e 44; Folheto público: Liberdade que se sente na pele, do Laboratório Libbs

* Médico especialista em pediatria pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e AMB (Associação Médica Brasileira) e diretor clínico do Cevac – Centro de Vacinação de Tatuí.