De onde vem nosso mal-estar?

Aqui, Ali, Acolá

José Ortiz de Camargo Neto *

Caros amigos,

De onde vem aquela angústia, aquela ansiedade, aquele mal estar indefinido, aquela fúria repentina, aquele sofrimento vago, que não conseguimos perceber a origem?

Como nos livrar desse sofrimento? Como alcançar a alegria e a felicidade, a paz de espírito? Creio que essa é a aspiração mais genuína de toda pessoa.

Nesse sentido, uma das coisas mais importantes e fundamentais para qualquer um de nós é perceber nossos sentimentos negativos, para não sermos engolfados por eles.

Nesta percepção inicial, Freud foi genial: aquilo que não queremos ver nos domina; infelizmente, ele reduziu seu campo de pesquisas apenas para a sexualidade.

E o “sentimento” oculto mais presente e invisível é a inveja, que Agostinho denominou “a mãe de todos os vícios” – ou seja, a fonte, a origem de todos os males que afetam nossa vida.

Mas que é a inveja? O leitor acha que é invejoso? Já sentiu inveja de alguém? Se perguntar a qualquer pessoa, dirá que não, que nunca sentiu inveja.

E, no entanto, é o antissentimento mais presente e destrutivo dentro de nós, considerado o próprio pecado original, que passou de pai para filho até hoje, e do qual ninguém escapa.

Uma incrível explicação para este fenômeno é esta a seguir:

Se existe algo que esteja tirando a felicidade, que geralmente se manifesta por uma sensação indefinida de mal estar, certamente é porque a pessoa está dentro do “sentimento” de inveja; e para compreender melhor toda a extensão desse mal-estar, é só comparar ao verdadeiro sentimento, que é o de gratidão, que significa gostar da vida e de tudo o que ela fornece” (1)

Pelo texto acima, percebe-se que inveja é sinônimo de ingratidão e mal estar, enquanto que felicidade advém do sentimento de ser grato por tudo que a vida nos deu e dá.

Por isso, o indivíduo invejoso é voraz; quer ter cada vez mais, porque, por mais que tenha, não consegue ser feliz, pois lhe falta gratidão; enquanto que a pessoa grata é sempre alegre, por pouco que tenha, pois sua felicidade não está no que possui, e sim no sentimento de gratidão e de amor por tudo que tem.

  1. KEPPE, Norberto. A Origem das Enfermidades Psíquicas, Orgânicas e Sociais. São Paulo, Proton Editora, 2.000. Capítulo: “A Inveja Esconde as Maiores Maravilhas da Vida”

Até breve