Da reportagem
Eleita com 981 votos, a vereadora Débora Camargo, do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), foi a terceira mais votada entre as mulheres no pleito de 2020 e a oitava na lista geral dos eleitos.
Ela assumiu no dia 1o de janeiro o primeiro mandato na Câmara Municipal e, em entrevista a O Progresso, falou sobre o resultado das eleições, os projetos que pretende apresentar ao longo da gestão 2021/2024 e como trabalhará.
Débora conta que resolveu participar das eleições por gostar da área social e ver na política uma “ferramenta que pode ser usada para transformar a vida das pessoas, principalmente na elaboração de políticas públicas para os menos favorecidos”.
Essa foi a terceira vez que a assistente social e voluntária disputou eleição como candidata a vereadora. Da primeira vez, em 2012, ela recebeu 530 votos e não conseguiu uma cadeira na Casa de Leis.
Em 2016, Débora reforçou a campanha e chegou a 783 votos. Contudo, também não foi eleita, por uma diferença de apenas cinco votos. Já em 2020, conquistou 25,28% votos a mais que no pleito anterior e conseguiu a eleição.
Débora disse ter feito uma campanha “simples”, mostrando aos eleitores os projetos que pretende apresentar nestes quatros anos. Para ela, o aumento no eleitorado deve-se a um reconhecimento pelo trabalho prestado no município como voluntária.
“Gosto de pessoas, gosto de trabalhar com pessoas e o público acabou percebendo isso. Sempre atuei pensando no bem do próximo em todas as ações que me propus a fazer. Então, acredito que os votos que tive foi um reconhecimento. Acho que construí a minha votação durante vários anos de trabalho”, declarou.
Ela é graduada em assistência social e atua como voluntária, desde a juventude, em campanhas e projetos sociais voltados a crianças, idosos, mulheres e pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Além disso, Débora foi coordenadora do Banco de Alimentos nos últimos dois anos. O programa, mantido pela prefeitura em parceria com o governo federal, visa evitar o desperdício de comida.
Por meio do programa, é feita a distribuição, a famílias carentes, de frutas, verduras, legumes, hortaliças e outros tipos de alimentos recebidos por meio de doações dos setores produtivos e comerciais do ramo alimentício.
“Ali me aperfeiçoei bastante na área social e no trabalho voluntário. Também faço parte de outro projeto, que ajudo com a doação de alimentos, e, de forma particular, ainda tenho várias cadeiras de rodas e camas hospitalares que empresto para as pessoas quando precisam”, acrescentou.
Ainda sobre o resultado do pleito, Débora disse ter ficado emocionada e surpresa por ser eleita com votos “acima do esperado”. Segundo ela, a votação ainda a ajudou a superar um “trauma” adquirido nas campanhas anteriores.
“Devido ao trabalho mais próximo com o público, eu ouvia muito: ‘Você já está eleita’. Mas, como eu já tinha perdido uma eleição por cinco votos, tinha trauma com isso. Só fiquei tranquila quando recebi um telefonema do presidente do meu partido, afirmando que eu estava eleita”, contou.
Durante a campanha, Débora diz ter sentido uma união maior entre as mulheres do partido. A sigla com maior representatividade no novo mandato é o PSDB, com cinco eleitos, sendo duas mulheres.
“Este ano percebi na campanha que as mulheres já estavam mais unidas. Antigamente, quem votava em mulheres eram os poucos homens, e nesta campanha vi que as mulheres fizeram a diferença neste sentido, e elas viram que precisam de mulheres para ser representadas no Legislativo”, comentou a parlamentar.
Para ela, o fato de o município ter elegido uma mulher para o Poder Executivo, em 2016 (a prefeita Maria José Vieira de Camargo), também influenciou o resultado do pleito de 2020, para a eleição de quatro mulheres em uma mesma legislatura na Casa de Leis. Da nova composição da Câmara, 23,52% são representados por mulheres.
“Acho que o fato de a prefeita ter feito um bom trabalho nos quatros anos também influenciou. As pessoas viram que as mulheres também têm força e podem representar bem a cidade, tanto na prefeitura como na Câmara Municipal”, ressaltou Débora.
Quanto aos projetos a serem apresentados durante a legislatura, a parlamentar destacou que pretende focar na assistência social às pessoas em situação de vulnerabilidade e na saúde física e mental das mulheres.
Uma das prioridades, segundo ela, é a criação de uma casa de apoio às mulheres que sofrem violência doméstica, com a intenção de abrigar e amparar as vítimas de agressões físicas e psicológicas.
“A violência física é grave, mas também temos que dar atenção à questão psicológica. Existem muitas mulheres vítimas de agressões verbais, e isso também traz muitos problemas, pois a pessoa acaba vivendo uma vida infeliz, com autoestima baixa, e não acredita nem em si mesma”, observa.
A vereadora conta ter uma experiência pessoal que a estimula a “lutar pelos direitos das mulheres”. “Saí de um relacionamento de 16 anos, cheguei ao fundo do poço, mas levantei-me, saí dessa e agora meu maior objetivo é dar muito apoio às mulheres”, completou.
Para isso, Débora disse pretender unir, na casa de apoio, o trabalho de uma equipe de saúde multidisciplinar, com psicólogos, terapeutas e outros profissionais que possam amparar as mulheres.
“Não quero trabalhar sozinha, quero movimentar todos os meus colegas na Câmara e, também, uma equipe para amparar essas pessoas e direcioná-las, dando oportunidade de elas se recuperarem emocionalmente”, enfatiza.
Outro projeto salientado pela vereadora é a criação da “Casa da Saúde da Mulher”, com especialistas voltados ao atendimento exclusivo do público feminino.
“É um sonho que tenho, mas tem que ser um projeto público. Por isso, pretendo ter apoio da prefeitura e buscar recursos na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) e em Brasília, na Câmara dos Deputados, para a aquisição de equipamentos e de toda a estrutura necessária”, afirma.
Além destes projetos, Débora aponta pretender buscar a implantação de uma OSC (organização da sociedade civil) para funcionar como uma central de voluntariado no município, oferecendo serviços gratuitos à população.
“Ali, vai ter atendimento psicológico, assistentes sociais e diversos outros profissionais trabalhando de forma voluntária. A mulher com a baixa autoestima, que nunca conseguiu fazer uma unha, vai ter ali uma manicure voluntária. Ali, também vamos disponibilizar cadeiras de rodas e outros equipamentos à população carente”, elencou.
A parlamentar ainda disse ter projetos para fortalecer a geração de empregos no município, visando incentivo fiscal para empresas e indústrias que contratarem jovens no primeiro emprego e pessoas acima dos 40 anos.
Segundo ela, a ideia é criar uma lei municipal de incentivo, como já existe para a contratação de pessoas com deficiência, conhecida como lei de cotas para PCD.
“Vejo muitas pessoas desempregadas acima dos 40 anos. São pessoas aptas para trabalhar, mas não têm oportunidade. Assim como também vejo jovens que nunca trabalharam e não conseguem emprego, pois a maioria das empresas exige experiência”, ressaltou.
Outra pauta elencada pela parlamentar é o planejamento familiar. Conforme a vereadora, o município precisa de campanhas de orientação e programas municipais de informação sobre o tema.
“Tem muitas mulheres que encontram dificuldade de fazer uma laqueadura ou do esposo fazer uma vasectomia e tendo cada vez mais filhos por conta desta dificuldade. Não adianta falar somente em preservativo, precisamos ter uma política pública voltada ao amparo das famílias”, apontou.
Para finalizar, Débora ressalta: “Se hoje cheguei aonde cheguei, foi por honra e glória de Deus. Passei por perseguições e lutas, mas consegui ser eleita, e prometo trabalhar com muita força, fé e amor pelo município”.