De forma “inédita”, Tatuí tem mais mortes que nascimentos

Fenômeno na cidade é reconhecido por oficial do Registro Civil

Da reportagem

A alta mortalidade do mês de abril deste ano no país, elevada pela pandemia de Covid-19, também refletiu em Tatuí. A cidade contabilizou mais óbitos que nascimentos, de acordo com dados divulgados pelo Portal da Transparência do Registro Civil.

Conforme estatísticas do órgão – administrado pela Arpen-Brasil (Associação Nacional dos registrados de Pessoas Naturais) -, consultadas na tarde desta sexta-feira, 14, do dia 1º ao dia 30 de abril, a cidade somou 206 mortes e 132 nascimentos, o que representa 25,24% mais óbitos.

O oficial Fernando Sueji Muta aponta que a taxa de mortalidade ser maior que a de natalidade é algo “inédito” na história da cidade, pelo menos desde 2007, quando ele assumiu o Cartório de Registro Civil.

“Com o passar dos anos, tenho percebido uma queda nos registros de certidões de nascimento, mas, que eu me lembre, o número nunca foi menor que o de certidões de óbitos. Abril foi um mês bastante atípico para o cartório”, declarou o oficial.

A base de dados é abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos (naturais e violentos) registrados nos Cartórios de Registro Civil do país. Os números ainda podem ser alterados, uma vez que o portal tem prazo legal de até 14 dias para lançar os registros de óbitos na plataforma.

Na tabela dos quatro primeiros meses deste ano, o saldo é de 2,44% mais mortes que nascimentos, com 544 óbitos (97 em janeiro, 88 em fevereiro, 153 em março e 206 em abril), para 531 nascidos (124 em janeiro, 121 em fevereiro, 154 em março e 132 em abril).

No mesmo período do ano passado, as certidões de nascimento ultrapassaram as de óbitos em 52,79%. O saldo mensal de nascimentos oscilava entre 40% e 60% a mais que o total de mortes declaradas.

Considerando somente as mortes de causas naturais, o crescimento foi de 252 óbitos no período de janeiro a abril, na comparação com 2020. Já em relação a 2019, o aumento é de 254 óbitos, o que representa crescimento de 92,36% nas mortes naturais no primeiro quadrimestre deste ano.

O portal ainda mostra que o número de mortos também foi superior ao de nascidos vivos em dois estados mais populosos da região Sudeste do país: São Paulo e Rio de Janeiro.

Em São Paulo, o registro é inédito. Desde o início da série histórica, em 2003, a diferença sempre foi positiva a favor dos nascimentos. Em abril deste ano, o estado registrou cerca de 3.000 óbitos (45.828) a mais que o número de nascidos vivos (43.111). Em abril de 2020, foram 21.068 nascimentos a mais que óbitos.

Também pela primeira vez, o decréscimo foi observado na cidade mais populosa do país. Ao todo, foram 12.706 óbitos e 12.196 nascimentos neste ano, enquanto, em abril de 2020, foram quase 4.000 nascimentos a mais que os óbitos.

O fenômeno não é novidade no Rio de Janeiro, que pela terceira vez registra maior número de óbitos desde o início da pandemia. O estado já havia superado essa marca em maio e dezembro de 2020. Em abril deste ano, foram cerca de 2.453 mortes a mais que os nascimentos.

Na capital do estado, a situação é ainda mais grave. Será o oitavo mês com mais falecimentos que nascidos desde que a pandemia teve início.

Embora o Sudeste apresente números inéditos de decréscimo populacional, o fato não se restringe à região. Também foi observada diferença positiva a favor do número de mortes nas capitais: Curitiba (PR), São Luís (MA), Porto Alegre (RS), Fortaleza (CE) e Recife (PE).

Entre os estados, o Rio Grande do Sul registrou pelo segundo mês seguido mais óbitos que nascimentos. A capital, Porto Alegre, teve o quarto mês consecutivo com mais mortes que nascimentos, com diferença de 766 óbitos.